Estreia. Neil, o primeiro

Estreia. Neil, o primeiro


Hoje voltamos a andar com a cabeça na lua. Culpa de Damien Chazelle, que assina “First Man”, uma viagem pelos olhos de Neil Armstrong à missão da Apollo 11


Seis anos após a sua morte, eis que aterra hoje no grande ecrã um pedaço da sua vida – e por pedaço entenda-se o percurso de Neil Armstrong a caminho da então última fronteira: a Lua. Em “First Man”, o seu novo filme, Damien Chazelle (realizador de “La La Land”) deixa um olhar sobre a vida de Neil Alden Arm-strong desde que se juntou à NASA, em 1962, até retornar da epopeia que o atiraria para os anais da História, em julho de 1969. Estima-se que 530 milhões de pessoas tenham assistido, em direto, ao momento em que pisou a superfície da Lua. Mas, de lá para cá, o que viu ele? É essa a abordagem de Chazelle, que baseou a história no livro homónimo de James R. Hansen, biógrafo oficial do astronauta. O filme chega hoje às salas de cinema, depois de ter conquistado a honras de abertura, em agosto, do Festival de Cinema de Veneza.

Neil Armstrong (aqui interpretado por Ryan Gosling) acabaria por viver o resto da sua vida no estrelato. Para lá do homem que deu o tal pequeno grande passo, para lá da fama, quem era, na intimidade, o astronauta mais famoso da História? E o que se passou na missão Apollo 11? 

Perguntas a que Chazelle quis responder uma vez que, nas suas palavras, é altamente irónico que a vida de uma personagem de alcance universal – e que encheu um ecrã em que nos projetámos todos – tenha mantido uma vida tão discreta. 

Para tal, tanto Chazelle como Gosling reuniram-se com a família Arm-strong e ainda com outros astronautas que privaram com Neil, e foram desde Houston a Cabo Canaveral. No final, chegaram a um retrato: parece que houve um quê de loucura e de decisões que, embora cerebrais, foram literalmente de vida ou de morte, tomadas por um homem, que era “acima de tudo um grande engenheiro” (só se tornou piloto porque queria perceber como funcionavam os aviões, porta pela qual terá chegado depois aos voos espaciais), na viagem que terminou como todos sabemos.

Em terra, o contraponto da calma quase cirúrgica de Armstrong – mas sempre no limiar da rutura – é dado pela sua primeira mulher, Janet Shearon (Claire Foy, no filme), com quem o astronauta foi casado até 1994.