Da praxe académica


 A praxe não tem qualquer critério de vinculatividade nem tão pouco qualquer jovem para estar de facto integrado no seu curso, na sua turma ou na sua universidade tem de fazer parte das praxes


Começa mais um ano lectivo nas universidades portuguesas e consigo, para não variar, começam nos meios de comunicação social a surgir notícias e rumores de praxes académicas que alegadamente e, realmente algumas pelo que se vê, se apresentam como atentatórias da dignidade de qualquer aluno. Diria mais por vezes até, de facto, de qualquer ser humano. Não obstante, faço desde já uma declaração de intenções para dizer que nos meus tempos de aluno universitário nunca fui propriamente um anti praxe, ainda que igualmente por vezes tenha assistido a algumas a que certamente não me submeteria fosse qual fosse o pretexto. Fiz apenas o que quis e ai daquele que me obrigasse a fazer algo para além disso. Aqui chegados e exactamente por ter dito que nunca fui um anti praxe, sempre vi esta espécie de entronização ao espírito académico sobretudo como uma fase de convívio entre todos quantos já se encontram nas universidades e aqueles que nelas ingressam no sonho de se formarem e trilharem assim o caminho do seu sucesso pessoal. Mas vamos lá a ver se nos entendemos num conjunto de circunstâncias que urge compreender. E choca-me até que esta compreensão não seja, por si só, obvia para todos os alunos em geral. A praxe não tem qualquer critério de vinculatividade nem tão pouco qualquer jovem para estar de facto integrado no seu curso, na sua turma ou na sua universidade tem de fazer parte das praxes. Este mito que muitos estudantes mais velhos procuram incutir nos mais novos é qualquer coisa de surreal. Não faz sentido, não é verdade e, tantos quantos o apregoam, como os que se deixam convencer revelam, perdoem-me a expressão, uma completa imaturidade pessoal e cívica. Da mesma forma que na vida não se fazem os verdadeiros amigos e companheiros num dia ou numa semana, não é num mês ou dois de praxe que o mesmo acontece. Mais, sempre considerei igualmente ridículo, aquilo a que nalgumas universidades se chama de tribunais de praxe em que os alunos mais velhos têm supostos poderes de julgar alunos mais novos perante circunstâncias que os mesmos considerem não adequadas ao espírito da praxe. Tive uma vez a curiosidade de assistir a um decadente espectáculo desta natureza e saí de lá com a sensação que tinha pontualmente estado, perdoem-me de novo o termo, num hospital de malucos. Não só pelo protocolo da coisa como pelo conteúdo abstruso daquilo a que assisti. Vi rapaziada mais nova, os julgados em questão, a chorar. Achei puramente degradante. Ainda assim, pese embora tudo o que escrevo, devo igualmente dizer que não é correcto apontar o dedo apenas a quem abusivamente praxa. Porque para se o fazer igualmente tem de se apontar o dedo a quem abusivamente se deixa praxar. Desculpar-me-ão a pergunta, mas se alguém me disser para me mandar da ponte 25 de Abril, algumas vez dela me mandarei? Em tudo na vida é preciso bom senso. Confraternizar, dançar, cantar, beber uns copos a mais e fazer até algumas malandrices nem que seja porque o clima de colectivo a isso empolga faz tudo parte. Agora, aceitar ordens absolutamente vexatórias e, pior que isso, cumpri-las com subserviência e ausência do mais elementar espírito crítico é qualquer coisa que deve envergonhar qualquer estudante. Seja ele mais novo ou mais velho. Um apelo aos jovens universitários. Aos mais velhos que saibam dar o exemplo e aos mais novos que não aceitem quando a situação contrária se verifique.


Da praxe académica


 A praxe não tem qualquer critério de vinculatividade nem tão pouco qualquer jovem para estar de facto integrado no seu curso, na sua turma ou na sua universidade tem de fazer parte das praxes


Começa mais um ano lectivo nas universidades portuguesas e consigo, para não variar, começam nos meios de comunicação social a surgir notícias e rumores de praxes académicas que alegadamente e, realmente algumas pelo que se vê, se apresentam como atentatórias da dignidade de qualquer aluno. Diria mais por vezes até, de facto, de qualquer ser humano. Não obstante, faço desde já uma declaração de intenções para dizer que nos meus tempos de aluno universitário nunca fui propriamente um anti praxe, ainda que igualmente por vezes tenha assistido a algumas a que certamente não me submeteria fosse qual fosse o pretexto. Fiz apenas o que quis e ai daquele que me obrigasse a fazer algo para além disso. Aqui chegados e exactamente por ter dito que nunca fui um anti praxe, sempre vi esta espécie de entronização ao espírito académico sobretudo como uma fase de convívio entre todos quantos já se encontram nas universidades e aqueles que nelas ingressam no sonho de se formarem e trilharem assim o caminho do seu sucesso pessoal. Mas vamos lá a ver se nos entendemos num conjunto de circunstâncias que urge compreender. E choca-me até que esta compreensão não seja, por si só, obvia para todos os alunos em geral. A praxe não tem qualquer critério de vinculatividade nem tão pouco qualquer jovem para estar de facto integrado no seu curso, na sua turma ou na sua universidade tem de fazer parte das praxes. Este mito que muitos estudantes mais velhos procuram incutir nos mais novos é qualquer coisa de surreal. Não faz sentido, não é verdade e, tantos quantos o apregoam, como os que se deixam convencer revelam, perdoem-me a expressão, uma completa imaturidade pessoal e cívica. Da mesma forma que na vida não se fazem os verdadeiros amigos e companheiros num dia ou numa semana, não é num mês ou dois de praxe que o mesmo acontece. Mais, sempre considerei igualmente ridículo, aquilo a que nalgumas universidades se chama de tribunais de praxe em que os alunos mais velhos têm supostos poderes de julgar alunos mais novos perante circunstâncias que os mesmos considerem não adequadas ao espírito da praxe. Tive uma vez a curiosidade de assistir a um decadente espectáculo desta natureza e saí de lá com a sensação que tinha pontualmente estado, perdoem-me de novo o termo, num hospital de malucos. Não só pelo protocolo da coisa como pelo conteúdo abstruso daquilo a que assisti. Vi rapaziada mais nova, os julgados em questão, a chorar. Achei puramente degradante. Ainda assim, pese embora tudo o que escrevo, devo igualmente dizer que não é correcto apontar o dedo apenas a quem abusivamente praxa. Porque para se o fazer igualmente tem de se apontar o dedo a quem abusivamente se deixa praxar. Desculpar-me-ão a pergunta, mas se alguém me disser para me mandar da ponte 25 de Abril, algumas vez dela me mandarei? Em tudo na vida é preciso bom senso. Confraternizar, dançar, cantar, beber uns copos a mais e fazer até algumas malandrices nem que seja porque o clima de colectivo a isso empolga faz tudo parte. Agora, aceitar ordens absolutamente vexatórias e, pior que isso, cumpri-las com subserviência e ausência do mais elementar espírito crítico é qualquer coisa que deve envergonhar qualquer estudante. Seja ele mais novo ou mais velho. Um apelo aos jovens universitários. Aos mais velhos que saibam dar o exemplo e aos mais novos que não aceitem quando a situação contrária se verifique.