O antigo presidente do PSD e ministro dos Negócios Estrangeiros Rui Machete está preocupado com os resultados eleitorais que o partido possa vir a ter, tanto nas eleições europeias, como nas eleições legislativas. “Evidentemente que é preocupante. Neste momento as dificuldades, em termos de eleições, são muitas para obter um bom resultado. E nós precisamos de obter um bom resultado. Não é só a bem do PSD, é a bem do país”, defendeu Rui Machete numa curta declaração ao i, frisando que não quer alimentar ou contribuir para a agitação interna do seu partido.
O ex-dirigente tem procurado manter-se afastado do clima de guerra interna, mas reconhece, “como qualquer militante”, que o caminho do PSD não é fácil. A direção do partido, liderada por Rui Rio, preparou, entretanto, uma volta ao país junto dos militantes para o presidente social-democrata explicar a sua estratégia e os objetivos para as próximas eleições. A iniciativa arrancou ontem em Vila Nova de Gaia, com a expectativa de Rio falar às bases e responder às perguntas dos militantes.
Apesar da estratégia da direção passar pelo contacto mais próximo de Rio com militantes, a agitação parece não ter chegado ao fim.
André Ventura, autarca do PSD em Loures, garantiu ontem ao i que já tem”mais de três mil subscrições” para o movimento “Chega”, disponível na internet a partir da próxima quinta-feira. O objetivo do movimento é simples: obrigar Rui Rio a mudar a estratégia, vincular as distritais a essa mudança, ou então, retirar o presidente do PSD da liderança. “O documento será enviado para as distritais para que possam perceber que podem assinar documentos de fidelidade a Rui Rio, mas também que as bases, os militantes, os simpatizantes, não querem este modelo de Rui Rio para o PSD”, argumentou André Ventura, assegurando que ainda falta fazer a triagem das subscrições, entre militantes e simpatizantes. O movimento defende três pontos. “Recentrar ideologicamente o partido , que achamos que está perdido, o compromisso da direção nacional de acabar com o guerrilha interna contra os próprio militantes, dirigentes e autarcas, e estabelecer como objetivo para o PSD deixar de ser a muleta de António Costa e definir como meta vencer as eleições”, sintetizou.
Ventura reafirma que está em condições de recolher as assinaturas para um congresso extraordinário se o movimento não for ouvido. Quem já se colocou fora da iniciativa foi o vice-presidente da distrital do PSD/Lisboa, Ângelo Pereira. “Não assinei. Não existem assinaturas a serem recolhidas em Oeiras, não estou envolvido. E não vou assinar”, garantiu o ex-candidato autárquico à câmara de Oeiras, apontado como um dos possíveis aliados de André Ventura da iniciativa.
Manifesto X em outubro
Enquanto André Ventura prepara um movimento para tentar tirar Rui Rio da liderança do PSD, Pedro Duarte, antigo líder da JSD, vai lançar um manifesto- o Manifesto X- para a “ produção de ideias a pensar no futuro do país”. O arranque dos debates está previsto para o próximo dia 5 de outubro em formato tecnológico (via internet), mas ainda existem alguns detalhes por acertar. O objetivo é o de preparar um programa alternativo de governação, além dos ciclos eleitorais. Pedro Duarte já se disponibilizou para concorrer à liderança do PSD, e decidiu juntar nomes da sociedade civil como Nuno Garoupa, reconhecido economista, mas também Francisco Ramos, do movimento de apoio a Rui Moreira, autarca do Porto, para pensar o país.