Costa não troca a esquerda por Rui Rio. Só com “uma invasão de marcianos”

Costa não troca a esquerda por Rui Rio. Só com “uma invasão de marcianos”


Costa garante que a geringonça é para continuar a seguir às eleições, mas com Mário Centeno no governo. “Não me deu nenhum sinal de estar indisponível”, disse, em entrevista à SIC, o primeiro-ministro 


António Costa deu a primeira entrevista do ano em que se realizam eleições europeias e legislativas e garantiu que quer continuar com a geringonça. Com a convicção de que a maioria absoluta é quase impossível, o primeiro-ministro, na entrevista à SIC, esta terça-feira à noite, reafirmou que quer manter a aliança com a esquerda, porque “uma boa solução política deve ser prosseguida para continuarmos a melhorar a vida das pessoas”.

Costa foi confrontado com todos os cenários a seguir às eleições legislativas do dia 6 de outubro e apontou para a continuidade da geringonça. “Eu, por mim, sigo em frente”. Outro cenário seria uma coligação com a Aliança, no caso de Santana Lopes ter um bom resultado, mas o líder socialista aproveitou para voltar a afastar qualquer aproximação à direita. Para António Costa, um Bloco Central só deve ser colocado em cima da mesa em situações excecionais. “Com eu digo uma invasão de marcianos”, acrescentou Costa, garantindo que “não faz nenhum sentido haver esse tipo de entendimento”.

O primeiro-ministro não fechou, porém, a porta a consensos mais alargados com a direita em matérias como as obras públicas, política externa ou política de Defesa. 

Centeno ou Mortágua? O ministro das finanças foi outro dos temas da entrevista. Questionado sobre qual vai ser o próximo ministro das Finanças, Costa deu a entender que quer manter Mário Centeno. “Estou muito satisfeito com o atual ministro. Não me deu nenhum sinal de estar indisponível para continuar no governo”, respondeu. 

À pergunta sobre se trocaria Centeno por Mariana Mortágua, Costa respondeu com a garantia de que não trocaria o seu ministro pela deputada do Bloco de Esquerda. “Obviamente que não”, disse o líder socialista, que já afastou a hipótese de levar os bloquistas para o governo na próxima legislatura. 

Costa aproveitou esta entrevista para explicar a crispação com Assunção Cristas, nomeadamente nos debates na Assembleia da República. “Há coisas que eu não admito. Uma pessoa que escreve um artigo a dizer que eu sou uma pessoa sem caráter… Eu não admito isso no debate político. Nunca fiz ataques pessoais a ninguém, mas também há limites para o que estou disponível para ouvir. Não vou sorrir para uma pessoa que escreveu que eu sou uma pessoa sem caráter”. 

Costa refere-se a um artigo de opinião, no “Correio da Manhã”, em que a presidente do CDS lhe fez duras críticas por causa da forma como geriu os incêndios. “Já sabíamos do seu habilidoso contorcionismo e do difícil relacionamento com a verdade, nestes casos revelou ainda pior: falta de caráter”, escreveu Cristas, no final de 2017.

As presidenciais são só daqui a dois anos, mas o primeiro-ministro não teve problemas em assumir que Marcelo Rebelo de Sousa tem tudo para as vencer. Sobre a posição que o PS vai assumir, António Costa prefere não abrir o jogo.