Anualmente, 5 milhões de pessoas são mordidas por cobras, sendo que 400 mil ficam com danos e 100 mil morrem, 30 mil delas em África. São estes os dados revelados pelos Médicos Sem Fronteiras (MSF) revelam.
Estes números traduzem a realidade de diversos países, nomeadamente os mais pobres. E o problema é especialmente um: não existe dinheiro para obter tratamento. “As pessoas perdem a vida porque não conseguem tratamento”, como indica o diretor clínico da MSF, Jacob Chol.
O tratamento pode custar mais de um ano de salário para muitas pessoas, estando o soro antiofídico, a terapêutica indicaca para mordidelas de cobra, fora de alcance de grande parte das pessoas nestes países.
O soro está indisponível em diversas instalações de saúde, pois, como explica a MSF, “a mordidela de cobra é uma doença que afeta pessoas pobres, mas as empresas farmacêuticas não criam medicamentos para os pobres, elas criam produtos que serão lucrativos”.
Para lutar contra esta tendência, a Organização Mundial de Saúde (OMS), pretende reduzir o número de mordidelas de cobras para metade até 2030. Para atingir este objetivo, a organização vai apresentar uma estratégia realizada com esse fim à Assembleia-Geral de Saúde, que decorre em Genebra até dia 28 de maio.
“Governos e organizações financiadoras têm, agora, de intensificar os esforços e dar resposta – tanto política como financeira – ao envenenamento por mordida de cobra com a urgência e a atenção que esta negligenciada crise de saúde pública exige”, aumentando ainda os níveis de consciencialização em relação à prevenção das picadas e os primeiros socorros que devem ser feitos, como indica a MSF, em comunicado.