Miguel Blanco. “Houve surfistas a fazer dois pontos. E são os melhores do mundo”

Miguel Blanco. “Houve surfistas a fazer dois pontos. E são os melhores do mundo”


Não tem dúvidas de que as condições adversas do mar de Peniche foram a principal dificuldade. Apesar de “ser igual para todos”, o jovem surfista da Linha admite que a “experiência” dos “melhores do mundo” acabou por ser determinante


Sagrou-se no início deste mês campeão nacional de surf pela primeira vez na carreira. Foi, aliás, este feito que fez com que Miguel Blanco tivesse acesso à 10.ª edição do MEO Rip Curl Pro Portugal, a décima de onze etapas que integram o circuito mundial de surf. O surfista da Linha de 22 anos juntou-se, desta forma, a Frederico Morais, membro do World Tour e único português ainda em prova [ver coluna], e Vasco Ribeiro, atual 20.º classificado do circuito de qualificação, que também recebeu um wildcard (convite) para marcar presença nesta etapa portuguesa. O destino dos dois convidados na prova que decorre em Peniche acabou, porém, por ser o mesmo: ambos foram eliminados na 2.ª ronda. 

Para Miguel Blanco (que ocupa o 102.º posto no circuito de qualificação) as condições adversas do mar foram a verdadeira batalha, onde a experiência dos “melhores [surfistas] do mundo” acabou por ser determinante. Miguel Blanco foi afastado na ronda de repescagem pelo australiano Owen Wright (que somou 9.33 contra os 7.73 do português), depois de ter perdido na 1.ª ronda contra os brasileiros Tomas Hermes e Filipe Toledo. Ainda assim, o jovem português garante que esta é apenas mais uma aprendizagem no processo de evolução do seu surf. 

Qual é o balanço que faz sobre a sua participação nesta penúltima etapa do Mundial?

A etapa não me correu muito bem, a sorte não esteve do meu lado. O mar estava bastante complicado e havia muito poucas oportunidades para uma pessoa surfar naquele primeiro dia de prova. O mar estava a fechar muito e havia muito poucas ondas que abriam. Fiquei um bocadinho sem oportunidade. Claro que queria mais, mas foi uma boa aprendizagem. Agora é tirar a experiência deste campeonato, evoluir e seguir para o Havai.

Mas não sente que ficou um pouco aquém das expectativas tendo em conta a experiência que tem neste tipo de mar: tanto em Peniche, como na Praia dos Coxos e em Ribeira D’Ilhas, na Ericeira?

O mar estava realmente muito difícil. Houve surfistas a fazer 2, 3 e 4 [pontos] e estamos a falar dos melhores surfistas do mundo. Isso só retrata a dificuldade em que estava o mar nos Supertubos. Não foi um dia de tubos, mas sim de quem encontrasse uma onda onde conseguisse fazer duas manobras. Quem conseguisse fazer isso era quem iria passar o heat. Acabou por passar [na 2.ª ronda] quem apanhou a onda que abrisse melhor e essa pessoa foi o Owen Wright. Expetativas acho que não havia, naquele tipo de condições podia dar para qualquer um.

Neste caso, e com as condições que já referiu, a experiência dos outros surfistas beneficiou-os?

Sim, acho que sim. Este tipo de condições beneficia os surfistas mais experientes. Sendo um heat tão crítico na escolha de ondas, claro que quem tem mais experiência tem mais vantagens nessa parte.

Recebeu o wildcard para entrar nesta prova mundial por ter sido campeão nacional de surf. O que significa este título, que acaba por ser o primeiro grande título da sua carreira?

Estou muito contente, não estava muito à espera porque eu era meio ‘underdog’, estava em 7º ou 8º lugar do ranking e chegar à última etapa e vencer foi incrível. Estou muito contente como é óbvio.

Na última etapa do campeonato havia sete atletas a lutar pelo título [com Vasco Ribeiro, então campeão em título, a liderar a corrida]. Estava confiante de que poderia ser campeão nacional?

Eu sabia que era possível e estava a sentir, mas claro que só quando realmente aconteceu é que acreditei e fiquei muito contente.

Apesar do bom resultado a nível nacional, no circuito de qualificação (QS) da World Surf League (WSL) não teve propriamente nenhum resultado expressivo. Ocupa atualmente o 102.º posto. Quais são os objetivos para a próxima temporada?

Tive um quinto lugar no início do ano na Martinica(Martinique Surf Pro (QS3,000)), em França, onde estavam bastantes surfistas do WCT. Mas depois não fiz mais nada sim. Agora quero subir no ranking do QS e para o ano defender o título nacional. Agora, que chegou o inverno, vou tentar subir um bocadinho a fasquia, apanhar ondas maiores e continuar a evoluir o meu surf. Ainda tenho 22 anos e há muita coisa para vir.