Quem planeia reescrever a História colherá tempestades


Aviso já: o início desta crónica vai soar a velho. Mas ainda sou do tempo em que nos ensinavam na escola que, embora a realidade do país fosse uma porcaria, o nosso passado tinha sido do caraças. Não tínhamos Web Summit nem Pavilhão Atlântico, nem Farfetch, nem Talkdesk, nem deputadas modernaças como a Isabel Moreira.…


Aviso já: o início desta crónica vai soar a velho. Mas ainda sou do tempo em que nos ensinavam na escola que, embora a realidade do país fosse uma porcaria, o nosso passado tinha sido do caraças. Não tínhamos Web Summit nem Pavilhão Atlântico, nem Farfetch, nem Talkdesk, nem deputadas modernaças como a Isabel Moreira. Ainda nem havia CR7 e um português jogar no Parma como o Couto ou na Fiorentina como o Rui Costa já era um acontecimento incrível. Éramos pequeninos e feios, conformados com o fado de termos sido incríveis no passado e contentes por ao menos termos tido isso.

Mas, de um momento para o outro, tudo mudou. Ainda bem que mudou. Hoje temos mais mundo, mais inovação e, principalmente, mais ambição. Somos falados no mundo e somos visitados por todo o mundo. 

Infelizmente, só não estamos melhores por vivermos reféns de uma esquerda taciturna e bolorenta, com rugas mais profundas do que as que o Jerónimo tem cravadas na cara. A esquerda do “inconstitucional”, dos “direitos adquiridos”, da “progressão na carreira” e de todos esses palavrões que nada dizem a quem quer trabalhar e prosperar, a quem vive no mundo do Airbnb, da Uber e do Spotify. Não falo sequer de mim – falo de uma geração que não quer saber de contratos de trabalho porque não planeia trabalhar mais de dois anos na mesma empresa, ou mesmo na mesma cidade, ou até no mesmo país. Falo de uma geração que não quer saber do preço dos combustíveis, porque entre trotinetes elétricas, Uber e bicicletas vai organizando as suas deslocações. Falo de uma geração que se está a marimbar para o SNS porque prefere nunca casar do que não ter dinheiro para a Médis ou para a Medicare. Falo de uma geração que, no meio de um mundo cada vez mais rápido, tem a incrível capacidade de se adaptar.

Mas se, em muitas coisas, o progresso foi incrivelmente bom na forma como vemos o mundo, infelizmente há também o reverso da medalha. A radicalização do discurso progressista da esquerda à esquerda do Jerónimo e a tentativa de reescrever a História são prova disso mesmo. De um momento para o outro, os países descobridores passaram a países colonizadores. Ao que parece, na boca de alguns iluminados está na hora até de começarmos a pedir desculpa pelos feitos que os nossos antepassados conseguiram. Gente que se meteu em barcos de madeira para cruzar oceanos passou perigosamente de heróis a malvados – tudo isto perante a passividade de quem olha para o patriotismo como algo menor e fascizante. 

É hora de estarmos alerta. Queremos muito continuar a escrever o futuro, mas 

não podemos deixar de nos orgulhar da nossa história. Até porque é também isso que nos faz ser visitados hoje e nos ajudará a projetar-nos no mundo do futuro. 

 

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Quem planeia reescrever a História colherá tempestades


Aviso já: o início desta crónica vai soar a velho. Mas ainda sou do tempo em que nos ensinavam na escola que, embora a realidade do país fosse uma porcaria, o nosso passado tinha sido do caraças. Não tínhamos Web Summit nem Pavilhão Atlântico, nem Farfetch, nem Talkdesk, nem deputadas modernaças como a Isabel Moreira.…


Aviso já: o início desta crónica vai soar a velho. Mas ainda sou do tempo em que nos ensinavam na escola que, embora a realidade do país fosse uma porcaria, o nosso passado tinha sido do caraças. Não tínhamos Web Summit nem Pavilhão Atlântico, nem Farfetch, nem Talkdesk, nem deputadas modernaças como a Isabel Moreira. Ainda nem havia CR7 e um português jogar no Parma como o Couto ou na Fiorentina como o Rui Costa já era um acontecimento incrível. Éramos pequeninos e feios, conformados com o fado de termos sido incríveis no passado e contentes por ao menos termos tido isso.

Mas, de um momento para o outro, tudo mudou. Ainda bem que mudou. Hoje temos mais mundo, mais inovação e, principalmente, mais ambição. Somos falados no mundo e somos visitados por todo o mundo. 

Infelizmente, só não estamos melhores por vivermos reféns de uma esquerda taciturna e bolorenta, com rugas mais profundas do que as que o Jerónimo tem cravadas na cara. A esquerda do “inconstitucional”, dos “direitos adquiridos”, da “progressão na carreira” e de todos esses palavrões que nada dizem a quem quer trabalhar e prosperar, a quem vive no mundo do Airbnb, da Uber e do Spotify. Não falo sequer de mim – falo de uma geração que não quer saber de contratos de trabalho porque não planeia trabalhar mais de dois anos na mesma empresa, ou mesmo na mesma cidade, ou até no mesmo país. Falo de uma geração que não quer saber do preço dos combustíveis, porque entre trotinetes elétricas, Uber e bicicletas vai organizando as suas deslocações. Falo de uma geração que se está a marimbar para o SNS porque prefere nunca casar do que não ter dinheiro para a Médis ou para a Medicare. Falo de uma geração que, no meio de um mundo cada vez mais rápido, tem a incrível capacidade de se adaptar.

Mas se, em muitas coisas, o progresso foi incrivelmente bom na forma como vemos o mundo, infelizmente há também o reverso da medalha. A radicalização do discurso progressista da esquerda à esquerda do Jerónimo e a tentativa de reescrever a História são prova disso mesmo. De um momento para o outro, os países descobridores passaram a países colonizadores. Ao que parece, na boca de alguns iluminados está na hora até de começarmos a pedir desculpa pelos feitos que os nossos antepassados conseguiram. Gente que se meteu em barcos de madeira para cruzar oceanos passou perigosamente de heróis a malvados – tudo isto perante a passividade de quem olha para o patriotismo como algo menor e fascizante. 

É hora de estarmos alerta. Queremos muito continuar a escrever o futuro, mas 

não podemos deixar de nos orgulhar da nossa história. Até porque é também isso que nos faz ser visitados hoje e nos ajudará a projetar-nos no mundo do futuro. 

 

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