IndieLisboa. Com o Brasil “em transe”, uma edição para o cinema brasileiro

IndieLisboa. Com o Brasil “em transe”, uma edição para o cinema brasileiro


Com The Beach Bum, o mais recente filme de Harmony Korine, arranca amanhã, depois do recorde de espectadores em sala da edição do ano passado, o 16.o IndieLisboa. Com Anna Karina como heroína (e convidada de honra), mas também com um exaustivo olhar sobre o mais recente cinema brasileiro – também ele, esse Brasil em…


The Beach Bum, de Harmony Korine

Para a abertura do 16.o IndieLisboa, uma “combinação explosiva”: Matthew McConaughey, Snoop Dogg e Zac Efron juntos, no novo filme de Harmony Korine (“Gummo” e “Spring Breakers”, que o festival também exibiu, em 2012 ). A história é a de Moondog, interpretado por Matthew McConaughey no papel de um escritor milionário Inspirado pelo consumo contínuo de canábis e rum, a vaguear pelas praias  da Califórnia. De peruca loira, camisas havaianas e máquina de escrever. 

Anna Karina souviens-toi

Anna Karina, a heroína independente desta edição, honra o título com uma viagem até Lisboa. Mas para lá da retrospetiva que o festival lhe dedica, a atriz é também o centro deste novo documentário de Dennis Berry, também ator, com quem é casada há quase 40 anos. A partir de uma sala de cinema de cadeiras vermelhas, Anna Karina comenta o seu percurso no cinema e na música, os episódios decisivos com Jean-Luc Godard e Serge Gainsbourg, mas também as colaborações com outros dos mais relevantes realizadores com quem trabalhou. 

ANNA KARINA, SOUVIENS-TOI from youri zakovitch on Vimeo.

A Rosa Azul de Novalis

Depois de vencer o Grande Prémio do Indie no ano passado, com “Lembro Mais dos Corvos”, Gustavo Vinagre regressa a Lisboa com o seu novo filme, desta vez em correalização com Rodrigo Carneiro, que tem aqui a sua estreia na realização depois de uma carreira como montador. Como o filme anterior “A Rosa Azul de Novalis” envereda pelo território do documentário biográfico encenado. Desta vez em torno de Marcelo Diorio, “anfitrião do seu ânus aberto e das suas vidas passadas”, numa viagem pelos seus traumas, pontuada pelo seu charme subversivo.

Tragam-me a Cabeça de Carmen M.

Nesta sua estreia na realização, ao lado de Felipe Bragança (“Não Devore Meu Coração”), Catarina Wallenstein é Ana, uma actriz portuguesa num Rio de Janeiro já a adivinhar a eleição de Jair Bolsonaro, onde se prepara para encarnar o papel de Carmen Miranda para um filme. Um universo colorido que chocará com o presente, a preto e branco, para uma interrogação sobre uma “utopia pantropical e futurista”. Ao IndieLisboa, o filme chega integrado na Competição Nacional e no programa “Brasil em Transe”, que coloca a cinematografia daquele país como herói independente desta edição.

Sacavém

De Júlio Alves (A Casa, exibido na edição de 2012 do IndieLisboa), sobre Pedro Costa, “talvez o mais marcante dos cineastas nacionais contemporâneos”. Um filme que percorre os filmes da sua carreira, em particular, Casa de Lava, Ossos, No Quarto da Vanda, Juventude em Marcha e Cavalo Dinheiro, através de um conjunto de objetos que se relacionaram com eles: um caderno, nove fotografias, uma câmara digital, uma cópia de um filme em 35 mm e um elevador. Exibido na Competição Nacional, ao lado dos últimos filmes de Margarida Gil, Tiago Guedes, Ico Costa, Tiago Hespanha, entre outros.

Jessica Forever

Recentemente a revista Cahiers du Cinèma publicou um manifesto assinado por Bertrand Mandico, Yann Gonzalez e por Jonathan Vinel & Caroline Poggi, a dupla em foco na secção Silvestre desta edição. Intitulado ”Flamme”, defende “um cinema para sonhadores que suam, monstros que choram e crianças que ardem.” E por aí nos chega “Jessica Forever”, a estreia da dupla na longa-metragem. Com Aomi Muyock (“Love”) enviada para um futuro distópico em que “jovens sanguinários formam uma família matriarcal revestida a coletes antibala e amor”. 

Synonymes

Por Portugal, Nadav Lapid será já um nome conhecido – ainda no ano passado o Curtas Vila do Conde dedicou uma retrospetiva à sua obra, entre curtas-metragens e as duas longas que tinha completado até então. Mas isso foi antes de, em fevereiro passado, ter vencido o Urso de Ouro em Berlim com Synonymes. Um filme mais autobiográfico do que qualquer outro, em que nos fala sobre identidade enquanto traça um retrato de dois países – Israel, mas também França – a partir da sua história: de quando, aos 20 anos, fugiu de Israel para se exilar em França.

Sul

De Ivo M. Ferreira ouviremos falar com certeza por estes dias. Na próxima semana, estreia em sala Hotel Império, o seu novo filme depois de Cartas da Guerra, que o IndieLisboa aproveita para exibir já no dia 3, numa sessão especial. Mas não será tudo. Depois de no ano passado terem estreado no festival lisboeta dois episódios de Sara, de Marco Martins, a experiência repete-se este ano, com os dois primeiros episódios de Sul. Uma série policial lisboeta, passado em plena crise, protagonizada por Adriano Luz e Jani Zhao.