Os playoffs da NBA ainda agora começaram e já há marcas históricas a serem batidas. Na madrugada de terça-feira, e a jogar em casa, os bicampeões – e grandes candidatos à vitória final – Golden State Warriors permitiram a maior reviravolta de sempre nesta fase da prova. Os Warriors até começaram o segundo jogo com os Los Angeles Clippers a todo o gás, chegando ao intervalo a vencer por 22 pontos, mas viram depois a equipa da Califórnia a recuperar de uma desvantagem de 31 pontos e vencer por 135-131, empatando a série a um.
No primeiro jogo, os Golden State tinham ganho 121-104, com Stephen Curry a tornar-se o melhor marcador de triplos de sempre nos playoffs: 386, ultrapassando Ray Allen, que tinha feito 385 – entretanto, o base de 31 anos fez mais cinco no segundo jogo e soma agora 391. A fazer uma temporada extraordinária, Curry – coadjuvado por Kevin Durant – é um dos motivos que levam os Golden State a receber o favoritismo para alcançar o tão desejado tricampeonato, depois de ter dominado novamente a Conferência Oeste na fase regular.
sem lebron nem cleveland Esta temporada pode ser vista como o início de uma nova ordem na principal competição de basquetebol do mundo. Antes de mais, pela ausência de LeBron James da fase de todas as decisões. O King fracassou no objetivo de devolver os Lakers à glória de outros tempos e ficou fora dos playoffs pela primeira vez desde 2005 – o conjunto de Los Angeles terminou a fase regular no décimo posto.
A mudança de LeBron, de resto, revelou-se fatal também para os Cleveland Cavaliers. Órfãos da sua maior estrela, os finalistas das últimas quatro temporadas (e vencedores em 2016) tiveram uma campanha desastrosa, acabando em 14.º – e penúltimo – na Conferência Este, onde os Milwaukee Bucks surgiram este ano em grande forma, com 60 vitórias em 82 jogos: a melhor campanha das 30 equipas. A tal não será, de todo, alheio o contributo de Giannis Antetokounmpo, o extremo grego de 24 anos que se apresenta já como um dos candidatos a melhor da época (MVP).
Torna-se, na verdade, complicado arriscar um prognóstico sobre quem serão os finalistas – ou o vencedor – desta edição da NBA, depois de quatro anos onde ‘só’ houve Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers. Haverá, obviamente, a tendência de antever uma grande campanha para os Houston Rockets, onde James Harden continua a fazer exibições de luxo jogo após jogo – esta época soma uma média de 36,1 pontos por partida (apenas atrás dos lendários Michael Jordan e Wilt Chamberlain) e tornou-se o primeiro jogador a fazer pelo menos 30 pontos sobre cada adversário da liga na mesma edição. Terá, ainda assim, de se agigantar ainda mais para conseguir contrariar o favoritismo teórico dos Golden State pelo título da Conferência Oeste – o primeiro obstáculo são os Utah Jazz, a quem os Rockets venceram por 122-90 no primeiro jogo.
A Oeste, há ainda a realçar o embate entre os Denver Nuggets, uma das surpresas da fase regular (segundo), e os San Antonio Spurs, comandados pelo veterano Gregg Popovich e que disputam esta fase da prova pela 21ª vez consecutiva. Para já, venceram o primeiro jogo em Denver (96-101). O outro confronto opõe os Portland Trail Blazers aos Oklahoma City Thunder, que continuam a ter em Russell Westbrook, dono de estatísticas incríveis em pontos, assistências e ressaltos (o chamado triplo-duplo), a sua grande arma – mas também Paul George, outro dos candidatos a MVP da temporada. Na primeira partida, em Portland, os Blazers venceram por 104-99, pondo fim a uma série negra de dez jogos sem vitórias em playoffs.
O nigeriano melhor que Shaquille
Quem sucederá aos Cleveland Cavaliers como rei da zona Este é, de facto, uma das grandes interrogações desta edição da NBA. Por agora, os Bucks de Antetokounmpo – de quem o próprio Shaquille O’Neal disse ser melhor que ele nesta idade – deram uma demonstração clara de força na fase regular e são claros favoritos no duelo com os Detroit Pistons (já venceram o primeiro jogo por 121-86, com grande exibição do grego).
Segundos na fase regular, os Toronto Raptors foram surpreendidos no primeiro jogo do mata-mata, perdendo por 101-104 com os Orlando Magic, que regressam aos playoffs após sete anos de ausência. É, ainda assim, expectável que nomes como Kawhi Leonard e Kyle Lowry consigam dar a volta ao texto e levar os Raptors à fase seguinte – apesar da exibição para esquecer do base no primeiro jogo: zero pontos em sete lançamentos.
Outra das equipas que deixou muito boas indicações na primeira fase foram os Philadelphia 76ers, que no entanto também entraram em falso nos playoffs, perdendo o primeiro jogo com os Brooklyn Nets (102-111). No segundo, todavia, acertaram o passo, vencendo por 145-123, com Joel Embiid em destaque (23 pontos, uma assistência e dez ressaltos). O poste camaronês, um dos jogadores com físico mais imponente da liga (2,13 metros e 113 quilos), é a grande figura de uma equipa que conta ainda com o talento… e a excentricidade do extremo Jimmy Butler.
Falta falar dos Boston Celtics, sempre vistos como favoritos apesar do menor fulgor demonstrado nos últimos anos. A época de 2017/18, ainda assim, viu a equipa de Boston a ressurgir, caindo apenas na final da Conferência perante os Cleveland Cavaliers (3-4 em jogos), e a mera presença de Kyrie Irving (apesar de todo o drama recente sobre a sua permanência ou saída) chega para colocar os adversários em sentido.
Os Indiana Pacers que o digam. No primeiro jogo desta fase decisiva, em Boston, os Pacers – ainda a chorar a grave lesão de Victor Oladipo, que só voltará na próxima temporada – até chegaram ao intervalo a vencer (38-45). Na segunda parte, todavia, a história foi bem diferente – o terceiro parcial, então, foi negro: apenas oito pontos (a pior marca da história da equipa em playoffs). No fim, os Celtics venceram por dez pontos de diferença (84-74), repondo a ordem natural da eliminatória.
Em busca da história
Esta primeira ronda termina no dia 28, iniciando-se depois as meias-finais de cada conferência – em datas ainda a determinar, tal como das finais a Este e Oeste. O início da grande decisão está marcado de forma provisória para 30 de maio, reinando a expetativa para perceber se os Golden State Warriors conseguirão o tão desejado tricampeonato – igualando um feito só conseguido antes por Minneapolis/Los Angeles Lakers (de 1952 a 1954 e de 2000 a 2002), Boston Celtics (de 1959 a 1966) e Chicago Bulls (de 1991 a 1993 e de 1996 a 1999) –, ou se outra franquia conseguirá furar o reinado do conjunto de Oakland.
Em termos históricos, os Boston Celtics ainda são a equipa com mais títulos: 17, logo seguidos dos Lakers (16). Os Golden State (anteriormente Philadelphia Warriors e San Francisco Warriors) surgem em terceiro, com seis campeonatos (tantos como os Chicago Bulls), ocupando a mesma posição no que respeita ao número de aparições nas finais (dez, atrás das 21 dos Boston Celtics e das 31 dos Lakers).