Pouco mais de um mês após ter sido demitido do Nantes, de França, Miguel Cardoso foi esta terça-feira apresentado como novo treinador do Celta de Vigo. O técnico português de 46 anos, que na última temporada levou o Rio Ave ao quinto lugar do campeonato, apresentou-se com um discurso ambicioso em Vigo… embora com uma gaffe que rapidamente se espalhou pelas redes sociais.
Ao agradecer a aposta do Celta… enganou-se no nome do clube: "Obrigado ao presidente e muito obrigado à direção desportiva por acreditarem em mim e na minha equipa técnica para começar um novo processo no Real Clube Deportivo… Real Clube Celta." O técnico luso corrigiu o erro de imediato, mas na era das redes sociais… já se sabe.
Buena cagada para empezar 😂😂😂 pic.twitter.com/JJvy3lGbIG
— Lois Balado (@LoisBalado) 13 de novembro de 2018
Na apresentação aos jornalistas, Miguel Cardoso explicou as ideias que pretende implementar no Celta de Vigo, que ocupa neste momento um dececionante 14.º lugar na liga espanhola. "O Celta tem uma identidade própria. Há que construir o mais rápido possível uma equipa que possa ser afirmativa, controladora e que seja capaz de se afirmar em campo, que seja agressiva, que tenha a bola e que seja controladora. Sabemos o que queremos e onde queremos chegar, mas o processo será gradual", realçou, definindo-se como treinador desta forma: "Quem é o Miguel? O Miguel é um treinador que gosta de um futebol de controlo. Que gosta de controlar, o mais possível, os jogos com bola. Que quer a equipa a ser capaz de manter uma organização defensiva muito forte, a jogar junta, a pressionar alto. Sobretudo que seja muito competitiva e tenha uma mentalidade forte em todos os momentos. Esse é um ideal, é uma intenção."
Questionado sobre o sistema estratégico que pretende adotar para o Celta, o treinador português deu uma resposta curiosa. "O sistema não é o mais importante no futebol. É um momento estático. O futebol não é um jogo de xadrez, é dinâmico. O importante são as relações que os jogadores são capazes de interpretar e que tu és capaz de transmitir para que o sistema ganhe uma dinâmica. A forma como vamos distribuir os jogadores em campo só dá um 4-2-3-1 no momento em que tiras uma foto quando começa o jogo. Depois há coisas completamente diferentes. Não vou dizer que vamos jogar sempre dessa forma, mas vamos jogar às vezes", frisou Miguel Cardoso, garantindo conhecer bem a realidade da nova equipa: "O que quero é que em duas, três semanas ou um mês, todos os jogadores interpretem o que se passa no campo da mesma forma e ao mesmo tempo. Que compreendam a ideia de jogo. Essa ideia será o tabuleiro onde será jogado o jogo. O treinador não deve tirar a liberdade dos jogadores em se expressarem livremente. Para chegar a algum lado, há que saber o caminho. Depois, podes parar em algum lado ou beber um café. Mas essa é a criatividade individual do jogador. O que quero é que a equipa seja regulada. Não é importante apontarmos a posicionamentos na tabela. Importante é apontarmos a um crescimento sustentado da equipa."
Durante a conferência de imprensa, Miguel Cardoso foi também questionado sobre um eventual contacto do Sporting para substituir José Peseiro. O técnico, no entanto, recusou responder. "Neste momento só é questão aquilo que se vai passar no Celta. Tudo o resto não é assunto para este momento. Estou orgulhoso de ser treinador de uma equipa desta dimensão, que mostrou vontade forte que estivesse aqui hoje. Foi uma proposta irrecusável pelo projeto em si, tenho vontade de fazer bem, de tentar um Celta mais forte, um Celta mais capaz", assegurou. Instado depois a responder se se considera um treinador semelhante a José Mourinho, ripostou de forma diplomática: "Se um dia tiver um palmarés como ele… É uma referência, seguramente. Tive a oportunidade de me cruzar com ele quando esteve no FC Porto e eu estava na equipa B. Mourinho é Mourinho. Abriu espaço para os treinadores portugueses no futebol europeu."
No Nantes, Miguel Cardoso conseguiu apenas uma vitória em oito jogos. Ainda assim, não considera a experiência em França um falhanço. "Creio que fiz muitas coisas boas nas experiências que vivi. Se estou aqui, é pelo caminho que fiz. Até este momento, creio que fiz mais coisas boas do que más. Creio que chegar a uma liga espanhola, e basta ver quantos treinadores portugueses foram treinadores na Liga espanhola, a um clube histórico, com palmarés riquíssimo, condições impares e um plantel que temos, é um motivo de orgulho", salientou, antes de adotar uma postura mais informal para falar da região onde irá agora viver, ele que é natural da Trofa. "Estar na Galiza é como estar em casa. Quando era pequeno vinha a Vigo às compras com os meus pais, vinha buscar rebuçados, bacalhau, arroz… e quando era adolescente também. Mas agora não, não penso nisso e há que ter cuidado", sentenciou.