As tangas de Pedro Marques
Rodrigo Alves Taxa
Agora é que é! Começaram esta semana, com o primeiro grande debate televisivo na SIC, as eleições europeias.
A primeira grande consideração a fazer é que este paradigma de debates a mais de três no mesmo dia resulta sempre numa grande salganhada. Compreende-se a intenção de ter frente a frente vários quadrantes políticos; porém, neste modelo, o resultado é sempre, quanto a mim, insatisfatório.
Mas vamos ao que importa: analisar a contribuição de cada candidato no debate em questão. Parece ter sido claro que o grande vencedor da noite foi Nuno Melo. Pragmático, objetivo, contundente, com uma postura conhecedora das matérias, mas ao mesmo tempo simples ao ouvido de quem o escutava em casa, pareceu-me destacar-se com extrema facilidade dos seus colegas de painel. Taco a taco ficou depois Paulo Rangel que, igualmente na posse de um extraordinário conhecimento dos dossiês europeus, procurou densificar os temas propostos por Bento Rodrigues, tendo quanto a mim pecado apenas por ser demasiado institucional. Faltou um pouco de irreverência, até uma maior dureza no contra-ataque a Pedro Marques. Foi mais um ponto onde Nuno Melo se adiantou no marcador.
Em terceiro lugar e, confesso, para minha grande surpresa, ficou Marinho e Pinto. É certo que continua com o seu estilo pouco polido mas, honra lhe seja feita, apresenta profundidade na forma como pretende abordar os temas em questão e não faz cá fretes a ninguém. Por outro lado, teve quanto a mim a grande capacidade de confrontar o seu interlocutor em duas circunstâncias: a primeira, a ver com a ainda distinta forma de tratamento que é dada por alguns meios de comunicação social aos partidos do dito arco da governação e aos que dele, tradicionalmente, não fazem parte; e, em segundo lugar, a forma pouco expressiva com que o trabalho dos eurodeputados portugueses é trazido para dentro do nosso país e transmitido ao cidadão eleitor.
Esteve bem Marinho e Pinto nesta matéria, bem como na consideração que fez sobre o Brexit e algumas matérias afins. Aqui chegados, vamos a Pedro Marques. Avaliação fácil. Pedro Marques é, politicamente, um “tangas”. Chamou Mário Soares à liça, o que é anedótico, porque aquilo que pode ter de bom Pedro Marques nas duas mãos, tinha Mário Soares, mesmo que não se simpatizasse muito com ele, na cabeça do dedo mindinho. Quanto à execução dos fundos comunitários, criticou a cumprida pelo governo anterior, mas esqueceu-se de referir a tragédia da que diz respeito ao ministério que tutelou. Sustentou o debate na suposta eliminação da austeridade e devolução de rendimentos, mas todos os dias se vê o contrário. Enfim, lá está… tangas!
Quanto a João Ferreira e Marisa Matias, é muito rápido. O primeiro só disse banalidades. A segunda, nem chegam a ser banalidades. Foi apenas encher chouriços. Como Marisa Matias diz que gosta da política feita com sentido de humor, é caso para dizer que o canário que lá tenho em casa bem poderia ser capaz de ir ao debate e dizer as mesmas coisas. Venha o próximo!
Escreve à sexta-feira