Quezílias de fadas. O lobo mau e o politicamente correcto

Quezílias de fadas. O lobo mau e o politicamente correcto


Viveremos num mundo melhor se um dia o lobo mau se tornar vegan, deixando em paz a avózinha e, ao invés de salivar, acene desinteressado ao ver o Capuchinho Vermelho? 


Esta podia bem ser uma sequela do popular conto de Hans Christian Anderson, A Princesa e a Ervilha. Numa linha, é como se a princesa que passou muitíssimo mal a noite por lhe terem metido uma pequena ervilha no colchão – e ainda que, sobre esse, tenham empilhado mais uns vinte –, depois de ter provado a imensa virtude da sua delicadeza, para se proteger de outras ameaças ao seu sono, mandasse estender num amplo raio em seu redor um campo de minas. Agora, deixe-se pelo caminho o lado literal e fiquemos pelo metafórico, tomando o campo de minas como esse esforço constante de alguns sectores da nossa sociedade para proceder à higienização da linguagem, bem como dos textos, e até daqueles contos que cativaram a imaginação de gerações e gerações de miúdos.

Por esta altura, já a notícia perdeu o seu túrgido encanto, já não deverá indignar mas tão-só fazer alguns revirar os olhos. Ainda bem. Na semana passada, uma notícia saída no El País, e logo reproduzida pelos nossos jornais, contava que numa escola espanhola, 200 livros infantis haviam sido retirados da sua biblioteca, e isto por contribuírem para a perpetuação de uma sociedade sexista. O Capuchinho Vermelho e Bela Adormecida são dois dos títulos que não sobreviveram a esta purga que afecta os livros para crianças até aos seis anos. Para este trabalho de revisão, levado a cabo no ano passado e que teve efeito neste ano lectivo, a Escola Tàber de Barcelona – instituição sob a alçada do governo autónomo catalão –, contou com a ajuda dos próprios pais das crianças. De uma assentada, quase um terço da biblioteca infantil foi à vida. Mas talvez faltasse alguma cor a este episódio se uma das mães que integraram a comissão saneadora não tivesse vindo justificar a iniciativa, frisando que “a sociedade está a mudar e está mais sensível a questões de género, mas isso não está reflectido nos contos”. Com a candura típica de quem se mostra absolutamente convencido dos méritos das suas acções, Anna Tutzó explicava porque razão a comissão apenas censurou o catálogo de leitura para os mais novos: “Na primeira infância, as crianças são esponjas e absorvem tudo o que está em sem redor, de tal modo que podem naturalizar estes padrões sexistas. Por outro lado, os alunos da primária já têm mais capacidade crítica e os livros podem ser uma oportunidade para aprender, para que eles mesmos se dêem conta dos elementos sexistas”.

De acordo com esta comissão, se quisessem ter sido mais rigorosos, não se teriam ficado por 30% dos livros – aqueles que consideraram “tóxicos” –, mas podiam ter excluído outros 60%, onde foram detectados problemas, embora de menor gravidade. Tutzó diz que estes contos associam determinadas características ao género, como a masculinidade a valores como a coragem e a competitividade. “Também em situações de violência, mesmo que sejam pequenas brincadeiras, é o menino que o faz contra a menina. Isto transmite uma mensagem de quem pode exercer a violência e contra quem o pode fazer”, acrescentou a mãe. Na verdade, entre todos os livros que compunham a biblioteca infantil, apenas 10% das narrativas foram consideradas como inclusivas na perspectiva do género. Para ajudar a justificar a repercussão da notícia, o El País chamava a atenção para outras escolas, como a Fort Pienc e o colégio Montseny,  também em Barcelona, que se preparam para seguir pelo mesmo caminho. A ideia passa sempre por rever o catálogo de leitura, sendo constituído para o efeito comissões que irão andar à cata de incidentes que possam ferir os valores da igualdade de género. A presidente da Associação de Mães e Pais de Alunos da escola de Fort Pienc, defendeu este esforço, afirmando que “é muito importante o tipo de livros que as crianças lêem porque os livros tradicionais replicam os estereótipos de género e é bom ter livros que rompam com esses estereótipos”. 

Não se pense, no entanto, que em Espanha, esta tendência se circunscreve à capital catalã. Num artigo da revista “Ler”, publicado no verão passado, Filipa Melo lembrava como, em fevereiro desse ano, a revista da Federação do Ensino CCOO de Madrid publicou um artigo assinado pela artista, investigadora e educadora Yera Moreno e a académica Melanni Penna, onde as duas propuseram um “Breve decálogo de ideias para uma escola feminista”. No conteúdo dos 19 pontos propostos, a escritora e crítica seleccionou e trascrevia ipsis verbis alguns: “treinar os professores em centros de feminismo; incluir, pelo menos, o mesmo número de livros escritos por mulheres do que por homens no currículo de Língua e Literatura e incluir, pelo menos, o mesmo número de mulheres filósofas que filósofos homens na História da Filosofia, porque a quantidade é importante; eliminar livros escritos por autores sexistas e misóginos entre as possíveis leituras obrigatórias para os alunos — exemplos de livros e/ou autores sexistas para eliminar das agendas: Pablo Neruda (Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada), Arturo Pérez Reverte e Javier Marías (qualquer dos seus livros); não separar as casas de banho e balneários entre homens e mulheres; proibir o futebol nos pátios — vamos fazer do pátio um espaço amigável, onde todos possam ocupar, transitar e habitar esse espaço comum, vamos deixar de fora os jogos competitivos que monopolizam espaços e excluem aqueles que não participam deles,  porquê campos de futebol e não pistas de dança?; proibir músicas machistas na banda musical do [CCOO]. Como a misoginia, o sexismo e a homofobia são insultos, eles não devem ter presença nos nossos centros”.

“A linguagem é uma arma que cria e destrói valores”, disse-nos Agustina. Mas sendo este um tempo pobre de ideias, é natural que os fanatismos se apliquem a substituí-las. Como nos lembra a autora, “a cultura pressupõe duas qualidades que Mathew Arnold chamou muito apropriadamente sweetness e light”. A luz, aqui, estende-se por um efeito de comunicação, sendo um factor de conhecimento, ao passo que a doçura “é a humildade de sermos mais fraternais do que autoritários na nossa oportunidade de proporcionar a curiosidade da vida”, explica a autora portuguesa. E adianta que isto passa por preservar “a admiração pela vida e reservando para a ciência o seu lado excêntrico capaz de ser operante a nível de instituições especializadas”.

Para percebermos se, deste lado da fronteira, esta preocupação colhe algum tipo de favor entre aqueles agentes que estão dedicados à promoção da leitura quisemos ouvir a comissária do Plano Nacional de Leitura (que agora passou a designar-se PNL 2027). Teresa Calçada disse ao i que não considera, de todo, oportuno um esforço de revisão nos contornos em que se viu na Escola Tàber. “Como bem diz trata-se de um saneamento, desnecessário e errado. As obras literárias, incluindo as que preferencialmente se dirigem à infância, são produto da história, da diversidade e da experiência culturais, que têm um lastro de séculos de vivências e leituras”, frisa a comissária do PNL, adiantando que “nunca ninguém as lê de igual maneira”.

Teresa Calçada não tem dúvidas de que “qualquer pretensão de as esconder, tirar das prateleiras ou queimar, mais não é que censurar”, e portanto, trata-se de uma atitude “incompatível com a liberdade que a literatura facilita e inspira”. Diz ainda que, “tratando-se de bibliotecas, tenho mesmo horror em pensar que tal possa acontecer, em lugar de ter para oferecer a todos – desde aqueles que ainda não sabem ler até aos grandes leitores – mais e mais livros, maior diversidade e variedade, melhor oferta”. 

Agustina notava que a “tendência para revermos a História como um romance policial que é preciso explorar no sentido da justiça, libertando-a das suas representações demasiado dramáticas, é também uma mecânica cultural moderna”.  Não há, assim, nada de muito extraordinário nesta tentativa de uma época para se desembaraçar desses aspectos da sua tradição que parecem conformar meras caricaturas culturais. E, nesse sentido, Teresa Andrade, psicóloga e professora do Instituto Universitário Egas Moniz, nota que um dos traços definidores dos nossos tempos são “as profundas alterações nas visões estereotipadas de sexos e dos seus papéis sociais face a épocas anteriores”. Assim, se Teresa Andrade rejeita a forma como as escolas de Barcelona se propõem levar a cabo esta mudança de visão, refere que isso tem sido conseguido, não pela rejeição das narrativas que nos foram legadas como  força que embala um imaginário colectivo e tradicional, mas através de contos modernos, que muitas vezes passam por releituras e actualizações das narrativas tradicionais. “Já o vemos há algum tempo nos filmes para crianças como por exemplo: Mulan, Incríveis, Brave, Mulher Maravilha, entre outros, em que as heroínas dos filmes deixaram de assumir os seus papéis tradicionais, valorizados anteriormente nas mulheres, como era o caso das primeiras princesas da Disney como a Branca de Neve ou a Cinderela cujo propósito maior era o de casar bem, ser humilde, bondosa e boa cuidadora”, sublinha Teresa Andrade.

Assim, a psicóloga entende que se pode e deve educar as crianças para a igualdade de género, mas que isto deve ser feito através da educação precoce para a igualdade de oportunidades e respeito pelo outro. “Os livros novos já são escritos com outros cuidados, mas é do passado que se constrói o futuro. E não é eliminando o passado que se educa, mas criando consciência de que outros valores podem traduzir sociedades mais justas e melhores para todos”. Para Teresa Andrade, acções como a da Escola Tàber “mostram uma grande vontade de  mudança de paradigma”, mas adianta que a censura apenas “cria lacunas no conhecimento e pode levar à ignorância histórica”.

Neste mesmo sentido, Filipa Melo mostrou-se bastante céptica em relação aos benefícios que possa trazer esta “liofilização das narrativas infantis nas escolas e na edição”. Em declarações ao i, notou que “tal como os miúdos deixaram de brincar na rua para se fecharem sobre um ecrã, também às histórias se quer agora colocar muros, fossos e paredes. Para proteger quem de quê? A narrativa arquetípica, base da grande literatura infantil, persiste de geração em geração, não conhece fronteiras, não obedece às regras do género, da decência, da correção, do que quer que procure constrangê-la a um outro formato que não o que se gera na sua transmissão espontânea, livre e misteriosamente fiel à matriz.”

Para a autora do Dicionário Sentimental do Adultério, “censurar os arquétipos é censurar o passado coletivo, negando-o”. E esclarece que, “para além de absurda, a ideia (educar=censurar) representa uma ameaça grave ao desenvolvimento (e preservação) da imaginação infantil, raiz da luta constante entre o Ego e a Sombra, a máscara e a ‘verdade’ de cada um. Faz parte do património de cada ser humano o contacto precoce com o caldeirão perigoso daquilo que é ‘inaceitável’. Faz parte da função do adulto aceitar essa perigosidade e complementar a experiência da criança com outras experiências.” Filipa Melo remata ainda notando que “nunca ninguém conseguiu tocar a própria sombra, quanto mais apagá-la”.

A escritora e socióloga Maria Filomena Mónica partilha desta visão, e afirma que o que está a suceder nalgumas escolas da Catalunha é uma prova de que “o chamado politicamente correcto degenerou”. Filomena Mónica insiste que “todas as obras literárias têm de ser entendidas no contexto histórico em que foram escritas”, e admite que “qualquer docente esclarecido será capaz de explicar este facto às criancinhas”. Assim, na opinião da socióloga, o melhor é começar cedo, “uma vez que, pela vida fora, irão encontrar casos em que se não podem aplicar aos relatos literários as normas éticas contemporâneas”.

Partilhando com tantos dos comentadores uma certa exasperação diante da prepotência com que alguns adultos hoje se revelam imaturos, dedicando-se a baixar o tecto da infância, Filomena Mónica vai mais longe: “Aposto que estes fanáticos aspiram a retirar dos programas escolares certas cenas, como aquela contida na Bíblia, em que Abraão oferece a Deus a morte do filho Isaac, a quadra erótica da ilha dos amores de Os Lusíadas e o final de O Crime do Padre Amaro, uma obra que contém não só uma cena sacrílega como um final criminoso.” E conclui: “Sei que estas obras não são leituras recomendadas a crianças mas, uma vez instalado nas escolas, o vírus do Politicamente Correcto não conhece fronteiras. As comissões chamadas de igualdade de género correm o risco de se transformarem em órgão de censura.”

Vale a pena, neste ponto, lembrar o que disse já na década de 90 James Finn Garner, o autor dessa clarividente sátira que são as “Histórias Tradicionais Politicamente Correctas” ou “Contos de Fadas Politicamente Correctos”, entre tantas outras reformulações das narrativas tradicionais para agradar (zombar, na verdade) às tão susceptíveis consciências que fazem da nossa época o tempo das Princesas Ervilha. No meio de todas estas quezílias de fadas, Garner disse que a reescrita dos clássicos não é a solução para resolver os problemas sociais que se nos colocam, mas que é preciso que nos foquemos em algo um pouco mais tangível. De resto, alertou para o facto de, com todos estes equívocos e soluções trapalhonas, estar-se a chegar a um ponto em que se desenvolve uma espécie de “fadiga da compaixão”. Para o satirista norte-americano estas tentativas para mudar a linguagem com vista a combater o racismo e o sexismo apenas conseguem “rebaixar a ideia de igualdade sexual ou racial, e levam a que se desperdicem não apenas esforços mas credibilidade, procurando que as pessoas eliminem a espontaneidade na forma como falam”. Garner vinca que, com estas acções, “não estamos a converter as pessoas, mas apenas a irritá-las”.

É fácil de perceber a enorme resistência que encontram estas iniciativas ao buscarem impor aos outros uma ética na linguagem que lhes é estranha, e que os deixaria enclausurados num acto de comunicação que, ao invés de estar ao seu serviço, os constrange e isola. Ao renderem-se seria pior do que ficarem mudos, ficando como que colonizados por estranhas noções, restando-lhes vestir ideais e noções unicamente para não se sentirem excluídos socialmente. Agustina diz-nos que “o homem é um ser velado e obscuro”, que “só o outro o pode interessar na linguagem e, assim, levá-lo a revelar-se”. Mais importante, lembra a escritora, é que a linguagem não são apenas sinais e sons, mas “é um meio de fixação do homem à sua realidade”. Assim, quem se vê contrariado na linguagem que é obrigado a usar vai passando à condição de estrangeirado, e, quando fala como que rosna, sente as palavras que o obrigam a dizer algo que está fora de si como uma sarna, tornando-se refém de “um ressentimento devorador”.

Para Agustina é evidente que a linguagem “é tanto mais um problema da decisão humana, quanto está na raiz do destino social”. Dito isto, quem fala contra si mesmo, contra aquilo em que acredita, pior do que desarmado, é como se fosse obrigado a lutar do lado do inimigo. E depois há ainda a noção de que essas manifestações englobadas hoje enquanto sinais do politicamente correcto incorrem tantas vezes em distorções doentias, na escravização do sentido a uma leitura demasiado literal, que não só fere os jogos de ironia, mas vigia o ensaio metafórico ao ponto de, para se criar um linguagem própria sem se ser automaticamente visto como suspeito, ficar-se preso a uma comunicação bastante chã.

Nas mais devastadoras críticas feitas ao politicamente correcto, há quem entenda como a sua pulsão se tem caracterizado cada vez mais por uma atitude que abre caminho a novas formas de puritanismo. Assim, os seus apólogos, como engenheiros da extrema virtude, viram-se para a linguagem como uma força resolutiva tentando mexer na sua programação, alterar o código, invertir as suas ligações nervosas e bloquear expressões vistas como ofensivas. O politicamente correcto adquire, assim, as feições de uma patologia, em que impotência e frustração são mascaradas.  Como essas pessoas que levam vidas esvaziadas de propósito, e que vão para as reuniões de condóminos chagar a cabeça dos vizinhos por questões como o número e o posicionamento dos vasos de plantas nas áreas comuns.

Mario Vargas Llosa, num irado, mas não menos inquietante ou oportuno artigo de opinião, publicado em março do ano passado no El País, com o título “Novas Inquisições”, elegia o feminismo como o mais resoluto inimigo da literatura nos nossos dias, pela sua tentativa de “depurá-la do machismo, dos preconceitos múltiplos e das imoralidades”. E defendia que “aqueles que acreditam que a literatura pode ‘tornar-se decente’, submetendo-a a cânones que a tornam respeitosa às convenções reinantes, cometem um erro monumental”. E que ‘isso’, aquilo que resultaria de tal manipulação, seria “uma literatura sem vida e sem mistério, numa camisa-de-forças, deixando sem via de escape aqueles fundos malditos que trazemos dentro, e que encontrariam então outras formas de  reintegrar-se à vida”. “Com que consequências?”, pergunta-se. E responde: “A desses infernos onde 'o mal' se manifesta, não nos livros, mas na própria vida, por meio de perseguições e barbáries políticas, religiosas e sociais. O resultado, portanto, é que graças aos incêndios e ferocidades dos livros a vida é menos truculenta e terrível, mais sossegada, e nela os humanos convivem com menos traumas e com mais liberdade. Aqueles que se empenham em que a literatura se torne inofensiva trabalham na verdade para tornar a vida invivível, um território onde, segundo Bataille, os demónios acabariam exterminando os anjos. É isso que queremos?”

Num bem humorado e penetrante artigo no El País, a crítica literária Marta Rebón lembrou como Italo Calvino, o magistral escritor de narrativas que compilou os 200 melhores contos da tradição popular italiana, chegou à conclusão de que o motivo da persistência destas narrativas era serem tão verdadeiras.  “Na sua infinita variedade e infinita repetição, não apenas encapsulam os mitos perduráveis de uma cultura, mas contêm uma explicação geral do mundo, onde cabe todo o mal e todo o bem, e onde se acaba sempre por descobrir a senda para quebrar os mais terríveis feitiços”. Marta Rebón acrescenta que, “com a sua extrema concisão, os contos de fadas não buscam confortar as crianças, mas dotá-las de ferramentas para viver, ao invés de inculcar-lhes rígidos padrões de conduta e estimular o seu discernimento moral”. E conclui: “Se eliminarmos as partes obscuras e incómodas, os contos de fadas deixarão de ser essas surpreendentes árvores sonoras que crescem na memória humana, como os definiu o poeta Robert Bly”.

Do rastro que nos ficou de mais esta polémica podem, contudo, recolher-se indícios de que alguma coisa de seriamente errado está a acontecer na forma como alguns grupos na nossa sociedade parecem interessados em furtar-se a um confronto essencial na ânsia de superar ou fazer “tábua rasa das tradições que pesam sobre a consciência do homem”. Sem o esforço negocial, que passa por educar e sensibilizar, estando aberto à perspectiva do outro, somos conduzidos a uma guerra estéril que só enche de fantasmas outro palco, para a eterna representação da mais inútil discórdia. De resto, Agustina avisava que uma das tradições que recai desde sempre sobre nós é ser o homem um ente fechado em si mesmo. “Daí que a maior culpa da nossa época seja a de ficar cada um em si próprio, furtando-se a influências e a responsabilidades com respeito a tudo o que não somos.”