PSD. Rio vai pôr em tribunal mais um candidato do partido

PSD. Rio vai pôr em tribunal mais um candidato do partido


Agora é a vez de Ângelo Pereira, que concorreu à Câmara de Oeiras e se diz vítima de “perseguição política” por ter apoiado Santana Lopes


Há mais candidatos do PSD às últimas autárquicas processados pela direção do partido por terem derrapado nas contas da campanha. Depois de Marco Baptista, que concorreu à Câmara da Covilhã, agora é a vez de Ângelo Pereira, que foi candidato à autarquia de Oeiras e que, segundo apurou o i, vai ser alvo de uma ação que deverá dar entrada no tribunal nos próximos dias.

Entretanto, hoje, pelas 14 horas, Ângelo Pereira reúne-se com o secretário-geral do PSD, José Silvano, para “ser informado sobre o que está acontecer”. “Soube que havia um problema pelo meu mandatário financeiro, que recebeu um email [da sede nacional] em tom ameaçador”, conta Ângelo Pereira, que nega ter ultrapassado os montantes autorizados pela direção do partido durante a campanha para as autárquicas de 2017 e se diz vítima de “perseguição política” por ter apoiado Santana Lopes para a liderança do PSD.

“Cumpri escrupulosamente a lei e todos os limites legais e até fiquei abaixo do que estava autorizado. Além disso, as contas foram entregues no Tribunal Constitucional, sempre da lei”, assegura o ex-candidato e atual vereador na Câmara de Oeiras – que, nas eleições, não foi além do quarto lugar, com 8,77%. Ângelo Pereira ressalva que foi candidato “a uma câmara difícil” e “disputada por nomes de peso”, e “muitos dirigentes do PSD não estiveram disponíveis para se candidatar e assumir esse risco”. Por isso, o atual vereador, que é também vice-presidente da distrital do PSD de Lisboa, diz que não quer “nem imaginar que possa vir mesmo a ser processado”.

E acrescenta que só encontra uma explicação para a decisão da direção do PSD. “É uma questão política, por não ter estado com ele [Rui Rio] e ter apoiado Santana Lopes na corrida à liderança do partido”, garante Ângelo Pereira, que se queixa ainda de ter “andado a pagar as dívidas” dos dois anteriores candidatos do PSD a Oeiras, Francisco Moita Flores (2013) e Isabel Meirelles (2009). “A seguir à campanha de 2017, cativaram–me verbas para resolver esses problemas, porque são questões que têm de se ir resolvendo dentro do partido, e não desta maneira”, diz, acrescentando: “Eu não entendo. A direção nacional do PSD deveria estar focada em fazer oposição ao governo e está preocupada é em perseguir militantes do próprio partido.”

No entanto, apesar das divergências, Ângelo Pereira garante que não sairá do partido. “Sinto que é o que alguns dirigentes pretendem, mas sou vereador e trabalho todos os dias para os munícipes e para o partido, e assim continuarei”, assegura.

Ontem, o i questionou o PSD sobre o processo do ex-candidato a Oeiras, mas não obteve qualquer resposta. Entretanto, o jornal “Observador” adiantou que Ângelo Pereira terá uma dívida de 100 mil euros por pagar – isto porque o orçamento previsto para a campanha às autárquicas era de 67,6 mil euros e os gastos finais totalizaram mais de 200 mil. Segundo o mesmo jornal, o ex-candidato do PSD a Oeiras gastou mesmo cerca de 2 mil euros em preservativos que foram oferecidos como brindes. E uma das contas do PSD nacional chegou a estar penhorada por um credor de Oeiras – algo que terá enfurecido Rui Rio.

Ângelo Pereira vai ser, assim, o segundo candidato do PSD em tribunal, depois de Marco Baptista, o escolhido do partido para concorrer à Câmara da Covilhã, já ter sido alvo de uma ação em que a direção nacional do PSD reclama 87 mil euros de gastos excessivos.