Nenhum partido é eterno, muito menos o PSD


Escrevo esta crónica às 16h30 de quinta-feira, dia 17 de Janeiro, a tempo de ser revista, paginada e colocada para impressão. Como tal, não sei o que se passou ontem (ou seja, para mim hoje) no Conselho Nacional do PSD. Estou pois numa posição absolutamente ingrata.  Posso não saber se quem ganhou foi Rio ou…


Escrevo esta crónica às 16h30 de quinta-feira, dia 17 de Janeiro, a tempo de ser revista, paginada e colocada para impressão. Como tal, não sei o que se passou ontem (ou seja, para mim hoje) no Conselho Nacional do PSD. Estou pois numa posição absolutamente ingrata. 

Posso não saber se quem ganhou foi Rio ou Montenegro, mas sei seguramente quem saiu a perder. O PSD, o partido com maior representação parlamentar em Portugal, é hoje uma anedota em comparação àquilo que já foi. Daquilo que foi no passado recente, mas principalmente do papel importante que representou nas últimas décadas da história de Portugal.

Os últimos meses foram uma miséria absoluta. Escândalos atrás de escândalos. “Companheiros” a apunhalarem-se pelas costas. Fugas de informação de São Caetano à Lapa, infiltrados, agentes duplos e uma guerra fratricida pelo poder. Ainda por cima, por um poder que pode até nunca mais voltar a existir. Porque existe uma possibilidade real do PSD afundar-se eleitoralmente e perder a esmagadora maioria da sua expressão eleitoral. De que serve um lugar numa lista de deputados que não elege deputados? É isto que os quadros, caciques e barões do partido deviam pensar.

Rio é um líder fraco, obviamente que é. Aliás, usei várias vezes esta coluna para alertar para o risco imenso que o PSD atravessaria caso Rio ganhasse as eleições internas. O tempo acabou por me dar razão. 

Não há espaço em Portugal para outro partido ideologicamente social-democrata, porque já existe um partido social-democrata: chama-se PS e eles sim, custe o que custar a Ferreira Leite, são os verdadeiros herdeiros da nostalgia de Keynes, Olof Palme e Willy Brandt. O PSD, pelo menos o de hoje, é um partido que tem um eleitorado de centro-direita, tendencialmente liberal na economia e semi--conservador nos costumes. Como tantas vezes já se escreveu, o PSD não pode ser apenas um PS com um D à frente. Porque caso opte por fazê-lo, irá tornar-se absolutamente dispensável à democracia.

O PSD enfrenta hoje uma tempestade perfeita: um dos seu ex-líderes saiu para criar um partido, que a julgar pelas sondagens terá forte expressão eleitoral; o seu candidato autárquico mais mediático saiu para criar um partido que terá, sem dúvidas, adesão popular; o PS caminha alegremente, num cenário economicamente favorável, para uma maioria absoluta; à direita Assunção Cristas sobe a sua popularidade; e aparecem novos projectos interessantes como a Iniciativa Liberal. A dispersão de votos na área política do PSD será enorme, e ninguém parece ter ainda parado para pensar nas dramáticas repercussões políticas que esta conjuntura trará para o centro-direita português.

Ainda vão a tempo de salvar o PSD. Mas já não há assim tanto tempo como muitos pensam.

 

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Nenhum partido é eterno, muito menos o PSD


Escrevo esta crónica às 16h30 de quinta-feira, dia 17 de Janeiro, a tempo de ser revista, paginada e colocada para impressão. Como tal, não sei o que se passou ontem (ou seja, para mim hoje) no Conselho Nacional do PSD. Estou pois numa posição absolutamente ingrata.  Posso não saber se quem ganhou foi Rio ou…


Escrevo esta crónica às 16h30 de quinta-feira, dia 17 de Janeiro, a tempo de ser revista, paginada e colocada para impressão. Como tal, não sei o que se passou ontem (ou seja, para mim hoje) no Conselho Nacional do PSD. Estou pois numa posição absolutamente ingrata. 

Posso não saber se quem ganhou foi Rio ou Montenegro, mas sei seguramente quem saiu a perder. O PSD, o partido com maior representação parlamentar em Portugal, é hoje uma anedota em comparação àquilo que já foi. Daquilo que foi no passado recente, mas principalmente do papel importante que representou nas últimas décadas da história de Portugal.

Os últimos meses foram uma miséria absoluta. Escândalos atrás de escândalos. “Companheiros” a apunhalarem-se pelas costas. Fugas de informação de São Caetano à Lapa, infiltrados, agentes duplos e uma guerra fratricida pelo poder. Ainda por cima, por um poder que pode até nunca mais voltar a existir. Porque existe uma possibilidade real do PSD afundar-se eleitoralmente e perder a esmagadora maioria da sua expressão eleitoral. De que serve um lugar numa lista de deputados que não elege deputados? É isto que os quadros, caciques e barões do partido deviam pensar.

Rio é um líder fraco, obviamente que é. Aliás, usei várias vezes esta coluna para alertar para o risco imenso que o PSD atravessaria caso Rio ganhasse as eleições internas. O tempo acabou por me dar razão. 

Não há espaço em Portugal para outro partido ideologicamente social-democrata, porque já existe um partido social-democrata: chama-se PS e eles sim, custe o que custar a Ferreira Leite, são os verdadeiros herdeiros da nostalgia de Keynes, Olof Palme e Willy Brandt. O PSD, pelo menos o de hoje, é um partido que tem um eleitorado de centro-direita, tendencialmente liberal na economia e semi--conservador nos costumes. Como tantas vezes já se escreveu, o PSD não pode ser apenas um PS com um D à frente. Porque caso opte por fazê-lo, irá tornar-se absolutamente dispensável à democracia.

O PSD enfrenta hoje uma tempestade perfeita: um dos seu ex-líderes saiu para criar um partido, que a julgar pelas sondagens terá forte expressão eleitoral; o seu candidato autárquico mais mediático saiu para criar um partido que terá, sem dúvidas, adesão popular; o PS caminha alegremente, num cenário economicamente favorável, para uma maioria absoluta; à direita Assunção Cristas sobe a sua popularidade; e aparecem novos projectos interessantes como a Iniciativa Liberal. A dispersão de votos na área política do PSD será enorme, e ninguém parece ter ainda parado para pensar nas dramáticas repercussões políticas que esta conjuntura trará para o centro-direita português.

Ainda vão a tempo de salvar o PSD. Mas já não há assim tanto tempo como muitos pensam.

 

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