Falsas presenças chegam ao PS

Falsas presenças chegam ao PS


Nuno Sá diz que esteve no parlamento num dia em que visitou uma fábrica em Famalicão. Grupo parlamentar quer ver vídeo do plenário e caso se confirme haverá renúncia


Os casos das presenças fantasma chegam ao PS, com a suspeita de que o deputado Nuno Sá esteve ausente do plenário apesar de ter assinalado a sua presença no computador da Assembleia da República. 

Ao i, o deputado eleito pelo círculo de Braga garante que esteve no plenário a dia 12 de junho de 2017, onde marcou a sua presença às 15h22. 

No entanto, o “Observador” escreveu ontem que o deputado passou os dias 11,12 e 13 de junho de 2017 em Famalicão. E no dia em que assinalou a presença no parlamento estava a visitar a fábrica Caixiave, a mais de 300 quilómetros de Lisboa, numa ação de campanha da sua candidatura à câmara de Famalicão. 

Depois da publicação da notícia do “Observador”, o i contactou o deputado Nuno Sá que disse que durante a manhã de ontem pediu elementos “aos serviços da Assembleia da República” e que já tinha recolhido as informações sobre esse dia. “Já tenho a data do registo e a forma, que foi feito eletronicamente, e a hora que neste caso foi às 15h22, sensivelmente”. 

Além disso, o deputado salientou que tem “o registo do vídeo, com imagens do plenário” que diz ter visualizado e onde estará a sua imagem. Mas, o i visualizou as imagens do plenário nesse dia e não foi possível detetar a presença de Nuno Sá no parlamento.  

 Ainda assim, quando questionado se esteve no parlamento, o deputado diz apenas: “Não tenho nenhum elemento de prova em contrário” explicando ainda que não se lembra “em detalhe” e não tem “memória” do dia em questão. 

No entanto, Nuno Sá recorda-se da visita que fez “de manhã” à fábrica Caixiave – havendo mesmo um post na sua página de Facebook com um vídeo da iniciativa – garantindo ao i que nessa “tarde estava no parlamento”. 

Pedido de explicações Antes de Nuno Sá falar ao i, já o presidente do grupo parlamentar, Carlos César, tinha pedido explicações ao deputado. “Já falei com o chefe de gabinete e agora falarei com o líder Carlos César sobre esta situação, com os elementos dos serviços na minha posse”, disse Nuno Sá. 

Minutos depois a direção do grupo parlamentar do PS enviou um comunicado às redações onde se lê que o deputado garante que “esteve presente na reunião plenária em causa” e que “desenvolveu já as diligências juntos dos serviços da Assembleia da República” para “o completo esclarecimento da situação referida”.

A nota sublinha ainda que Nuno Sá informou a direção da bancada socialista que “renunciaria ao seu mandato caso se comprovasse a irregularidade que lhe é apontada”. Isto, apesar de o deputado reiterar ao PS que “nunca tenha solicitado a qualquer pessoa para proceder a qualquer registo indevido da sua presença em reunião plenária”, lê-se ainda na nota.

Caso se comprove que Nuno Sá não esteve no parlamento no dia em que marcou presença, este será o quinto caso de falsas presenças. Até agora, todos os casos vindos a público eram do PSD: José Silvano, Duarte Marques, Matos Rosa e Feliciano Barreiras Duarte. 

Há duas semanas – quando estalou a polémica das falsas presenças e dos subsídios das deslocações – Carlos César lembrou que o grupo parlamentar socialista tem em vigor um Código de Ética que prevê sanções que, em última instância, resultam na denúncia do mandato. O presidente da bancada parlamentar deixou ainda um aviso à navegação: se houvesse “comportamentos fraudulentos” os deputados socialistas “não tinham o direito de permanecer no grupo parlamentar do PS”.     

 Em resposta, na altura, o presidente da bancada social-democrata, Fernando Negrão, disse que se fosse aplicado “o princípio por ele enunciado, o deputado Carlos César, presidente do grupo parlamentar do PS, já não seria deputado”. O social-democrata fazia a alusão ao pagamento indevido de subsídios de deslocação.