Carrega, Ventura!


Na passada terça-feira, na SIC, realizou-se o primeiro grande debate com os candidatos às europeias que não têm assento parlamentar. Antes de analisar a postura de cada um dos intervenientes, penso que, honra lhes seja feita a quase todos, dois pontos importantes são de salientar.


O primeiro para dizer que quase todos se apresentaram, cada um ao seu estilo, preparados para transmitir com clareza as suas ideias. O segundo, dos dois o mais importante, para referir que para quem ainda não está na Europa, discutiram muito mais matéria europeia do que os candidatos dos partidos que já lá se encontram, no debate que entre si fizeram noutro canal televisivo. Quanto a mim, o claro vencedor do debate, até pela pressão que o sistema lhe tem feito e pelos epítetos que lhe têm sido aplicados, foi André Ventura.

Com o seu estilo muito próprio, demarcou-se dos seus colegas de painel pela clareza com que disse ao que vinha. Economicamente, foi claro no que quer contrariar; a nível do combate ao crime, com a sua costumeira frontalidade, não recuou no que entende ter de ser feito; quanto às fronteiras, esclareceu com clareza que não quer proibir taxativamente a entrada de pessoas na Europa, exigindo apenas que existam padrões de controlo para segurança de todos nós; e sobretudo, mais importante, esclareceu que não quer Portugal fora da mesma. Quer, isso sim, uma Europa melhor e renovada em muitas rubricas que hoje se encontram ineficazes ou obsoletas. Ninguém pode, por isso, dizer ter visto nele um perigoso defensor da extrema-direita, um xenófobo ou um racista. Têm de encontrar outra forma para o combater politicamente, que esses argumentos, dúvidas houvessem, ficaram, quanto a mim, completamente dilacerados. Ventura tem, de facto, uma grande possibilidade de ser eleito para o Parlamento Europeu, e a sua eleição valorizaria claramente o país. Carrega, Ventura!! Em segundo lugar ficou Paulo Sande.

O candidato da Aliança é, sem dúvida nenhuma, um homem capaz, com um vasto conhecimento das matérias europeias. Porém, ainda assim, parece dirigir-se a um nicho eleitoral muito específico, não tendo ficado claro que consiga acrescentar algo ao que já hoje lá fazem os partidos do sistema. Julgo que tem legitimidade objetiva para almejar a sua possível eleição, mas fugiu para fora de pé quando colocou a meta em dois eurodeputados eleitos. Pode ter sido apenas uma operação de charme, mas soou a irrealista e narcísico.

Quanto a Ricardo Arroja, Paulo Morais e Rui Tavares, respetivamente dos partidos Iniciativa Liberal, Nós Cidadãos e Livre, como disse inicialmente, não se pode dizer que tenham estado mal.

Apresentaram-se preparados. No entanto estão, ainda assim, uns bons pontos atrás face aos anteriores dois candidatos analisados. Concorde-se mais ou menos, nota-se que têm conteúdo e propostas válidas. Não conseguiram no entanto, quanto a mim, chegar ao eleitorado com a força dos anteriores.

Os piorzinhos, naturalmente, guardei-os para o fim. Chamar-lhes-ia os alucinados do debate. Francisco Guerreiro, do PAN, não tem caraterização possível. Numa Europa em que as pessoas estão cheias de problemas e precisam de pessoas que lhos queiram resolver, vir defender a proibição do transporte de animais vivos nem sei bem para onde é apenas e só ridículo. Diria mais, é vergonhoso. Se é para os animais que querem fazer política, então que lhes peçam também para serem estes a votar neles. Quem sabe, até pode ser que encontremos uma vaca leiteira numa cabina de voto. Por último, Luís Júdice do PTCP/MRPP. Não encontro palavras. Alguém que vai para uma televisão defender o desmantelamento da Europa devia ser um caso alvo de estudo.

Por outro lado, questiono-me sobre a razão pela qual um homem que defende tal anormalidade se candidata a deputado europeu. Então mas candidata-se a algo que, se fosse por ele, nem existia? E vamos que era eleito – o que não vai acontecer –, o que ia fazer para o Parlamento Europeu? “Boa tarde camaradas! Viva Estalinegrado! Vamos lá a acabar com isto e cada um que vá para seu lado?” Que tragédia! A mim, só me deu para rir! Ainda que talvez devesse era ter chorado.

 

Escreve à sexta-feira


Carrega, Ventura!


Na passada terça-feira, na SIC, realizou-se o primeiro grande debate com os candidatos às europeias que não têm assento parlamentar. Antes de analisar a postura de cada um dos intervenientes, penso que, honra lhes seja feita a quase todos, dois pontos importantes são de salientar.


O primeiro para dizer que quase todos se apresentaram, cada um ao seu estilo, preparados para transmitir com clareza as suas ideias. O segundo, dos dois o mais importante, para referir que para quem ainda não está na Europa, discutiram muito mais matéria europeia do que os candidatos dos partidos que já lá se encontram, no debate que entre si fizeram noutro canal televisivo. Quanto a mim, o claro vencedor do debate, até pela pressão que o sistema lhe tem feito e pelos epítetos que lhe têm sido aplicados, foi André Ventura.

Com o seu estilo muito próprio, demarcou-se dos seus colegas de painel pela clareza com que disse ao que vinha. Economicamente, foi claro no que quer contrariar; a nível do combate ao crime, com a sua costumeira frontalidade, não recuou no que entende ter de ser feito; quanto às fronteiras, esclareceu com clareza que não quer proibir taxativamente a entrada de pessoas na Europa, exigindo apenas que existam padrões de controlo para segurança de todos nós; e sobretudo, mais importante, esclareceu que não quer Portugal fora da mesma. Quer, isso sim, uma Europa melhor e renovada em muitas rubricas que hoje se encontram ineficazes ou obsoletas. Ninguém pode, por isso, dizer ter visto nele um perigoso defensor da extrema-direita, um xenófobo ou um racista. Têm de encontrar outra forma para o combater politicamente, que esses argumentos, dúvidas houvessem, ficaram, quanto a mim, completamente dilacerados. Ventura tem, de facto, uma grande possibilidade de ser eleito para o Parlamento Europeu, e a sua eleição valorizaria claramente o país. Carrega, Ventura!! Em segundo lugar ficou Paulo Sande.

O candidato da Aliança é, sem dúvida nenhuma, um homem capaz, com um vasto conhecimento das matérias europeias. Porém, ainda assim, parece dirigir-se a um nicho eleitoral muito específico, não tendo ficado claro que consiga acrescentar algo ao que já hoje lá fazem os partidos do sistema. Julgo que tem legitimidade objetiva para almejar a sua possível eleição, mas fugiu para fora de pé quando colocou a meta em dois eurodeputados eleitos. Pode ter sido apenas uma operação de charme, mas soou a irrealista e narcísico.

Quanto a Ricardo Arroja, Paulo Morais e Rui Tavares, respetivamente dos partidos Iniciativa Liberal, Nós Cidadãos e Livre, como disse inicialmente, não se pode dizer que tenham estado mal.

Apresentaram-se preparados. No entanto estão, ainda assim, uns bons pontos atrás face aos anteriores dois candidatos analisados. Concorde-se mais ou menos, nota-se que têm conteúdo e propostas válidas. Não conseguiram no entanto, quanto a mim, chegar ao eleitorado com a força dos anteriores.

Os piorzinhos, naturalmente, guardei-os para o fim. Chamar-lhes-ia os alucinados do debate. Francisco Guerreiro, do PAN, não tem caraterização possível. Numa Europa em que as pessoas estão cheias de problemas e precisam de pessoas que lhos queiram resolver, vir defender a proibição do transporte de animais vivos nem sei bem para onde é apenas e só ridículo. Diria mais, é vergonhoso. Se é para os animais que querem fazer política, então que lhes peçam também para serem estes a votar neles. Quem sabe, até pode ser que encontremos uma vaca leiteira numa cabina de voto. Por último, Luís Júdice do PTCP/MRPP. Não encontro palavras. Alguém que vai para uma televisão defender o desmantelamento da Europa devia ser um caso alvo de estudo.

Por outro lado, questiono-me sobre a razão pela qual um homem que defende tal anormalidade se candidata a deputado europeu. Então mas candidata-se a algo que, se fosse por ele, nem existia? E vamos que era eleito – o que não vai acontecer –, o que ia fazer para o Parlamento Europeu? “Boa tarde camaradas! Viva Estalinegrado! Vamos lá a acabar com isto e cada um que vá para seu lado?” Que tragédia! A mim, só me deu para rir! Ainda que talvez devesse era ter chorado.

 

Escreve à sexta-feira