Médico alvo de processo disciplinar por falar com mãe de doente sobre equipa médica que ia realizar cirurgia do filho

Médico alvo de processo disciplinar por falar com mãe de doente sobre equipa médica que ia realizar cirurgia do filho


Clínico que obteve de forma indevida contacto da mãe está a ser alvo de um processo disciplinar


Um médico, que pertence ao serviço do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, está a ser alvo de um processo disciplinar, após ter alegadamente desaconselhado a mãe de um doente a não realizar uma cirurgia marcada, afirmando que a equipa clínica não saberia realizar o procedimento.

A abertura do processo disciplinar foi confirmada através de uma carta enviada à Ordem dos Médicos, a que a agência Lusa, que dá conta de que o clínico em causa é um médico do serviço de otorrinolaringologia que terá tentado persuadir uma mulher a recusar a colocação de um implante coclear no filho de 11 anos.

A criança foi submetida à cirurgia, mas a mãe do doente informou por escrito a diretora clínica do hospital de que o médico em causa a contactou dias antes da cirurgia a indicar que não aceitasse a operação, "porque a equipa (…) não sabe fazer a cirurgia", segundo a carta a que a Lusa teve acesso.

A mãe, na mesma carta, sublinhou ainda que o médico, que não acompanhava a criança, terá conseguido obter o seu número de telefone através da direção da escola do filho, tendo inicialmente tentado, sem sucesso, consegui-lo através da assistente social.

O procedimento realizado na criança de 11 anos decorreu bem, tendo contado com a participação de três profissionais do Centro Hospitalar Lisboa Norte (Santa Maria) e dois do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, sendo dois deles os diretores de serviço de otorrino dos dois hospitais.

Confrontado com a situação, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, afirmou que ainda não teve oportunidade de ler a carta enviada pelo Centro Hospitalar Lisboa Norte, mas, pelo que lhe foi transmitido, adianta que "a situação é preocupante e tem de ser analisada e esclarecida”.

Sublinhe-se que o serviço de otorrino do Santa Maria tem estado envolvido em polémica desde que, em 2016, foi nomeado Leonel Luís como diretor de serviço. Já houve lugar a denúncias e acusações de irregularidades e perseguição de um lado, e queixas-crime por difamação do outro.

Segundo a agência Lusa, o médico sujeito agora a processo disciplinar, é um dos cinco clínicos que terá sido acusado pelo diretor de serviço de otorrino de Santa Maria de difamação e denúncia caluniosa.

Sublinhe-se que o ano passado, a Ordem dos Médicos decidiu que suspender a autorização de formar internos na especialidade de otorrinolaringologia do Hospital Santa "por não estarem reunidas as condições exigíveis", tendo prometido uma avaliação no prazo de 12 meses, que estarão quase a esgotar-se.