Bolsonaro garante que irá ter um governo composto por notáveis

Bolsonaro garante que irá ter um governo composto por notáveis


Candidato do PSL e o economista Paulo Guedes querem trazer executivos do privado para o executivo 


Jair Bolsonaro já se vê como presidente do Brasil e com o seu braço direito Paulo Guedes, reconhecido economista ultraliberal, homem que trouxe credibilidade ao seu programa económico e à sua candidatura, já começaram a sondar executivos na iniciativa privada para o seu governo.

Na segunda-feira à noite, em entrevista ao principal jornal da omnipresente Rede Globo, o candidato do PSL garantiu que não tenciona formar um governo de troca de apoios por lugares, mas um composto por notáveis. “Não aceitaremos o toma-lá-dá-cá e nem imposição partidária para escolhermos o time [equipa] de ministros. Será um time, aí sim, de notáveis, competentes, e com autoridade para buscar o que é o melhor para o Brasil e não para agremiações político-partidárias”, disse.

Descansado com os 46% de votos conseguidos na primeira volta e com o reforço da bancada do seu partido na Câmara dos Deputados – o PSL passou  de oito para 52 assentos, tornando-se o segundo maior grupo parlamentar, só superado pelo PT -, Bolsonaro está a pensar em incluir nomes como o do presidente-executivo do Bank of America para a América Latina, Alexandre Bettamio, e do presidente do conselho de administração da empresa telefónica TIM, João Cox. Guedes pensar incluir também o seu colaborador na Bozano Investimentos Sérgio Eraldo de Salles Pinto.

Guedes, que trouxe a seriedade que o mercado precisava para olhar para Bolsonaro como um candidato credível – no dia em que o seu nome foi anunciado o índice da bolsa de valores de São Paulo subiu -, elaborou um programa económico com privatizações e reformas tributárias e da previdência “radicais”. Algo que vai em contramão em relação à prática política de Bolsonaro nos seus 28 anos de deputado federal, onde sempre se mostrou um estatista crítico da venda de empresas públicas.

Numa entrevista em que garantiu que não pretende mudar a Constituição, nem pensa em autogolpe, como afirmou o seu vice, o general Hamilton Mourão, Bolsonaro também aproveitou para negar que Guedes vá aumentar o imposto sobre o rendimento: “A proposta do nosso economista é que quem ganhe até cinco [salários] mínimos não descontará imposto de renda. E acima disso, uma tabela de 20% para todos”.

O candidato da extrema-direita, que obteve 49,2 milhões de votos na primeira volta, começou a entrevista agradecendo aos seus eleitores e  defendendo os valores dos “homens do campo, evangélicos, integrantes das forças armadas e família brasileira”. Numa outra entrevista, à rádio Jovem Pan, Bolsonaro garantiu que irá manter-se fiel ao seu estilo e ao seu pensamento: “Olha só, eu não posso virar o Jairzinho paz e amor e me violentar. Eu tenho que continuar sendo a mesma pessoa.”