Lucília Gago escolhe para chefe de gabinete procurador especializado em casos de corrupção

Lucília Gago escolhe para chefe de gabinete procurador especializado em casos de corrupção


Joana Marques Vidal fez hoje o seu discurso de despedida


Sérgio Pena, procurador da República, vai ser o novo chefe do gabinete de Lucília Gago, a nova Procuradora-Geral da República (PGR). 

Segundo o “Diário de Notícias”, o procurador e a nova PGR já tinham trabalhado juntos no Departamento de Investigação e Ação Penal (DCIAP) de Lisboa. Quando Lucília Gago liderava o DCIAP, Sérgio Pena era o seu ‘braço direito’, escreve o mesmo jornal.

Fonte do Ministério Público (MP), disse àquele jornal que o magistrado “era uma pessoa em quem Lucília Gago se apoiava muito no DIAP de Lisboa” e que este “trabalhava muito perto dela”, conhecendo-a bem. “Não surpreende que vá trabalhar com ela na Procuradoria-Geral da República”, acrescentou a mesma fonte.

Já como acontecia no DCIAP, Pena passará a ser a pessoa mais próxima de Lucília Gago. Segundo a mesma fonte, este passará a ter “uma influência direta nas decisões da PGR”.

O magistrado ganhou experiência em casos de corrupção quando estava no DCIAP. Sérgio Pena também fez parte de uma equipa especial – a 9.ª secção -, composta pelos procuradores Inês Bonina, José Lopes Ranito, Susana Figueiredo e Ana Margarida Santos e liderada por Teresa Almeida. A equipa ficou conhecida pelos casos do comércio ilegal de armas na PSP, o caso dos militares da Marinha que foram acusados de corrupção, a acusação de peculato de Ana Paula Matos – inspetora da PJ -, entre outros.

De acordo com a fonte do MP, esta experiência poderá ser classificada como um “bom sinal”, visto que a corrupção foi o foco principal de Joana Marques Vidal, a atual PGR, que deixará o cargo no final da semana. António Ventinhas, presidente do Sindicato dos Magistrados do MP concorda que se trata de “uma boa escolha”. 

Lucília Gago ainda tem de escolher o vice-procurador-geral – que é o responsável por substituir a PGR quando esta está ausente.

Despedida de Marques Vidal

Joana Marques Vidal fez ontem o seu discurso de despedida, na conferência que deu sobre o futuro da justiça, no Grémio Literário. Esta terá sido a sua última intervenção pública antes de deixar o cargo na sexta-feira.

“Podem ficar descansadíssimos. O nosso sistema constitucional garante a separação de poderes”, assegurou a atual PGR, quando questionada se os portugueses podiam estar descansados relativamente à independência do MP. “A constituição confere à nomeação do PGR uma dupla legitimidade de quem propõe e de quem nomeia”, disse Marques Vidal.

Contudo, a PGR defendeu que se deveria proceder a um aperfeiçoamento do processo de nomeação, considerando que a “intervenção do parlamento” poderia ser positiva. “Poderia haver, por exemplo, uma audição pública da pessoa indicada para que partilhasse as suas ideias para o cargo. Daria mais transparência sobre a conceção da pessoa”, considerou.