Das traduções ao banco em full time
Finda a primeira aventura inglesa, Mourinho aceita o convite do Inter de Milão, então crónico vencedor da Serie A italiana. E, como sempre, não fugiu a uma boa polémica: em fevereiro de 2010, num encontro com a Sampdoria, os centrais Iván Córdoba e Walter Samuel foram expulsos aos 31 e 38 minutos. Incapaz de esconder a revolta, Mourinho procurou as câmaras e fez o gesto que a imagem demonstra. Seria expulso do encontro, mas fortalecia aí ainda mais a ligação com os adeptos dos nerazzurri.
A aposta no escuro que brilhou alto
Em setembro de 2000, uma bomba na realidade futebolística portuguesa: Vale e Azevedo, nos últimos pozinhos como presidente do Benfica, decide demitir o conceituado técnico alemão Jupp Heynckes e contratar para o seu lugar José Mourinho, então sem qualquer experiência como treinador principal. Uma aposta muito arriscada, mas que se viria a revelar certeira… até ao 3-0 na Luz frente ao Sporting que motivou uma conversa com Manuel Vilarinho, que entretanto assumira a presidência das águias e não prescindia de Toni como futuro treinador. Mourinho não aceitou a visão do novo líder e apresentou a demissão.
Duas voltas olímpicas para a história
A 23 de janeiro de 2002, Pinto da Costa tirou o tapete a Octávio Machado e escolheu Mourinho, que vinha a deslumbrar no comando da União de Leiria. Logo na apresentação, o técnico nascido em Setúbal deixou a garantia de que o FC Porto seria campeão nacional na época seguinte. Não só o foi, como conquistou também a Taça de Portugal e a Taça UEFA, a que juntou em 2003/04 novo campeonato e a Liga dos Campeões – inesquecíveis as voltas olímpicas que protagonizou aquando da primeira conquista europeia e “naquela” vitória em… Old Trafford.
A primeira afirmação de "arrogância"
As qualidades de Mourinho não passaram despercebidas a ninguém depois da dupla conquista europeia e o Chelsea adiantou-se à concorrência. Ainda assim, o técnico português, então com 41 anos, era visto com desconfiança pela tradicionalmente cética opinião pública britânica: na apresentação como treinador dos blues, foi-lhe perguntado se se considerava um treinador diferente dos demais. A resposta deixou-os completamente esclarecidos: “Sou campeão europeu e, por favor não me chamem arrogante, mas sim: acho que sou um treinador especial.”
Inglaterra rendida ao Special One
Às palavras fortes, muitas vezes dirigidas também aos treinadores dos maiores rivais (com Arsène Wenger e Alex Ferguson à cabeça), Mourinho juntou as ações. Começou por vencer a Taça da Liga, em fevereiro de 2005, e três meses depois estava a festejar a conquista da Premier League, a segunda da história do Chelsea – e primeira em 50 anos. Somou-lhes mais quatro troféus nos dois anos e meio seguintes: um campeonato, uma Taça de Inglaterra, uma Supertaça e outra Taça da Liga. Até ao fim do conto de fadas, em setembro de 2007, após um início de temporada tristonho.
As "algemas" que valeram uma expulsão
Finda uma carreira destinada a nunca passar da mediocridade como jogador, José Mourinho apostou na formação académica tendo em vista um futuro como treinador. Trabalhou na equipa técnica do pai, Félix Mourinho, e aos 29 anos, em 1992, agarrou a oportunidade de ser tradutor de Bobby Robson no Sporting. Iniciaria aí uma ligação de cinco anos com o mítico treinador inglês, que acompanhou no FC Porto e no Barcelona – aqui já em pleno como adjunto.
O milagre da Champions nerazzurra
Não é difícil de compreender a admiração e afeição que os apoiantes do Inter têm por José Mourinho. Ao comando do gigante de Milão, o treinador português venceu dois campeonatos, uma Taça e uma Supertaça, mas acima de tudo está a Liga dos Campeões conquistada em 2009/10 contra todas as expectativas – a primeira do clube desde a década de 60. Era o epílogo perfeito para uma relação de amor perfeita.
O dedo no olho e o Pito que era Tito
Mais do que pelos feitos desportivos – que ainda assim foram bastante relevantes (um campeonato, uma Taça do Rei e uma Supertaça) -, a passagem de Mourinho pelo Real Madrid ficou marcada pelas constantes picardias com elementos do Barcelona, da equipa técnica aos jogadores. O episódio mais famoso sucedeu a 17 de agosto de 2011, na Supertaça, com o técnico luso a enfiar um dedo no olho de Tito Vilanova, então adjunto de Pep Guardiola. No fim da partida, e questionado sobre o incidente, Mourinho disse não saber quem era Pito – palavra que em Espanha é calão para… pénis.
Troféus? Só campeonatos foram três
Já esta época, o Manchester United visitou Stamford Bridge, antiga casa de Mourinho, e arrancou um empate (2-2, com o Chelsea a empatar aos 90’+6’). Após o apito final, e perante os insultos e mimos que ouvia das bancadas, o técnico português fez questão de mostrar três dedos aos adeptos dos blues, lembrando o número de campeonatos ganhos pelo clube consigo no comando técnico.
A surdez temporária em Turim
A última grande polémica. Em novembro passado, para a Liga dos Campeões, o United visitou o recinto da Juventus e, depois de estar a perder com golo de Cristiano Ronaldo, deu a volta ao marcador nos últimos quatro minutos. Findo o encontro, Mourinho virou-se para os adeptos italianos e encostou uma mão à orelha, espoletando a ira das bancadas mas também dos jogadores da Juventus, que rapidamente o confrontaram. Justificou-se depois com o facto de ter sido ofendido durante toda a partida pelos adeptos situados atrás do seu banco de suplentes e finalizou desta forma: “Acho que não ofendi ninguém com este gesto.”