Helder Macedo recebe Grande Prémio de Ensaio da APE

Helder Macedo recebe Grande Prémio de Ensaio da APE


Com selo da Editorial Presença, “Camões e Outros Contemporâneos” reúne ensaios e testemunhos sobre autores como D. Dinis, Sá de Miranda, Sophia de Mello Breyner Andresen, Eça de Queiroz ou Herberto Helder


Helder Macedo recebeu hoje o Grande Prémio de Ensaio da Associação Portuguesa de Escritores pela obra "Camões e Outros Contemporâneos" reúne ensaios e testemunhos sobre uma série de autores que, ainda que mortos, persistem entre nós pela influência que a sua obra exerce. "Este livro impõe-se pela mestria da sua linguagem, precisa, arguta e inventiva, muito fértil como chão de verdadeira tarefa que é a do ensaísmo literário – pensar a literatura dentro da própria literatura", justificou o júri, que o atribuiu por unanimidade.

Com selo da Editorial Presença, o livro já tinha sido distinguido este ano com o Prémio D. Diniz/2018, atribuído pela Fundação da Casa de Mateus. Com um valor de 7.500 euros, o Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho foi criado pela Associação Portuguesa de Escritores, e tem o apoio da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.

O júri desta edição integrou os professores e investigadores Artur Anselmo, Clara Rocha e Isabel Cristina Rodrigues.

Um dos membros fundadores do grupo do Café Gelo, Helder Macedo, de 82 anos, é poeta, romancista e autor de vários ensaios sobre literatura portuguesa. Tendo produzido uma das mais desassossegantes obras de factura crítica no campo literário, enquanto foi professor catedrático do King’s College, em Londres, (onde até 2004 foi titular da celebrada Cátedra Camões), foi alvo de um aplicado e táctico esquecimento por parte da academia portuguesa e suas adjacentes instituições culturais.

Nas páginas do i, e numa das muito poucas intervenções que "Camões e Outros Contemporâneos" suscitou na imprensa, Teresa Carvalho escreveu: "Inimigo do estereótipo e das 'mitificações rectrospectivas', Helder Macedo não prescinde de uma musa pouco dada a convencionalismos, que gosta de se mover na órbita do desafio, um tudo-nada irreverente e a recusar tanto o pronto a vestir como a etiqueta, por vezes difícil de remover, em que são pródigos os arrumadores da literatura. Nada deve, portanto, à musa pomposa, enfadonha e… estéril de certo discurso crítico académico, cheio de amabilidades de linguagem e reverências mas também daquela aridez de vácuo que tantas vezes redunda em afastamento e perda de leitores, aspeto não propriamente menosprezível nestes tempos de consumos culturais cada vez mais rarefeitos."