Catástrofes naturais já custaram mais  de 136,4 mil milhões de euros

Catástrofes naturais já custaram mais de 136,4 mil milhões de euros


Todos os anos, os desastres naturais pesam e muito nas contas mundiais. Em Portugal, a APA garante que a fatura é pesada e peca por defeito


Tanto as catástrofes naturais como todos os desastres que foram, ao longo deste ano, causados por mão humana tiveram um grande peso na economia mundial. De acordo com um estudo da Swiss Re, pode mesmo dizer-se que o impacto económico negativo foi de 136,4 mil milhões de euros este ano. As seguradoras acabaram por assumir uma fatura de 69,5 mil milhões de euros. Ou seja, 51% do total. 

Ainda que os dados não contemplem os custos relativos ao tsunami que atingiu a Indonésia este domingo, a verdade é que se percebe o quanto pesam todos os desastres em termos de vidas e perdas para economia: Já em 2017, o impacto negativo das catástrofes foi de 307,9 mil milhões de euros.

A análise da Swiss Re diz ainda que as perdas por catástrofes naturais ultrapassam, principalmente por causa do tsunami da Indonésia, os 128,5 mil milhões de euros. Acresce a este valor a fatura de todos os desastres causados pela intervenção humana.

Economia treme com alterações climáticas As alterações climáticas têm impacto de diversas formas. A economia não é uma exceção. De acordo com as contas feitas pela Comissão Europeia, em março deste ano, só contando com o impacto das inundações podia dizer-se que os prejuízos económicos diretos chegaram aos 90 mil milhões de euros nos últimos anos. Tendo por base os diversos setores de atividade é visível que a agricultura, os seguros e o turismo são os mais afetados.

Pior: Há regiões onde os fenómenos meteorológicos extremos estão a aumentar. Enquanto algumas zonas são fortemente afetadas pela chuva, outras enfrentam seca extrema. Seja como for, o impacto faz-se sentir de diversas formas.

Filipe Duarte Santos, professor da Faculdade de Ciências na Universidade de Lisboa, recordava nesta altura que “a indústria seguradora é dos setores que mais vai sofrer. Não só aumenta a temperatura média global como a intensidade dos fenómenos externos – cheias, inundações, secas, ciclones tropicais ou tornados”.

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Em relação a Portugal, um estudo, publicado em outubro, sobre o impacto dos eventos climáticos revelava que o cálculo, que peca por defeito, ultrapassa os 1 300 milhões de euros. Parte do diagnóstico foi feito pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), no arranque do Programa de Ação para a Adaptação às Alterações Climáticas. No geral, as estimativas apontam para um custo com incêndios florestais, por exemplo, que chega aos 100 milhões de euros anuais. Neste valor não estão contemplados situações trágicas como as do ano passado: com aproximadamente 500 milhões associados aos fogos de junho e mais 200 milhões apurados pelas seguradoras nos incêndios de outubro. No entanto, a estes valores somam-se os custos associados à seca que afetou o país. De acordo com a APA, em 2005, por exemplo, os prejuízos chegaram aos 290 milhões de euros. Já em 2012, a fatura com a seca tinha sido muito pesada: mais de 200 milhões de euros.

Alerta vermelho As alterações climáticas têm vindo a merecer especial atenção por parte da ONU. Em fevereiro, António Guterres declarava que “o mundo corre o risco de perder a corrida contra as alterações climáticas por falta de ambição”. O secretário-geral da ONU sublinhava ainda que “as alterações climáticas são a maior ameaça coletiva do planeta e continuam a andar mais depressa do que nós próprios”.

Mas afinal quanto custam as alterações climáticas? Foi a tentativa de responder a esta pergunta que valeu, este ano, a Paul Romer e a William Nordhaus o Prémio Nobel da Economia. A distinção foi atribuída no âmbito do trabalho pela integração das questões do clima no crescimento económico, nomeadamente das alterações climáticas e inovação. Uma coisa é certa: a fatura é pesada.