O discurso foi feito em Marselha, mas as principais críticas foram para Mário Centeno e para o PS. Catarina Martins, que participou este domingo na Universidade de Verão do partido França Insubmissa, liderado por Jean-Luc Mélenchon, criticou “o Partido Socialista em Portugal” por se manter “alinhado com a ortodoxia neoliberal europeia”.
A coordenadora do BE foi falar do “acordo inédito” entre os partidos de esquerda. “Acabaram os cortes nos salários e pensões, o salário mínimo nacional cresceu 5% ao ano, repuseram-se apoios sociais, travaram-se privatizações”. Apesar disso, Catarina Martins considera que “são cada vez mais os que sentem que não bastam pequenos passos” e é preciso ter “coragem” para ir mais longe. “Gostava de vos dizer que são tudo boas notícias. Não é assim. Provámos que ficamos melhor quando temos a coragem da insubmissão. Mas o caminho é tímido demais e as injustiças enormes”, disse.
Mário Centeno também não escapou às críticas da líder do Bloco de Esquerda. Foram vários os dirigentes bloquistas a atacar Centeno por causa do vídeo sobre a Grécia. Para Catarina Martins, o ministro das Finanças “parece recusar aprender com as lições da Grécia como com as de Portugal”.
O discurso da coordenadora do BE surgiu um dia depois de António Costa ter apelado ao rigor orçamental. Na festa de Verão do PS, em Caminha, o secretário-geral não ignorou as negociações do Orçamento do Estado para o próximo ano e insistiu na ideia de que é preciso estabilidade e rigor nas contas públicas para não ameaçar os resultados alcançados pela geringonça. “E, para não estragar, não podemos pôr em causa nem a estabilidade política que esta solução de parceria tem permitido, nem ter uma gestão orçamental irresponsável que faça derrapar o défice e aumentar a dívida”, afirmou. Costa voltou também a garantir que o governo socialista não vai “pôr em causa o que já conquistámos, ou vamos sacrificar o rigor orçamental em nome de votos”. Não deixou, no entanto, de apelar ao voto no PS, porque “para que se possa fazer ainda melhor é importante dar força aos socialistas”.
Regresso dos emigrantes O líder socialista garantiu que uma das prioridades do próximo orçamento será uma aposta forte no regresso dos emigrantes. “Uma das principais prioridades do Orçamento do Estado para 2019 vai ser adotar um programa que fomente o regresso dos jovens que partiram sem vontade de partir e que têm de dispor da liberdade de poderem voltar a viver entre nós”. O governo está a preparar um pacote de medidas que passam por um desconto de 50% no IRS e deduções na despesas com viagens e habitação.
Ao i, Paulo Pisco, coordenador do PS na Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, garante que o desejo de muitos emigrantes é regressar e “a única coisa que querem é que sejam criadas condições mais favoráveis para que isso possa acontecer”.
Paulo Pisco apresentou uma moção no último congresso do PS a defender apoios aos emigrantes. O socialista considera que o governo deve criar condições para que isso aconteça por “uma questão de natureza moral”, mas sobretudo porque “o país tem necessidade de ter o contributo das pessoas que viveram fora”.
Outra das novidades dada por António Costa na festa de Verão do PS é que a lista dos socialistas às eleições europeias vai ter o mesmo número de homens e mulheres. “É nosso dever ir à frente daquilo que a própria lei vai tornar obrigatório. E é por isso que espero que o Partido Socialista aprove a minha proposta para que a próxima lista ao Parlamento Europeu seja uma lista paritária de 50/50”, disse o secretário-geral do PS, num almoço com cerca de 200 mulheres socialistas.