Ministro Eduardo Cabrita não emitiu despacho de alerta para a Leslie

Ministro Eduardo Cabrita não emitiu despacho de alerta para a Leslie


Câmaras divulgaram ontem os primeiros números dos prejuízos: mais de 80 milhões de euros. Ainda há duas mil casas sem eletricidade 


O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, não emitiu qualquer despacho de alerta para reforçar os meios de proteção e socorro durante a tempestade Leslie, apesar dos sucessivos avisos meteorológicos que colocaram Portugal na rota do furacão. A notícia foi avançada ontem pela SIC, que recorda que, noutras catástrofes, o Ministério da Administração Interna (MAI) emitiu despachos de situação de alerta – permitindo o acionamento de mais meios da GNR e da PSP para o terreno. O mecanismo foi, aliás, usado nos incêndios de 2017, para mobilizar para o dispositivo não só as polícias, mas também elementos das Forças Armadas, que estiveram encarregados do rescaldo dos fogos, tarefas de vigilância nas florestas e confeção de refeições nos teatros de operações. 

Caso o despacho tivesse sido emitido pelo governo, o reforço – que poderia ser ordenado a nível local ou nacional – ficaria ativo por um determinado período de tempo fixado pelo ministro. Questionado sobre o porquê de não ter recorrido ao mecanismo, apesar de terem resultado mais de duas mil ocorrências e 28 feridos da passagem da tempestade, o gabinete de Eduardo Cabrita começou por não responder. Mais tarde, por escrito, o ministro explicou que “compete às autarquias impedir a circulação [em zonas públicas] ou condicionar a realização de eventos”. 

Entretanto foram ontem divulgadas as primeiras estimativas da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro sobre os prejuízos provocados pela passagem da tempestade Leslie por Portugal, na noite de sábado e na madrugada de domingo. De acordo com os dados preliminares reportados pelas autarquias mais afetadas, a intempérie causou mais de 80 milhões em prejuízos – oito vezes mais do que os grandes incêndios que lavraram, este verão, na serra de Monchique. É na zona de Coimbra que estão contabilizados os maiores danos, entre empresas, hotéis, culturas agrícolas, monumentos, casas, escolas e unidades de saúde. Só na Figueira da Foz, os prejuízos ascendem aos 32 milhões de euros. Em Montemor-o-Velho, a contabilização já vai nos 21 milhões, enquanto na Marinha Grande os estragos são da ordem dos cinco milhões e, em Soure, de quase sete milhões. Segundo a EDP, ontem havia ainda cerca de duas mil habitações sem eletricidade.