Brexit. Blair acredita que há 50% de hipóteses de novo referendo

Brexit. Blair acredita que há 50% de hipóteses de novo referendo


O Partido Unionista Democrático, que apoia o governo de May, ameaçou com moção de censura


O antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair acredita que Theresa May não conseguirá ter maioria no parlamento para aprovar qualquer acordo com a União Europeia. E não coloca de parte que possa vir a acontecer um segundo referendo sobre o Brexit. “Não há nenhuma maioria no parlamento para qualquer acordo que a primeira-ministra traga”, disse ontem o antigo governante. “Acredito que as hipóteses para um segundo voto sejam de 50%”, acrescentou, acreditando que “ainda é possível travar-se o Brexit”.

Faltam menos de seis meses para o divórcio entre Londres e Bruxelas se oficializar e, para que um segundo referendo pudesse ser organizado, Bruxelas teria de aceitar prolongar o prazo de saída do Reino Unido para lá de 29 de março de 2019. Nessa eventualidade, que, por exemplo, a chanceler Angela Merkel tem vindo a recusar nos últimos meses, as sondagens mais recentes mostram um aumento do apoio à permanência do país no projeto europeu. Todavia, a primeira-ministra britânica não se tem poupado em declarações a rejeitar um segundo referendo, alegando que iria colocar em causa o regime democrático do Reino Unido.

 As declarações de Blair surgem um dia depois de o negociador-chefe de Bruxelas, Michel Barnier, ter afirmado que um acordo entre Londres e a UE está a uma semana de distância. No entanto, um dos temas mais sensíveis das negociações, o futuro da fronteira entre a Irlanda e o Reino Unido,  ainda não foi ultrapassado. Bruxelas sugeriu esta quarta-feira “controlos administrativos” para mercadorias, sugestão imediatamente recusada pelo Partido Unionista Democrático, que apoia o governo de May com os seus dez deputados. O partido norte-irlandês opõe-se à possibilidade de haver uma fronteira marítima entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido.

“Ao quebrar as suas promessas, ela [May] estaria a concordar em desmembrar o Reino Unido”, avisou o porta-voz do partido norte-irlandês, Sammy Wilson. “Não contará com o [nosso] apoio, independentemente das tentativas do governo para nos tentar subornar, intimidar ou assustar.” Se May aceitar a proposta de Bruxelas, a direção do partido considera avançar com uma moção de censura, que poderá levar à queda do governo conservador de May e à convocação de eleições a meio das negociações com Bruxelas. 

A primeira-ministra já garantiu que não quer qualquer “fricção” comercial com a UE depois da saída do Reino Unido, mas ninguém sabe qual será a realidade pós-Brexit, nem o tipo de relação que se manterá entre Londres e Bruxelas.