Chegou o dia D para o Benfica. Esta noite fica decidido o futuro dos encarnados na Europa do futebol em 2018/19: ou Liga dos Campeões – e cofres recheados –, ou Liga Europa… e os bolsos bem mais vazios. Além da óbvia contestação a treinador e jogadores e do aumento de exigência em relação às restantes competições: na Liga dos Campeões, é aceitável lutar apenas pelo melhor desempenho possível (o que significa normalmente superar a fase de grupos); na Liga Europa, e principalmente depois das últimas participações (o Benfica chegou às meias-finais em 2010/11 e à final em 2012/13 e 2013/14, nas últimas vezes em que esteve presente na prova), já não se aceita menos que a promessa de lutar pela conquista do troféu.
Nestas coisas, já se sabe, o passado vale o que vale – não são certamente os jogadores da década de 90 ou da primeira de 2000 que irão hoje lutar pela qualificação em Salónica, perante os gregos do PAOK. Ainda assim, verificar a história é sempre um exercício interessante, e no caso o Benfica pode apoiar-se em dois registos diferentes para entrar com confiança no lotado Estádio Toumba: o dos confrontos anteriores com o próprio PAOK e também o das presenças passadas nesta fase específica da competição, imediatamente anterior à tão cobiçada fase de grupos.
Da Grécia, só sorrisos Em Salónica, o Benfica venceu sempre – que na verdade foram as duas únicas vezes em que lá jogou. A primeira visita dos encarnados ao reduto do conjunto grego teve lugar a 21 de outubro de 1999, na segunda ronda da então denominada Taça UEFA, e o herói das águias até foi um nome bastante improvável: o central brasileiro Ronaldo, que assistiu de calcanhar para o golo de Nuno Gomes aos 67 minutos e fez ele próprio o 1-2 final aos 89’.
Na Luz, na segunda mão, o PAOK conseguiria vencer pelo mesmo resultado, com Kandaurov a abrir a contagem para o Benfica aos 25’ e um rapaz egípcio chamado Sabry a fechar o marcador para os gregos – dois meses depois, o mesmo Sabru e o trinco grego Machairidis regressariam à Luz, agora para atuar pelo Benfica. As águias acabaram por ser mais felizes no desempate por grandes penalidades, apurando-se para a terceira ronda… onde viria a acontecer o desastre de Vigo (7-0, ainda hoje a maior derrota europeia da história encarnada).
Mais recentemente, em 2013/14, nos 16-avos-de-final da Liga Europa, o Benfica foi à Grécia vencer por 1-0, com um golo de Lima aos 59’. Na Luz, um triunfo claro por 3-0, com o ex-benfiquista Katsouranis a ser expulso e Gaitán a marcar um golo mágico de livre direto (70’), antes de Lima (78’, de penálti) e Markovic (79’) fecharem as contas.
Em ambos os casos, o Benfica passou por dificuldades mas conseguiu o apuramento vencendo sempre na Grécia. Desta feita, depois do 1-1 concedido em Lisboa, com o golo de Warda (o tal egípcio que esteve três dias no Feirense, sendo dispensado por abordar as esposas de dois colegas) a anular o penálti de Pizzi e o festival de ocasiões desperdiçadas das águias, pede-se igual desfecho ou, no limite, um empate com vários golos, que também valeria o apuramento às águias.
Há 12 anos a festejar apuramentos O conceito do playoff não é assim tão antigo. Surgiu com o novo formato da Liga dos Campeões, adotado em 92/93, e foi pela primeira vez experienciado por um clube português em 97/98, com o Sporting a superiorizar-se ao Beitar de Jerusalém. Curiosamente, seria esse mesmo o adversário do Benfica uma época depois, com os encarnados, então orientados por Graeme Souness, a golear por 6-0 na Luz e a dar-se até ao luxo de perder por 4-2 em Israel.
As duas presenças seguintes do Benfica nesta fase de “mata-mata” não foram tão risonhas: em 2003/04, com José Antonio Camacho ao leme, foi eliminado pela Lazio, de Itália, com os belgas do Anderlecht a assumir o papel do capataz na temporada seguinte, já com Giovanni Trapattoni ao comando das águias. A sorte voltaria a mudar desde então: em 2006/07 e 2007/08, com Fernando Santos (e Camacho na segunda mão de 2007/08, após a demissão do atual selecionador português no início da temporada), o Benfica deixou para trás Áustria de Viena e Copenhaga e marcou presença na fase de grupos da Liga dos Campeões – seria depois sempre eliminado como terceiro classificado.
Por fim, a melhor performance: em 2011/12, onde teve até, pela primeira vez, de realizar duas eliminatórias, eliminou os turcos do Trabzonspor e superiorizou-se também aos holandeses do Twente – em dois jogos onde um tal de Ola John deu nas vistas de tal modo que chegaria à Luz na época seguinte. Essa caminhada europeia do Benfica na Liga dos Campeões terminaria apenas nos quartos-de-final, aos pés do Chelsea… que acabaria por vencer a prova.