A excelência e o mérito dos intervenientes no mar português


Reconhecer o talento dos atores do mar é um contributo forte para o incremento, dignificação, promoção e potenciação da política pública do mar em Portugal.


Não temos por hábito, costume e cultura reconhecer publicamente o desempenho e trabalho de qualidade, de excelência e de mérito, quer seja coletivo ou individual. Contudo, é usual e regular assumirmos e desenvolvermos uma atitude assistencialista, que não é menos importante e também é de relevar.

Porém, e em geral, qualquer sociedade, seja ela pequena ou grande, precisa de referências positivas e de sucesso individual ou coletivo, a fim de se tornar mais forte, inclusiva, dinâmica, criativa, inovadora e competitiva.

Assim, divulgar e valorizar o mérito e excelência dos seus intervenientes – atores – é essencial para tornar a sociedade mais eficaz e eficiente, capaz de gerar novas oportunidades e dinamizar uma competitividade sadia. Ou seja, uma sociedade mais bem preparada para superar contratempos e desenvolver iniciativas que projetem e garantam futuro.

Ora, observando e falando do mar português, se no passado fomos capazes de cantar os nossos feitos e idolatrar os nossos ídolos, permitindo com isso à sociedade portuguesa projetar e desenvolver inovação e alcançar enormes sucessos, no presente, apesar de termos muitas e boas razões para voltar a fazê-lo, não o temos feito.

Na verdade, nos tempos que correm, o mar português tem conseguido alcançar enormes feitos, através de atos individuais e coletivos dos seus atores, sendo exemplos disso o contributo que demos para a existência de novas políticas públicas do mar e oceano no plano nacional, europeu e mundial o conhecimento geral e de ciência dos oceanos na emersão de novas soluções criativas e inovadoras que nos permitem interagir e aproveitar o mar e o oceano de forma mais sustentável e de futuro.

Por estes e por outros motivos, existem mais do que suficientes razões para podermos e devermos desenvolver ações, eventos, prémios que projetem, valorizem e incentivem os feitos e sucessos dos nossos atores, coletivos e individuais.

No entanto, em Portugal, lamenta- -se o facto de o mar estar num plano secundário, apesar de ser considerado um desígnio nacional e após tantos anos com uma agenda de política pública de mar.

Somente os Prémios Excellens Mare continuam, ano após ano, a fazer alguma justiça, reconhecendo atores portugueses, e atualmente também de outras nacionalidades, que se destacam pela sua ação no incremento e desenvolvimento das atividades de mar.

Vale a pena reiterar: para se valorizar, dignificar, promover e potenciar o mar português é preciso reconhecer o talento dos seus atores e o seu contributo de excelência e mérito para a afirmação e desenvolvimento da economia azul. Até porque só através dos bons exemplos certamente ajudaremos a incentivar não só os próprios como outros a contribuírem mais para o sucesso das atividades de mar e da economia azul em Portugal.

 

Gestor e analista de políticas públicas

Escreve quinzenalmente à sexta-feira