Não está lesionado, nem castigado e, apesar de ser uma das peças-chave do Arsenal, Henrikh Mkhitaryan vai mesmo ficar de fora da final da Liga Europa. Razão para a ausência do médio dos gunners: ter nascido na Arménia.
Precisamente daqui a uma semana (29 maio), o Arsenal tem encontro marcado com o Chelsea na decisão da segunda prova da UEFA, que vai realizar-se no Estádio Olímpico de Baku, no Azerbaijão, país que tem relações cortadas com a Arménia devido à disputa da região de Nagorno-Karabakh. Entre 1988 e 1994, este pequeno território situado em solo azeri, mas de maioria arménia, foi disputado pelos dois países, num conflito armado do qual resultaram milhares de mortos. Os dois países da antiga União Soviética cortaram relações diplomáticas e, apesar do cessar-fogo oficial, a tensão tem vindo a escalar.
Os arménios estão, de resto, proibidos de entrar no Azerbaijão, com algumas exceções, como é o caso de atletas de alta competição.
Ainda assim, e como o jogador do emblema inglês é considerado uma das principais figuras na Arménia, o Arsenal decidiu, por precaução, deixá-lo de fora da convocatória.
“Analisámos todas as opções de o Micki poder fazer parte da equipa, mas, depois de falarmos com ele e a família, decidimos em conjunto que não viajaria connosco”, informou o clube londrino através de um comunicado publicado no seu site oficial.
Os gunners relembraram na mesma nota que fizeram saber à UEFA a sua “profunda preocupação com aquela situação”, até por tratar-se de um jogador que foi “uma peça chave na caminhada da equipa até à final e que se tratará de uma grande perda”. “Também estamos muito tristes que um jogador perca uma grande final europeia por causa destas circunstâncias”, sentenciou o clube.
O médio arménio soma 11 jogos na prova e três assistências. De notar, ainda assim, que o governo azeri já tinha autorizado a participação de Mkhitaryan na final.
Travado pela terceira vez
Apesar de esta ser uma situação rara, já não é uma novidade para o jogador arménio, que se recusa a entrar em campo pela terceira vez, sempre por causa do corte de relações diplomáticas entre os dois países.
Em outubro de 2018, Mkhitaryan já tinha recusado disputar o encontro entre Qarabag e Arsenal, a contar para a fase de grupos desta edição da prova. O emblema do Azerbaijão, também adversário dos leões naquela fase da prova, foi fundado em Agdam, região sudoeste do Azerbaijão, também conhecida como Cidade Fantasma devido ao seu abandono após o início da guerra. Foi, de resto, o conflito entre os dois países que obrigou a equipa a mudar-se para Baku.
Ainda antes, e também pelas mesmas razões, o jogador arménio vira-se impedido de seguir viagem com a equipa que representava à época, o Borussia Dortmund. Em outubro de 2015, os alemães defrontaram o Gabala, também para a Liga Europa, e não contaram com o médio na comitiva.
Uma curiosidade: no outro jogo entre as duas equipas, disputado na Alemanha, ainda a contar para a fase de grupos, Mkhitaryan foi o grande destaque da noite, ao apontar um golo e fazer duas assistências na vitória do Dortmund por 4-0.
Esta situação já tinha sido, aliás, comentada por Unai Emery, treinador do emblema londrino, que revelou que o jogador arménio “não podia viajar para o Azerbaijão”, caso o Arsenal chegasse à decisão da prova. A possibilidade de o médio arménio vir a falhar a final europeia caso os gunners chegassem ao jogo derradeiro da prova havia sido levantada há vários meses, por causa da eventual ausência de Mkhitaryan no tal encontro com o Qarabag, que se veio a confirmar. Na altura, Gurban Gurbanov, treinador do clube de Azerbaijão, comentou que “é uma escolha do Arsenal não o trazer”, acusando o jogador de não querer lidar com “a pressão de jogar em frente a 60 mil azeris”.
De acordo com a imprensa britânica, o Arsenal terá evitado a viagem do seu jogador por temer pela sua segurança.