A ARCOlisboa em cinco passos

A ARCOlisboa em cinco passos


Até domingo, a Cordoaria Nacional continua de portas abertas para a quarta edição da ARCOlisboa. Em cinco passos, o SOL propõe-lhe um guia pela feira, através de algumas das galerias e dos artistas representados.


Quando em 2016 a ARCOmadrid deu o primeiro passo de uma aposta numa extensão à capital portuguesa, o resultado foi uma feira a arrancar com 44 galerias. Foram quatro dias de acontecimento, um acontecimento daqueles a que Lisboa não havia ainda asssistido. Na quarta edição, que dura até este domingo, a ARCOlisboa está de regresso à Cordoaria Nacional, a fazer-se já pequena para as 71 galerias portuguesas e estrangeiras – ao todo são 17 países da Europa e dos continentes africano e americano, dos Estados Unidos à América do Sul, com o expectável destaque para a representação de galerias brasileiras. Pela primeira vez, com um foco geográfico: o continente africano.

E mesmo que o propósito da feira trazida pela IFEMA de Madrid para Lisboa, em colaboração com a câmara municipal, seja, em primeiro lugar, proporcionar um ponto de encontro privilegiado para diretores de museus e instituições, curadores, colecionadores, galeristas e artistas (nesta quarta edição, provenientes de mais de duas dezenas de países), também ao público oferece uma oportunidade rara de aceder, num único espaço, a Cordoaria Nacional, à obra de centenas de artistas representados por mais de sete dezenas de galerias. Para esses, o SOL propõe um guia por esta ARCOlisboa, em cinco passos – que certamente se multiplicarão em muitos mais.

1. África em foco

Pela primeira vez em quatro edições de ARCOlisboa, o Programa Geral acolhe seis galerias africanas: de Kampala, a capital do Uganda, a Afriart, de Maputo, a Arte de Gema, da Cidade do Cabo, a Momo, e, de Luanda, a Movart e a This Is Not a White Cube. Da capital angolana viajou com a obra de Tiago Borges até Lisboa, para se apresentar na secção Opening, a galeria Jahmek. Um foco que tardava já numa feira de arte a realizar-se numa cidade com o contexto histórico como o de Lisboa e que permitirá ao público lançar um olhar sobre as obras de artistas como Ocom Adonias, John Baptist Ssekubulwa, Sanaa Gateja, Stacey Gillian Abe (Afriart); Filipe Branquinho, Djive, Rodrigo Mabunda (Arte de Gema); Stephane E. Conradie, Pedro Pires (Momo); Keyezua, Mario Macilau, Rene Tavares (Movart); Patrick Bongoy, Januário Jano, Gonçalo Mabunda e Cristiano Mangovo (This Is Not a White Cube). Paralelamente à feira, num programa que ao longo dos dias de ARCOlisboa se desdobra entre cerca de seis dezenas de galerias por toda a cidade, o espaço NOT A MUSEUM acolhe duas exposições reunindo artistas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. África Diversidade Comum, uma coletiva com curadoria de Manuel Dias dos Santos com obras de Abdel Queta Tavares, Cristiano Mangovo, Gonçalo Mabunda, Januário Jano, Kiluanji Kia henda, Maura Faria, Mumpasi Meso, Nelo Teixeira, Nú Barreto, René Tavares, Rómulo de Santa Rita e Yonamine, e ainda a individual Fronteiras Invisíveis, so artista luso-angolano Francisco Vidal.

2. Giorgio Persano

Um salto ao stand da Giorgio Persano, de Turim, poderá revelar-se mais proveitoso do que esperaria o visitante de domingo de uma galeria italiana. Entre a vasta lista de artistas que representa, estão nomes como Per Barclay, Michael Biberstein, Marco Gastini, Nicola De Maria, Mario Merz, Michelangelo Pistoletto, mas também os portugueses Pedro Cabrita Reis e Julião Sarmento. E é deste conjunto de artistas a autoria das obras que a galeria dirigida por Persano traz a Lisboa a esta quarta edição da ARCO que Madrid estendeu à capital portuguesa.

3. Cristina Guerra

Incontornável no panorama da arte contemporânea nacional é o trabalho que tem vindo a desenvolver Cristina Guerra com a sua galeria, na Estrela. Na semana em que inaugurou, na sua galeria, Good Apples | Bad Apples, de Rosângela Rennó, ao Programa Geral da ARCOlisboa, onde marca presença desde a primeira edição, Cristina Guerra leva não só a obra da artista brasileira como de um vasto conjunto de nomes relevantes quer na cena nacional como internacional: Juan Araujo, Angela Bulloch, André Cepeda, Luís Paulo Costa, Ângela Ferreira, João Maria Gusmão + Pedro Paiva, José Loureiro, Matt Mullican, João Onofre, Diogo Pimentão, Julião Sarmento, Rui Toscano, Lawrence Weiner, Erwin Wurm e Yonamine.

4. Krinzinger

Representada também pela Horrach Moyá, de Maiorca, Marina Abramovic, um dos maiores nomes que a ARCO traz de novo a Lisboa, é também uma das artistas que a galeria austríaca de Ursula, Thomas Krinzinger e Michael Rienzner elegeu para a sua montra. Ao lado de Johanna Calle, Ángela de la Cruz, Secundino Hernández, Martha Jungwirth, Brigitte Kowanz, Jonathan Meese, Hans Op de Beeck, Erik Schmidt, Gavin Turk, Jannis Varelas, Thomas Zipp e ainda do português Rui Miguel Leitão Ferreira.

5. Balcony

Além das sete dezenas de galerias selecionadas para o Programa Geral, a feira internacional de arte contemporânea de Lisboa dedica, à semelhança do que vem acontecendo em edições anteriores, um espaço às novas galerias, reservado àquelas que contam com menos de sete anos de existência. Dez galerias selecionadas pelo curador João Laia entre as quais se contam a Acervo – Arte Contemporânea, a Bombon Projects, a Copperfield, a Fran Reus, a Lehmann + Silva, a Rodriguez, a Svit, a RYDER Projects, e UMA LULIK_ e a Balcony, que Pedro Magalhães abriu há dois anos em Alvalade e que, ao Opening desta ARCOlisboa leva a obra do promissor Tiago Alexandre.

E ainda…

Um espaço reservado a edições e toda uma programação de conversas abertas ao público. A visita à ARCOlisboa não tem que se resumir a um passeio por stands de galerias. Dirigido pela Arts Libris, a Cordoaria Nacional acolhe ainda uma área dedicada à edição de livros de artista. E, num programa paralelo de apresentações e conversas abertas ao público e de entrada gratuita, estarão em discussão os temas da arte e do colecionismo. No Fórum Museus discutir-se-ão, com representantes de importantes instituições dos vários continentes, as semelhanças e as diferenças entre as programações de museus portugueses e estrangeiros. Coordenadas por Filipa Oliveira, as sessões Em Que Estou a Trabalhar, que terão lugar no Pátio Nascente da Cordoaria, permitirão ao público contactar com um conjunto de profissionais portugueses que partilharão os seus próximos projetos. Entre eles, John Romão, da BoCA – Bienal of Contemporary Arts, José Bártolo, da Bienal de Design do Porto, Natxo Checa, da Galeria Zé dos Bois, Alexandra de Cadaval, Philippe Boutte, Esther Mahlangu, do Évora África, ou Benedita Pestana, d’ O Armário.