O julgamento das mortes dos dois Comandos, durante o 127.º curso, começa esta quinta-feira no Tribunal Central Criminal de Lisboa. 19 militares estão acusados de 539 crimes que terão decorrido durante o curso onde morreram Dylan da Silva e Hugo Abreu.
Os arguidos começam a ser ouvidos às 10h00, na primeira sessão do julgamento, pelo coletivo de juízes que é presidido por Helena Pinto, que tem como um dos auxiliares um coronel do Exército e José Nisa como representante do Ministério Público.
As famílias de Dylan Silva e Hugo Abreu reclamam dos arguidos o pagamento de uma indemnização no valor de 700 mil euros – 400 mil euros para a família de Dylan da Silva e 300 mil euros para a de Hugo Abreu.
Os dois jovens morreram no decurso da chamada “Prova Zero”, enquanto outros elementos do curso apresentaram lesões graves. A prova decorreu em Alcochete, Setúbal, a 4 de setembro de 2016.
Segundo a acusação do Ministério Público, os 19 militares que foram constituídos arguidos atuaram com “manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocaram” nos ofendidos. "Desde o início da denominada 'Prova Zero', os formandos foram confrontados com comportamentos profundamente violentos dos formadores e só o medo da prática de comportamentos ainda mais violentos que caracterizaram a atuação de todos os formadores, do diretor da prova, do comandante de Companhia e até da equipa sanitária — médico e enfermeiro -, justificou que os formandos tenham permanecido durante a noite do dia 04 de setembro de 2016 no Campo de Tiro de Alcochete", pode ainda ler-se.
A acusação reforça que os arguidos sabiam que “excediam os limites” permitidos quer pela Constituição, quer pelo Estatuto dos Militares das Forças Armadas e, por isso, "colocaram em risco a vida e a saúde dos ofendidos, o que aconteceu logo no primeiro dia de formação".
No banco dos réus estão oito oficiais, oito sargentos e três praças, todos membros do Exército do Regimento de Comandos. O comandante da Companhia de formação do curso de Comandos, o capitão Rui Monteiro, está acusado de 30 crimes, o capitão médico, Miguel Domingues, responsável pela equipa sanitária responde por 29 crimes, enquanto o diretor do 127.º curso dos Comandos, tenente-coronel Mário Maia, está acusado de 26 crimes.