Anacom quer alteração da lei para contemplar regime sancionatório sobre informações falsas

Anacom quer alteração da lei para contemplar regime sancionatório sobre informações falsas


Em relação aos indicadores da qualidade do serviço dos Correios, o responsável admite que têm vindo a degradar-se, com a empresa a registar perto dos “mínimos exigidos”


A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) já avançou com proposta de alteração da lei para contemplar regime sancionatório para a prestação de informações enganosas. A garantia foi dada pelo presidente João Cadete de Matos que está a ser ouvido esta quarta-feira no Parlamento.

Em causa está a “guerra” entre o regulador e os CTT no que diz respeito ao número de reclamações dos Correios. A Anacom acusou ontem a empresa de Francisco Lacerda de utilizar a nomenclatura “reclamações” para englobar as queixas e os pedidos de informação para que estas tenham sido alvo de uma redução de 7% no ano passado, quando o regulador diz que aumentaram 43% nesse período. Logo a seguir os CTT voltaram a garantir essa diminuição. 

Já esta segunda-feira, os Correios manifestaram o seu desacordo em relação à decisão da Anacom que acusa os Correios de sobrevalorizarem as despesas do serviço postal e dos gastos com o banco CTT em recursos partilhados como água, rendas, seguros, limpeza e alugueres. “Sem prejuízo de uma análise mais detalhada, os CTT manifestam desde já o seu desacordo relativamente ao sentido provável de decisão da Anacom” e garantem que o mesmo “não impacta os resultados estatutários”. A empresa liderada por Francisco Lacerda diz ainda que irão analisar “mais detalhadamente o sentido provável de decisão e transmitir a sua posição oficial em sede próprio”.

Esta reação surge depois de o regulador ter revelado na sexta-feira que os CTT desviaram a contabilização de custos da operação bancária para a atividade postal. De acordo com o regulador, o desenvolvimento da atividade bancária nas estações de correios tem como pressuposto “uma partilha de recursos (como gastos com pessoal, rendas, alugueres, seguros, condomínios, água, eletricidade, entre outros), entre a atividade postal e a atividade bancária. A auditoria, diz a Anacom

Para João Cadete de Matos, a lei deve prever mecanismos para "dissuadir qualquer tentativa de prestação de informação abusiva”, acrescentando que a legislação deve determinar “regras muito objetivas quanto às responsabilidades das empresas e gestores na prestação de informação. E, por isso, nas alterações legislativas que enviámos ao governo, prevemos a alteração do regime sancionatório nesta matéria”.

Quanto à intervenção do regulador, aos deputados, o presidente da Anacom deixa uma garantia: “A Anacom tem vindo a cumprir a sua missão com grande rigor e transparência".

Já em relação aos indicadores da qualidade do serviço dos Correios, o responsável admite que têm vindo a degradar-se, com a empresa a registar perto dos “mínimos exigidos".

Ainda na semana passada, o presidente dos Correios criticou as alterações que têm sido feitas nos últimos dois anos por parte do regulador em matéria de critérios a cumprir. “Temos um contrato de concessão de 20 anos e nos últimos dois anos houve um agravamento de critérios por parte da Anacom”. Umas alterações que levaram a empresa a impugnar. “Passámos de 11 para 24 indicadores de qualidade, em que alguns deles têm exigências de 99,9%, o que não permite o erro humano, mas a nossa atividade baseia-se em carteiros”, disse Lacerda no programa “Tudo é Economia”.