O presidente do PS, Carlos César, fez ontem um balanço positivo dos acordos à esquerda que permitiram ao PS governar nos últimos três anos e meio, acrescentando que foi uma “experiência bem-sucedida”. A ideia foi defendida numa entrevista à Antena 1 em que o também presidente do grupo parlamentar socialista colocou várias reservas ao cenário de um governo com elementos do PCP e do Bloco de Esquerda num futuro executivo do PS, após as legislativas.
“Nas circunstâncias atuais, dificilmente veria Catarina Martins como ministra dos Negócios Estrangeiros ou Jerónimo de Sousa como ministro da Defesa Nacional”, afirmou Carlos César para ilustrar as dificuldades de uma solução com governantes das três forças políticas.
Para o dirigente socialista, tanto o PCP como o Bloco de Esquerda “têm de ir além de uma perspetiva sindical com que abordam muitos dos temas”. No caso particular dos bloquistas, e perante a ambição de Catarina Martins de tentar levar o seu partido para um futuro governo de esquerda, César voltou a colocar mais algumas dúvidas, evidenciando as distâncias com o Bloco, designadamente sobre a Europa ou a defesa.
Questionado sobre a recente polémica entre Catarina Martins e o PS, por causa da gestão do dossiê do Novo Banco, Carlos César procurou desvalorizar o problema. A coordenadora do Bloco de Esquerda comparou António Costa a Passos Coelho na gestão dos problemas do sistema financeiro e César arrumou a questão, sublinhando que o Bloco, por ser um partido plural, também tem de “acalmar algumas dessas composições internas”.
Entretanto, Jerónimo de Sousa, líder do PCP, preferiu não se comprometer com soluções governativas após as eleições, apesar de os comunistas estarem “disponíveis para dar uma contribuição à luz do interesse nacional”, conforme explicou Jerónimo de Sousa aos jornalistas no final de uma audiência no Palácio de Belém, e citado pela Lusa.
Na mesma entrevista, Carlos César também abordou temas como a regionalização, admitindo que dificilmente o tema avançará nos próximos quatro anos, mas também as presidenciais e o papel do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O presidente da bancada socialista considerou que o chefe de Estado desempenha as suas funções numa versão de proximidade com a população, mas que não é populista. Sobre um eventual apoio do PS a Marcelo Rebelo de Sousa dentro de dois anos, César não fechou cenários, lembrando apenas que não são os partidos que apresentam candidaturas. “A eleição presidencial não é uma eleição partidária”, acrescentou o também presidente socialista, deixando escapar ainda a ideia de que acredita numa recandidatura de Marcelo: “Teremos Marcelo Rebelo de Sousa nas próximas eleições presidenciais.” E não abriu o jogo sobre se poderá vir a ser o próximo presidente do parlamento, limitando-se a afirmar que o PS deve seguir o “caminho da renovação”.