O líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, atacou o Governo, à porta do plenário da Assembleia da República, por causa das nomeações de familiares de dirigentes do PS para o Governo. Até aqui tudo bem. No entanto, o mesmo usou como argumentação que “não vivemos numa monarquia”. Esta barbaridade intelectual fica com quem a profere, mas é grave e merece ser desmentida.
Recuemos a julho do ano passado, quando o líder parlamentar do PSD defendia que Sá Carneiro deveria ir para o Panteão Nacional, afirmando que “merece todas as honras que o país tenha para dar”. Ora aqui está, falemos então do líder mais carismático da história do partido de Negrão, que talvez o próprio não saiba mas não só era monárquico como ao que consta até era militante da Causa Real. Facto que acontece com vários atuais e antigos dirigentes do PSD – como por exemplo Paulo Teixeira Pinto, que chegou mesmo a presidente da Causa Real – e inúmeros dirigentes do CDS.
Mas o desconhecimento de Fernando Negrão sobre a história do PSD é realmente gritante. Principalmente tendo em conta que o mesmo foi pela primeira vez eleito deputado em 2002, no início da IX Legislatura, precisamente a mesma legislatura em que PSD e CDS se uniram para fazer um projeto comum de revisão constitucional que partia de dois pontos basilares, o fim do preâmbulo e o fim da alínea b) do artigo 288.º da CRP, que abriria porta a que os portugueses fossem livres a poder escolher democraticamente entre a forma monárquica ou republicana de regime.
A monarquia não é uma brincadeira e não acredito que um rei lidasse bem com o nepotismo dos membros de um qualquer Governo. Aliás, não é por acaso que dificilmente veríamos isto acontecer em monarquias como a inglesa, sueca, norueguesa ou dinamarquesa. Países estes que aliás estão sempre a ser referidos como excelentes exemplos de desenvolvimento, qualidade de vida e maturidade cívica e democrática.
A real vantagem de um rei é, na verdade, nunca ter sido político e por isso mesmo não dever favores a ninguém. Um rei é livre porque nasce rei, respondendo apenas perante aqueles que ele jurou e foi criado para servir: o seu povo. Tentar ocultar este facto e menorizar intelectualmente os monárquicos, fica mal ao PSD e ao seu líder parlamentar. Alguém nos deve um pedido de desculpas.
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