Um senil discursou da Assembleia Geral das Nações Unidas


Trump veio descaradamente dizer que só respeitará quem andar com ele ao colo ou lhe afagar a estrambólica poupa. Todos os outros serão excomungados


Ao escrever um artigo de opinião com este título invadem-me dois dos piores sentimentos que se podem sentir. Tristeza e pena. A tristeza diz respeito à vulgaridade a que chegou também a política internacional. Já a pena direciona-se a um homem não menos vulgar, sem o mínimo laivo de classe ou respeito pelo equilíbrio mundial e que por ironia do destino se tornou Presidente de um dos países mais poderosos do globo. Creio não restarem dúvidas. Donald Trump está senil e se me parece difícil que os Americanos lhe retirem o mandato que lhe deram pelo menos que não cometam o disparate de lhe dar um segundo. Esta semana as declarações que proferiu na Assembleia Geral das Nações Unidas foram simplesmente condenáveis. Foram no seu conteúdo o perfeito oposto do nome que esta fundamental instituição traz consigo.

Desunião, isolamento, soberba, profusão, loucura entre outros possíveis adjetivos de sentido coincidente com os indicados. Senão vejamos. No plano interno, partiu tão descarada e comicamente para um exercício de autoelogio pessoal de governação que nem mesmo a assistência evitou a rizada. Tanto quanto sei, terá respondido o ser de esfuziante penteado e cito “Não esperava essa reação, mas tudo bem”. Pergunto: mas que reação distinta poderia o próprio esperar depois de dizer que consigo os EUA estão mais fortes, mais seguros e mais ricos? Palavra de honra que gostava de conhecer o homem para que ele me explicasse a ideia.

Não obstante este burlesco início de intervenção, o pior ainda veio depois e confesso que tenho dificuldade em estabelecer aqui qualquer degradé de gravidade. Para a Coreia derreteu-se em elogios bacocos ao afirmar categoricamente que as instalações militares já estão a ser desmanteladas, certeza de que, além de si, não sei se mais alguém tem. Não bastante disse que os mísseis já não voam. Sou dos que acha que o perigo não está em voarem. É no existirem. Qual cavalo à carga achibatado atacou o Irão dizendo que os seus líderes semeiam morte, caos e destruição. Esta até se aceita, mas o que não pode a América esquecer é que graves problemas do Médio Oriente sempre tiveram, sobretudo em intervenções militares falhadas e mal estruturadas, o seu alto patrocínio.

Numa terceira dinâmica, pelo menos como eu a interpretei, virando-se mais para o Ocidente disse e, cito de novo “Só ajudaremos aqueles que nos respeitam e, francamente, aos nossos amigos”. Ou seja, o que Trump vem descaradamente afirmando é que só respeitará quem andar com ele ao colo ou lhe afagar a já mencionada estrambólica popa. Todos quantos não alinharem nesse gesto capilar são excomungados. Disse um dia Pierre Laclos que “O nosso ridículo cresce na proporção em que dependemos dele”. Serve que nem uma luva a Donal Trump. Pelo ridículo foi eleito, apenas no e pelo uso do ridículo se mantêm no poder e, pelo ridículo certamente cairá.

 

Escreve à sexta-feira