Os contornos da morte do militar de 23 anos no quartel do Regimento dos Comandos, na serra da Carregueira, em Sintra, são cada vez mais complexos para a investigação, que está a cargo da Polícia Judiciária Militar. Apesar de inicialmente ter sido tornado público – foi, aliás, a versão dada à família da vítima – que Luís Teles estava à civil e que pediu uma G-3 a um colega, fazendo um disparo de seguida, o i sabe que o militar estava de serviço na passada sexta-feira. Quem estava ao comando, ou seja, o oficial de dia era um dos arguidos da investigação à morte de dois jovens no 127.o curso de comandos – que não estará impedido de exercer as suas funções.
Confrontada ontem pelo i, fonte oficial do Exército confirmou que o oficial de serviço é um dos arguidos do caso dos comandos, que remonta a 2016, salvaguardando que “esse facto não tem implicação nenhuma com o serviço nem com o militar”.
Na tarde da passada sexta-feira, no regimento da serra da Carregueira, Luís Teles – que foi um dos que prestara serviço na República Centro-Africana – estava de serviço ao paiol com outros dois militares e a arma usada para o disparo terá sido a sua.
Família levanta suspeitas A versão apresentada à família após a morte do militar, natural da Madeira, levantou algumas suspeitas. Segundo a mãe do jovem e a cunhada explicaram à RTP, a má notícia chegou no próprio dia, perto das 23h30, através de uma psicóloga, um padre e dois militares.
Ambas garantem que os enviados lhes disseram que Luís Teles estava à civil e que pediu a um colega a sua G-3, tendo efetuado de seguida o disparo fatal. Mas a tese não colheu junto das duas mulheres, que questionam mesmo o sentido desse comportamento: “Como é que um militar empresta uma arma sem saber para o que é?”
Mas mais do que o que não lhes faz sentido, a cunhada do comando revelou que, nas últimas férias que passou na Madeira, Luís Teles terá contado a amigos próximos que estava a ser alvo de ameaças de um colega.
A Polícia Judiciária Militar, que já esteve no local a recolher provas e a falar com os militares, está agora a analisar todas estas versões, algumas contraditórias. E sobre tal investigação, o Exército não presta qualquer esclarecimento. “A PJ Militar não responde ao Exército, pelo que não temos nada a dizer sobre isso”, afirmou ontem ao i fonte oficial.
Logo após a morte de Luís Teles, o Exército publicou na sua página na internet um comunicado onde lamenta a morte do militar, sem dar grandes pormenores sobre a forma como a mesma aconteceu.
“É com pesar que o Exército informa que hoje, pelas 19h42, faleceu no Regimento de Comandos, um militar Comando decorrente de um ferimento causado pelo disparo de uma arma de fogo”, referia a nota, acrescentando que “foram acionados os procedimentos de emergência médica e as autoridades competentes para averiguar o ocorrido”.
A concluir reafirmava-se que “o Exército lamenta o falecimento do militar estando a acompanhar a situação” e que a família já tinha sido “informada do trágico acontecimento, tendo sido acionado o apoio psicológico”.