Até a paciência dos eleitores tem um limite


É hora de os partidos se abrirem à sociedade e recrutarem os melhores entre os melhores. É hora de renovar geracionalmente todos os partidos.


Para o eleitor português médio é muito difícil compreender o que se passa na vida política nacional. São anos e anos de trafulhices, à esquerda e à direita, que nos últimos tempos têm sido postas a nu. A promiscuidade dos políticos com a banca, as portas giratórias nas empresas, o vereador antiespeculação imobiliária que, afinal, é especulador, o ex-primeiro-ministro que alegadamente é corrupto, a secretária de Estado anticolégios privados que, afinal, tem as filhas no privado, o secretário de Estado que nomeia o primo, os jotinhas que se apropriaram das máquinas partidárias e por aí adiante. São centenas de casos que nos últimos anos saltaram para os jornais e que nos envergonham enquanto portugueses.

Pode parecer, erradamente, que vivemos aquilo a que os socialistas gostam de chamar “clima de maior escrutínio”, que alguns comentadores definem como “ascensão dos populismos” e que alguns jornalistas dizem até que são “tempos perigosos para a democracia”.

No entanto, não é nada disso que se passa e a crise da nossa democracia é muito mais profunda do que aparenta. De um momento para o outro, o país real acordou e fartou-se de aturar e sustentar muitos dos que nos governam.

Cabe aos partidos, todos eles, novos e velhos, reverterem esta situação. É hora de devolver a credibilidade à política e de colocar nas funções de responsabilidade cidadãos que estejam interessados em contribuir, com o seu mérito profissional, para um futuro melhor do país. É hora de os partidos se abrirem à sociedade e recrutarem os melhores entre os melhores. É hora de renovar geracionalmente todos os partidos.

Os políticos que pensarem que tudo vai ficar na mesma, que os velhos hábitos vão perdurar e que têm apenas de continuar a sobreviver alimentando as suas clientelas estarão inevitavelmente condenados ao fracasso. Os tempos que vivemos cheiram por de mais a pólvora e as armas de comunicação que os cidadãos têm ao seu dispor hoje em dia são cada vez mais fortes. O escrutínio nunca irá diminuir e só tenderá a aumentar ainda mais, principalmente num ano com três importantes eleições.

Quem sobreviverá a estes novos tempos? É a pergunta para um milhão de dólares. Mas que nunca mais a política portuguesa será igual é algo que já ninguém pode negar.

 

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