O conjunto de dados estruturados e não estruturados da política pública do mar atualmente gerado pelas organizações económicas, sociais, de lazer, governo central e local, de I&D e universidades é de enorme amplitude. No entanto, longe de estar a funcionar em pleno, a informação ainda se encontra dispersa, deficientemente armazenada e fechada nas instituições que a recolhem.
Na verdade, além de fechada, em muitos casos não é objeto de qualquer tratamento analítico por forma a extrair conhecimento que permita dotar a governança de informação célere e eficaz, para uma melhor e mais objetiva decisão na edificação de estratégias mais adequadas à regeneração e ou emersão de novos negócios ou de políticas públicas.
Assim, trabalhar uma ação de política pública do mar que permita criar as condições para agregar o conhecimento existente é prioritário, para que numa primeira fase possamos identificar todos os atores que direta ou indiretamente geram dados e procedem ao seu armazenamento. Pelo que o projeto SEAMInd, promovido, desenvolvido e gerido pela DGPM, é de elevada importância para que fique no esquecimento e no limbo do mar português.
Naturalmente, a posteriori terá de caminhar velozmente para a criação de uma plataforma online onde os dados coletados pelas diferentes organizações sejam disponibilizados em contínuo.
Sendo certo também que não poderá ficar apenas pela disponibilização online dos dados gerados pelas organizações. O mar português precisa de uma plataforma online com capacidade de conter e agregar informação organizada, monitorizada e capaz de gerar informação analítica, para os diversos atores disporem de um instrumento que contribua para melhorar a sua capacidade de análise e decisão.
Para tal é importante que a plataforma a criar recolha permanentemente e disponibilize não só dados mas também indicadores, estudos, planos, conta satélite do mar, bem como dados georreferenciados do plano de situação (PSOEM), dos equipamentos existentes (portos, marinas, docas, rampas, pontos de atracagem, docas secas, estaleiros, etc.), empresas de mar, etc.
Esta multidiversidade de informação, disponibilizada permanentemente, é o que irá permitir criar condições para que um big data do mar ofereça a oportunidade de acesso a informação analítica, insights precisos e gerados em tempo útil, assegurando um desenvolvimento de excelência ao mar português.
O cidadão marítimo e não marítimo português precisa de um espaço online unificador e detentor destas características, que se construa e reconstrua continuadamente, sendo esta certamente uma boa e determinante ação de política pública do mar para garantir informações velozes e assertivas a uma economia azul sustentável e de futuro.
Gestor e analista de políticas públicas, Escreve quinzenalmente à sexta-feira