Pelos países em que Madonna não vive, as notícias dos últimos dias são sobre como os seus filhos se têm apresentado como filhos de Madame X. Essa espécie de nova Madonna, feita no tempo que passou em Lisboa. Depois de uma polémica que envolvia um cavalo e o presidente da câmara de Sintra, apesar das notícias de há poucos meses de que Madonna se estaria a preparar para deixar Portugal e o seu palacete na Rua das Janelas Verdes, a verdade é que não só é Lisboa a cidade em que, depois dos Estados Unidos, começa a digressão europeia de apresentação do disco que lança no próximo mês, como é a sua alma o pano de fundo do cartaz de apresentação da tour Madame X.
E, por cá, o assunto tem sido outro: depois de as quatro datas marcadas para janeiro no Coliseu de Lisboa terem, sem surpresa, esgotado em 30 minutos na última sexta-feira, foram anunciadas duas atuações extra para a sala do número 96 das Portas de Santo Antão, em Lisboa: a 22 e 23 de janeiro. Tal como na semana passada, os bilhetes serão colocados à venda às 10h desta sexta-feira, 31 de maio, no site da Everything is New, a promotora do espetáculo, no Coliseu dos Recreios, na FNAC, no El Corte Inglés, na Worten, nos CTT e na Agência ABEP. Para os que não quiserem privar-se da oportunidade de ver Madonna numa sala de dimensões em que nunca antes havia atuado em Portugal, os preços mantêm-se: entre 75 euros (galeria) e 400 (cadeiras de orquestra).
Oportunidade a multiplicar por seis. Contas a que obrigou a decisão de levar para esta digressão a experiência intimista que conheceu nas casas de fado e nas ruas apertadas que ajudam a fazer o modo de viver de Lisboa. Intimista não significará menos acessível aqui: se em Lisboa é com seis datas que a rainha da pop inaugura a digressão europeia de 2020, o mesmo número de vezes atuará Madonna na capital britânica, também sempre numa única sala: o London Palladium. Para o Grand Rex de Paris estão, por ora, marcadas cinco datas. Mas, antes disso, ainda este ano, na apresentação de Madame X pelos Estados Unidos, o conceito de multiplicação ganha toda uma outra dimensão: só na BAM Howard Gilman Opera House de Nova Iorque serão 12 as atuações, algumas delas em dias seguidos, entre 12 de setembro e 1 de outubro. O Chicago Theatre receberá Madonna quatro vezes e o Wiltern de Los Angeles nove, entre 12 e 25 de novembro.
Só assim seria possível cumprir o desígnio de se apresentar em digressão com uma série de concertos intimistas, num momento que Arthur Fogel, seu promotor de longa data e presidente da Global Touring e CEO da Global Music, descreveu como “a grande oportunidade para os fãs verem Madonna nestas incríveis e especiais salas”. É que, de acordo com a Billboard, continua a ser ela, Madonna Louise Veronica Ciccone, a maior cantora – contando com cantoras e cantores – de todos os tempos.
Com 75 milhões de discos vendidos só nos Estados Unidos, mais 200 milhões por todo o mundo. “Tem aquela coisa que não se explica – a coisa que faz de alguém uma estrela”, escreveu Britney Spears sobre a artista para a Rolling Stone. A juntar a isto, é também considerada a artista a solo com maior sucesso de vendas em digressão. Segundo a Everything is New, é seu o recorde de bilheteira de numa artista feminina em digressão, com a Sticky & Sweet Tour, de 2008 e 2009, que alcançou os 408 milhões de dólares (365 milhões de euros) em receitas de bilheteira.
Madame X, do qual até agora foram já lançados quatro singles e no qual se percebem a influência da vida em Lisboa nos últimos anos é lançado a 14 de junho com 15 faixas de celebração do “longo romance de Madonna com a música e cultura latinas”. “Lisboa é onde o meu disco nasceu”, escreveu Madonna na nota com que o anunciou. “Encontrei lá a minha tribo e um mundo mágico de músicos incríveis que reforçaram a minha crença de que as músicas à volta do mundo estão todas ligadas e são a alma do universo.”
Dos cinco temas que serão revelados até ao lançamento do disco, conhecem-se já Crave, a contar com a participação de Swae Lee e produção de Mike Dean, a balada I Rise, Medellin e Future, revelado na passada sexta-feira, inspirado nos salões de dança jamaicanos, com a participação de Quavo. A 7 de junho ficará a conhecer-se Dark Ballet, o último dos singles de um disco que contará com uma versão de Faz Gostoso, da cantora portuguesa Blaya, interpretada em português por Madonna com a brasileira Anitta, que já a tinha interpretado na última edição do Rock in Rio Lisboa.
Enquanto o disco não chega, resta aos fãs que não conseguiram ainda bilhetes esperar por melhor sorte na próxima sexta-feira. Ou isso, ou regressar às palavras de Britney Spears para a Rolling Stone: “Quando ela entra, é impossível não reparar. Está tão confortável com ela, e não tem medo de viver a vida ao máximo, de dizer o que sente sem se importar com o que os outros pensam. Há algo de infantil nisso, é uma coisa linda, maravilhosa.” Mas, em factos, aos seus olhos, Madonna é o quê? “É a primeira estrela pop a controlar todos os aspetos da sua carreira e a assumir a responsabilidade da criação da sua imagem, independentemente da reprovação que possa ter. Ela provou que pode fazer várias coisas – música, cinema e ser uma mãe, também. A sua música tornou-se icónica. Músicas como Holiday ou Live to Tell são intemporais”, muito além do êxito descartável. E conta Spears sobre quando pôde falar com Madonna pela primeira vez, num concerto em 2001. “Quando tinha 8 ou 9 anos, corria e cantava pela sala com o desejo de ser como ela. Todas as minhas amigas continuam a ouvir coisas dela, continuamos hipnotizadas por ela. A sua presença em palco inspirou uma série de artistas, e vê-se a sua influência nas gerações mais novas. A Madonna fez tanto, e anda cá há tanto tempo, e continua a parecer tão bem! Passou anos debaixo da opinião pública, e isso é algo com o qual pode ser muito difícil de lidar. Mas ela continuou e começou a escrever com o coração. A Madonna tem tanta luz dentro dela e dá tão mais nas vistas do que qualquer um de nós. Agarrou-se àquilo em que acreditava e fez o que sentia. É parte da sua arte isso – ser ela própria”.