Deixem de ser virgens ofendidas. Populistas são todos!


Começo com um alerta. Em homenagem ao assunto, escrevo hoje num registo assente na mesma dinâmica. Portugal está em ano de eleições. Duas até. E, nestes períodos em que a proximidade do sufrágio representa para todos os atores políticos o momento em que o que interessa é chegar ao pessoal, não consigo perceber o histerismo…


Começo com um alerta. Em homenagem ao assunto, escrevo hoje num registo assente na mesma dinâmica. Portugal está em ano de eleições. Duas até. E, nestes períodos em que a proximidade do sufrágio representa para todos os atores políticos o momento em que o que interessa é chegar ao pessoal, não consigo perceber o histerismo em torno da palavra populismo. Vejamos. Em primeiro lugar, bastará consultar um dicionário para constatar que a definição de populismo, com maior ou menor elasticidade proveniente das várias edições no mercado, andará sempre à volta de uma conceção que, seja mais doutrinária ou prática, caracteriza uma forma de estar na política, permitindo obter o maioritário apoio do povo para dessa forma o seu mensageiro chegar ao poder e/ou governar com maior facilidade.

Ora, verdadeiramente, esta é uma circunstância com a qual todos os portugueses e, diria, qualquer cidadão de uma democracia do mundo está habituado a conviver. Todos os dias, em todas as matérias, com todos os partidos políticos, com todos os governos, com todos os candidatos eleitorais, enfim, com tudo e com todos quantos se dirijam à sociedade na busca do seu apoio para o que quer que seja. Torna-se, por isso, complicado aceitar que os políticos, todos contra todos, utilizem o argumento do “ser populista” para descredibilizar os seus opositores. Não há político que equacione poder sê-lo com relativo sucesso sem ser populista. No máximo haverá populistas maiores e populistas mais pequenos. Há populistas refinados e populistas burgessos. Poderá haver populismos com os quais nos identifiquemos mais e nos identifiquemos menos. Mas aí caberá ao povo separar o trigo do joio. Ouvir um qualquer político chamar populista a outro é que me parece sempre uma perfeita aplicação do adágio popular “diz ao roto ao nu”. Mas tudo isto num prisma meramente etimológico/procedimental. Vamos observar a prática de uma qualquer governação ou candidatura.

Nos tempos das vacas gordas, qual era a forma mais fácil de ganhar eleições? Anunciar obras públicas (e agora, em era de vacas não magras mas anoréticas, pelos vistos mantém-se). Autoestradas, pontes, viadutos, piscinas municipais, rinques polidesportivos, etc. Não digo que não fizessem falta nalguns locais, mas noutros era populismo puro. Neste caso, na sua vertente despesista. Tudo à grande, sem olhar a despesas. Se pensarmos numa qualquer eleição legislativa, qual é a bandeira sempre utilizada pelo candidato a primeiro-ministro e que, volvida a contagem dos votos, cai imediatamente por terra? O baixar dos impostos. Deveriam baixar, de facto. E muito. Mas todos sabemos que quando nos prometem tal feito, o mesmo é puro populismo. Não vai acontecer. E nós todos sabemo-lo bem mas, ainda assim, ousamos acreditar. Pensemos no atual executivo. António Costa diz que no seu país estamos em grande. O défice diminuiu, Portugal está melhor, há mais emprego, a população está mais feliz, tudo maravilhas. No país real temos o SNS falido, greves a torto e a direito, cativações, jovens formados sem emprego ou a auferir 500 euros por mês, impostos e contribuições a subir e, a tudo isto, “morra quem se negue”.

Não é populismo? Digam-me. Por último, pensemos na atual Presidência da República. Mas há lá coisa mais populista que ela? Beijinhos, abraços, afagos, possíveis recandidaturas na base do “se tiver saúde e cá vier o Papa ou sei lá quem”, telefonemas a apresentadores de televisão, o diabo a quatro. Já resolver os problemas? Ir ao essencial? Promover aquilo de que realmente as pessoas, na prática, precisam? Bola! Zero! Não há como fugir! Não devia ser assim, mas é! Portanto, uma vez que é assim, pelo menos deixem o povo escolher em paz qual o populista que mais lhe agrada. Agora, internamente, na classe, assumam de uma vez que o são todos.

 

Escreve à sexta-feira


Deixem de ser virgens ofendidas. Populistas são todos!


Começo com um alerta. Em homenagem ao assunto, escrevo hoje num registo assente na mesma dinâmica. Portugal está em ano de eleições. Duas até. E, nestes períodos em que a proximidade do sufrágio representa para todos os atores políticos o momento em que o que interessa é chegar ao pessoal, não consigo perceber o histerismo…


Começo com um alerta. Em homenagem ao assunto, escrevo hoje num registo assente na mesma dinâmica. Portugal está em ano de eleições. Duas até. E, nestes períodos em que a proximidade do sufrágio representa para todos os atores políticos o momento em que o que interessa é chegar ao pessoal, não consigo perceber o histerismo em torno da palavra populismo. Vejamos. Em primeiro lugar, bastará consultar um dicionário para constatar que a definição de populismo, com maior ou menor elasticidade proveniente das várias edições no mercado, andará sempre à volta de uma conceção que, seja mais doutrinária ou prática, caracteriza uma forma de estar na política, permitindo obter o maioritário apoio do povo para dessa forma o seu mensageiro chegar ao poder e/ou governar com maior facilidade.

Ora, verdadeiramente, esta é uma circunstância com a qual todos os portugueses e, diria, qualquer cidadão de uma democracia do mundo está habituado a conviver. Todos os dias, em todas as matérias, com todos os partidos políticos, com todos os governos, com todos os candidatos eleitorais, enfim, com tudo e com todos quantos se dirijam à sociedade na busca do seu apoio para o que quer que seja. Torna-se, por isso, complicado aceitar que os políticos, todos contra todos, utilizem o argumento do “ser populista” para descredibilizar os seus opositores. Não há político que equacione poder sê-lo com relativo sucesso sem ser populista. No máximo haverá populistas maiores e populistas mais pequenos. Há populistas refinados e populistas burgessos. Poderá haver populismos com os quais nos identifiquemos mais e nos identifiquemos menos. Mas aí caberá ao povo separar o trigo do joio. Ouvir um qualquer político chamar populista a outro é que me parece sempre uma perfeita aplicação do adágio popular “diz ao roto ao nu”. Mas tudo isto num prisma meramente etimológico/procedimental. Vamos observar a prática de uma qualquer governação ou candidatura.

Nos tempos das vacas gordas, qual era a forma mais fácil de ganhar eleições? Anunciar obras públicas (e agora, em era de vacas não magras mas anoréticas, pelos vistos mantém-se). Autoestradas, pontes, viadutos, piscinas municipais, rinques polidesportivos, etc. Não digo que não fizessem falta nalguns locais, mas noutros era populismo puro. Neste caso, na sua vertente despesista. Tudo à grande, sem olhar a despesas. Se pensarmos numa qualquer eleição legislativa, qual é a bandeira sempre utilizada pelo candidato a primeiro-ministro e que, volvida a contagem dos votos, cai imediatamente por terra? O baixar dos impostos. Deveriam baixar, de facto. E muito. Mas todos sabemos que quando nos prometem tal feito, o mesmo é puro populismo. Não vai acontecer. E nós todos sabemo-lo bem mas, ainda assim, ousamos acreditar. Pensemos no atual executivo. António Costa diz que no seu país estamos em grande. O défice diminuiu, Portugal está melhor, há mais emprego, a população está mais feliz, tudo maravilhas. No país real temos o SNS falido, greves a torto e a direito, cativações, jovens formados sem emprego ou a auferir 500 euros por mês, impostos e contribuições a subir e, a tudo isto, “morra quem se negue”.

Não é populismo? Digam-me. Por último, pensemos na atual Presidência da República. Mas há lá coisa mais populista que ela? Beijinhos, abraços, afagos, possíveis recandidaturas na base do “se tiver saúde e cá vier o Papa ou sei lá quem”, telefonemas a apresentadores de televisão, o diabo a quatro. Já resolver os problemas? Ir ao essencial? Promover aquilo de que realmente as pessoas, na prática, precisam? Bola! Zero! Não há como fugir! Não devia ser assim, mas é! Portanto, uma vez que é assim, pelo menos deixem o povo escolher em paz qual o populista que mais lhe agrada. Agora, internamente, na classe, assumam de uma vez que o são todos.

 

Escreve à sexta-feira