Após euforia no Dragão, Benfica volta à Liga Europa com Dínamo de Zagreb

Após euforia no Dragão, Benfica volta à Liga Europa com Dínamo de Zagreb


O Benfica defronta esta quinta-feira o Dínamo de Zagreb, um gigante na Croácia mas que se veste de cordeirinho nas competições europeias para depois tirar a capa e ferir os adversários com saídas rápidas para o ataque. Basta, ainda assim, que as águias mantenham a fome de vencer dos últimos dois meses: a garantia é…


A euforia pela vitória no clássico do Dragão já lá vai: agora é hora de voltar às lides europeias. Pela frente, o Benfica terá esta tarde o Dínamo de Zagreb, um autêntico bicho-papão na Croácia (13 vezes campeão desde o início do século) mas que tem nesta chegada aos oitavos-de-final da Liga Europa a melhor campanha europeia desde 97/98. Por essa razão, vive-se uma fase de euforia em redor do gigante da capital croata, como se pôde perceber pela loucura na corrida aos bilhetes para o jogo de hoje (e também para o encontro da segunda mão, na Luz).

Esta época, o Dínamo vai mais uma vez embalado para o título – o segundo consecutivo: são 18 vitórias, quatro empates e apenas uma derrota em 23 jogos. Esse desaire aconteceu em novembro frente ao Rijeka, atual segundo classificado e a última equipa a quebrar a hegemonia do conjunto da capital, em 2016/17. Ali mora João Escoval, o único português a jogar atualmente na liga croata. O central de 21 anos apresenta ainda outra particularidade: fez todo o percurso de formação… no Benfica (à exceção da temporada 2014/15, onde foi emprestado ao Casa Pia), deixando as águias em 2017/18 rumo à aventura croata: assinou primeiro pelo modesto Istra Pula e, depois de uma primeira metade da época onde “tudo correu bem a nível individual”, assinou pelo então campeão em título.

Ao i, João Escoval traça o perfil do adversário desta tarde dos encarnados, explicando quais as armas que Bruno Lage poderá utilizar para ferir o Dínamo. “O ponto mais fraco talvez seja o momento defensivo. Os dois laterais são muito ofensivos e não são tão bons a defender. Além disso, o Ademi, que é o capitão e um médio que dá muito à equipa, tanto defensiva como ofensivamente, está lesionado e isso pode deixar o Dínamo mais fraco. É um jogador muito experiente, de seleção, e a sua falta pode fazer-se sentir”, realça o defesa luso, exortando os encarnados a adotar a mesma atitude que têm vindo a demonstrar com Lage ao leme: “Circulação de bola muito rápida, trocas posicionais, reação forte à perda da bola. A velocidade com que o Benfica está a jogar e as trocas de posições entre os jogadores da frente baralham os defesas contrários, tiram-lhes as referências.”

Já o ponto forte do campeão croata está bem identificado. “É o Dani Olmo [médio espanhol de 20 anos], que joga a 10. É muito forte no drible, na condução da bola e na tomada de decisão. É o jogador que mais faz a diferença no Dínamo”, salienta João Escoval, embora garantindo que o Benfica terá de contrariar acima de tudo o coletivo do opositor: “É preciso ter atenção aos contra-ataques. Na Croácia, o Dínamo joga de forma muito ofensiva, até a descurar muitas vezes a parte defensiva. Mas na Europa tem outra postura: mais calculista, consistente atrás, dá a iniciativa de jogo ao adversário e fica na expetativa para sair em contra-ataque. Os laterais são muito rápidos e na frente tem também jogadores muito rápidos, móveis e com boa qualidade técnica, apesar da ausência do Hajrovic, que está lesionado. É uma equipa que vale pelo todo, mas muito versátil e com bastante qualidade.”

 

Concorrência de (muito) peso

Apesar dos elogios ao Dínamo, João Escoval atribui o favoritismo ao Benfica. Devido a uma lesão, que o obriga a fazer tratamento à hora da partida, o central português não poderá assistir ao vivo ao jogo desta tarde, falhando assim o reencontro com vários antigos colegas. É verdade: Escoval partilhou durante largos anos o balneário com muitos dos atuais elementos do plantel encarnado, nomeadamente Rúben Dias e Ferro, que hoje voltarão a ser titulares no centro da defesa.

Foi, de resto, devido à forte concorrência destes dois elementos que o defesa optou, no início da época passada, por mudar de ares. “Percebi que ia jogar pouco no Benfica B e decidi arriscar. Claro que tive algumas dúvidas quando recebi a proposta para vir para a Croácia, mas senti que precisava de mudar, conhecer outra realidade. E a verdade é que correu tudo muito bem, cumpri os objetivos a que me propus a título individual no Istra Pula e depois surgiu o convite do Rijeka, uma equipa grande da Croácia onde tenho jogado muito [soma 16 jogos esta temporada]”, ressalva.

E se tivesse continuado no Benfica, será que hoje podia estar a concorrer com Rúben Dias e Ferro na equipa A? “Pois (risos)… não sei se iria jogar. Um jovem precisa de jogar, precisa de minutos, e não me arrependo da minha decisão. Já cresci muito, ganhei muita experiência e só tenho coisas boas a dizer”, assume João Escoval, o único luso a atuar num campeonato onde o futebol “é mais agressivo” do que em Portugal. “Os árbitros não apitam tão facilmente. Mas é um futebol também muito técnico, os jogadores croatas são muito bons tecnicamente. E aqui apostam muito nos jovens”, refere.

Outra das particularidades da liga croata é o facto de ser composta apenas por dez equipas, o que obriga a que todas tenham de realizar quatro jogos contra todos os adversários, ao invés dos tradicionais dois. “Pois, isso é um pouco estranho. Já jogámos duas vezes com o Dínamo esta época e ainda vamos jogar outras duas”, lembra João Escoval – e a próxima é já este fim de semana, sendo o Rijeka a única equipa a quem o Dínamo ainda não ganhou (antes da já referida derrota, em novembro, tinham empatado a uma bola em setembro).

Para este jogo, João Escoval foi o “espião” predileto da imprensa portuguesa… mas também da croata. “Sim, ligaram-me de dois jornais desportivos daqui para falar sobre o Benfica”, conta ao nosso jornal. E João respondeu, claro, mas em inglês, embora já fale alguma coisa de croata. “A língua é muito complicada! Agora já percebo muitas coisas e consigo desenrascar-me numa conversa, mas no início não percebia nada. Mas é mesmo só desenrascar, não é falar fluentemente”, sentencia.