Esta semana estive para escrever sobre o PSD. Mas como julgo que o Brexit é mais importante, quanto mais não seja por poder ser uma novidade e as lutas internas do PSD, infelizmente, já não serem, deixo esse tema para a semana. Vamos então até Londres. Estrondosa derrota, aquela que a primeira-ministra britânica Theresa May sofreu esta semana em Westminster. E digo estrondosa porque desde 1926 que não se assistia a um fenómeno com tamanha dimensão e, sobretudo numa discussão tão fracturante como sendo o Brexit. Confesso que este é um impasse político que em várias dinâmicas e, ao contrário do que ouço muitos dizer, não apresenta uma resolução simples e tão rápida, quanto a acontecer mesmo, as instâncias europeias exigem.
Vejamos. Não importa, a meu ver, continuar a discutir a legitimidade política de quem defende no Reino Unido a saída do seu país da União Europeia. Não na forma, mas no tempo. Será a meu ver um erro que o país pagará muito caro se acontecer de facto, mas vamos colocar de lado essa discussão e foquemo-nos noutras duas direcções. A primeira é reveladora de um claro amadorismo político que historicamente nem é sequer identitária dos britânicos. Manda a prudência que em qualquer que seja a circunstância vivida, quando se pretende romper com uma união que exista entre duas partes, a que quer romper com ela tenha acautelado previamente as consequências dessa decisão. Ora parece legítimo considerar que o país de sua majestade continua sem ter, como nunca teve, uma estratégia para acautelar as possíveis ondas de choque de uma saída da União Europeia.
Há politicamente inúmeras questões que os britânicos ainda não explicaram como vão ultrapassar, que vão desde o campo social, ao político, institucional, económico, entre outros. Para além disto, parece igualmente notório que a população britânica começa a perceber que aquilo em que votaram pode ter sido uma precipitação e choca-me que os políticos em contenda insistam em fazer ouvidos de mercador a essa realidade. Parece-me que o governo britânico ainda não percebeu que nestas negociações está em fim de linha. Como igualmente em fim de linha me parece estar Theresa May como primeira-ministra, apesar de parecer indiferente ao que se verificou esta semana no seu parlamento. Entre o chumbo ao acordo apresentado, os que não querem o Brexit, os que querem um Brexit mas feito de outra forma, a moção de desconfiança proposta por Corbyn e a manifesta falta de paciência que a União Europeia já começa a ter face à soberba britânica, começa a ser de pedir “God Save the Queen”!
Escreve à sexta-feira