Durante este mês de maio, ocorreram em Portugal diversos acontecimentos que serviram para afirmar a nossa política pública do mar, dar a conhecer o que temos vindo a inovar, incrementar, desenvolver e potenciar na economia do mar, nas atividades de lazer e do desporto marítimo, na literacia e na investigação oceânica, na educação e na formação em ciências do mar, e proporcionar o reconhecimento pela comunidade marítima internacional de que atualmente somos um dos países com melhores condições para assegurar o crescimento de uma economia azul circular e sustentável.
Só Lisboa acolheu na semana de 13 a 17 de maio quatro eventos associados ao mar e aos oceanos: a Conferência do Dia Europeu do Mar – “Empreendedorismo azul, Investigação, Inovação e Investimento”; o Oceans meeting – “Governança Inteligente do Oceano”; a 3.ª reunião anual do EISAP – “Portugal faz a diferença”; e o IX Congresso sobre Planeamento e Gestão das Zonas Costeiras dos Países de Expressão Portuguesa – “Os desafios para a próxima década: monitorização, conhecimento e adaptação”.
Cada um destes eventos contribuiu à sua maneira para que Lisboa fosse o palco internacional de análise, discussão e monitorização das políticas públicas e das atividades de mar e oceânicas.
A 12.ª conferência do Dia Europeu do Mar, organizada pela Comissão Europeia, pela Câmara Municipal de Lisboa e pelo Ministério do Mar, foi o evento que certamente mais se destacou, pois teve cerca 1.500 participantes oriundos de mais de 59 países, de todos os continentes.
Uma oportunidade única que permitiu, através dos diversos workshops e sessões temáticas, proceder-se a uma profunda análise e discussão das políticas públicas do mar que têm vindo a desenvolver-se e que no futuro pretendem implementar-se na Europa, no mundo e em Portugal.
Foi ainda um momento para se conhecer o que de melhor se vem fazendo na Europa, e em Portugal, na edificação de uma economia sustentável e circular –‒ mais de 105 expositores, cerca de 30 projetos e ideias/negócios apresentados, e aproximadamente 320 reuniões agendadas (B2B) que proporcionaram encontros entre diferentes parceiros.
Ficou bem patente que os oceanos oferecem diversas e imensas oportunidades.
No transporte marítimo de mercadorias e passageiros, o contínuo crescimento obriga a aprofundar a inovação de forma a tornar-lo mais seguro, autónomo, ecológico e sustentável.
Na transformação do pescado e na aquicultura in e offshore, é necessário continuar o processo de melhoria e inovação de maneira a garantir uma maior produção, segurança, qualidade do pescado, ajudando desse modo à preservação das espécies e do meio ambiente.
Na energia offshore das ondas e eólicas, a existência de diversos projetos de investigação e empresariais é um excelente e muito animador sinal para a mudança tão precisa na produção de uma energia limpa.
Outra área em desenvolvimento constante é a biotecnologia, que representará num futuro próximo grande parte das soluções de que o mercado e a indústria necessitam.
Por último, os projetos de biodiversidade e de literacia, que garantem um maior conhecimento, divulgação e soluções para se conseguir mitigar e corrigir erros, e garantir da generalidade da população o reconhecimento de um compromisso com a sustentabilidade e conservação dos mares e oceanos.
O “Mar Português” está de parabéns, a sua ampla capacidade de organizar e contribuir para o sucesso destes eventos coloca-o na linha da frente europeia e mundial na consolidação de políticas públicas de mar, sendo inclusive um parceiro a que muitos se querem associar. No entanto, continua a comunicar mal, pois não consegue dar visibilidade pública ao seu sucesso e envolver assim parceiros externos à economia azul, que certamente a ajudariam a crescer.
Gestor e analista de políticas públicas, escreve quinzenalmente à sexta-feira