Os juros do crédito à habitação têm vindo a subir. De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de juro aumentou em 0,4 pontos-base em dezembro face a novembro, fixando-se nos 1,053%. Ou seja, os juros estão em máximos de mais de dois anos. Desde agosto de 2016 que não se registava uma taxa tão elevada (1,059%).
Este cenário permite antever uma subida na prestação da casa e a opinião é unânime junto de vários economistas: a subida nos juros é inevitável – já que temos assistido a prestações muito baixas depois de as taxas de juro terem afundado para mínimos históricos. Mas nem tudo são más notícias. A subida dos juros deverá ser feita de forma moderada e, como tal, o aumento dos encargos com o crédito também será reduzido.
A explicação é simples: o aumento das prestações do crédito à habitação está relacionado com a expetativa da subida de juros por parte do Banco Central Europeu (BCE). No entanto, de acordo com vários economistas, o preço do dinheiro deverá começar a subir nos próximos meses. Mas, como a subida deverá ser ligeira, isso significa que vamos continuar a ter uma taxa de juro baixa. Este pequeno aumento deverá provocar um ajuste nas taxas Euribor a três, seis, nove e 12 meses – que são os indexantes mais usados em Portugal no crédito à habitação -, o que se refletirá na prestação a pagar ao banco.
O certo é que a subida das taxas Euribor poderá afetar mais as famílias portuguesas que as europeias. Esse alerta foi dado pelo Banco de Portugal (BdP) quando divulgou o último Relatório de Estabilidade Financeira, em dezembro.
A instituição liderada por Carlos Costa disse que, “de um modo geral, as famílias portuguesas encontram-se muito mais vulneráveis a alterações das taxas de juro de curto prazo que as congéneres do conjunto da área, dado que uma parte mais significativa dos empréstimos que contraíram no passado foi a taxa variável (isto é, indexada à Euribor)”.
O que fazer? Para aqueles que já têm o crédito à habitação, pouco ou nada há a fazer. Para estes, a solução poderá passará por “canalizar parte da poupança para amortizar o crédito” (ver texto ao lado). Já aqueles que ainda não contraíram empréstimo poderão tomar a decisão de forma mais consciente. O ideal é fazer uma simulação do valor a pagar com os juros atuais e outra com os juros na ordem dos 4%.
Convém não esquecer que, no caso dos novos contratos, a subida da Euribor pode ser acompanhada por um aumento dos spreads. Os bancos justificam-se com a maior dificuldade em conseguirem financiamento.
Optar pela taxa fixa pode ser uma alternativa às oscilações dos juros. Esta é uma modalidade muito usada no norte da Europa, mas com poucos adeptos por cá. Mas vamos a números. Por exemplo, se hoje se contratar um crédito à habitação de 150 mil euros a 480 meses (40 anos) com uma taxa variável de 1,25% (Euribor 12 meses + spread), pagará uma prestação mensal de 397 euros. Se, para o mesmo valor de financiamento e prazo, se contratar uma taxa fixa de 2%, paga-se uma prestação de 454 euros. A diferença são 57 euros mensais, que ao final de cinco anos são 3420 euros.