Inundações matam mais de 370 e deixam 800 mil sem casa em Kerala

Inundações matam mais de 370 e deixam 800 mil sem casa em Kerala


As piores chuvas do século no estado do Sul da Índia começaram ontem a dar tréguas. Cerca de 800 mil pessoas estão albergadas em campos


Nos próximos quatro ou cinco dias as chuvas deverão diminuir de intensidade em Kerala, o estado do sul da Índia atingido pelas piores chuvas em quase um século. Com o aliviar do estado do tempo, as equipas de resgate e salvamento contam poder chegar a milhares de pessoas ainda encurraladas pela subida das águas que já matou mais de 370 pessoas desde o princípio das monções  em maio, a maioria delas nos últimos 11 dias (239, de acordo com os números oficiais).
Segundo dados do exército indiano, 23 213 pessoas foram resgatadas pelas equipas de salvamento nos últimos dias, mas as autoridades já têm albergadas em 4000 campos de deslocados cerca de 800 mil pessoas que perderam tudo.
Kerala é um estado habituado às chuvas torrenciais nesta época do ano, mas as atuais têm sido particularmente fortes, ultrapassando na semana passada mais de 250% do habitual para esta altura. “É costume caírem chuvas fortes em Kerala, mas não com esta continuidade”, explicou o especialista em alterações climáticas S. S. Pai, do Instituto Meteorológico Indiano, citado pelo First Post.
As barragens atingiram níveis críticos, obrigando à abertura das comportas por motivos de segurança. Das 39 barragens do estado, as autoridades abriram as comportas de 35. Para não falar de mais duas dezenas de barragens de estados vizinhos  que também tiveram de se libertar da água, contribuindo para aumentar o balanço mortal destas chuvas. Há muitos especialistas que dizem que os responsáveis das barragens esperaram até muito tarde para libertar o excesso de água, o que resultou num impacto maior do que se tivesse sido feito de maneira controlada.
Só quando as águas baixarem se poderá avaliar os danos causados pela água, quer em termos de vítimas a lamentar, quer em termos de infraestruturas destruídas. O chefe do governo local, Pinarayi Vijayan, no entanto, refere que cerca de 20 mil casas foram destruídas, bem como 40 mil hectares de terrenos cultivados e pelo menos 8300 quilómetros de estradas do estado vão precisar de reparações. Um dos maiores aeroportos do estado, na cidade de Kochi, está encerrado e assim permanecerá pelo menos até ao dia 26.
Cerca de duas dezenas de helicópteros e centenas de barcos estavam ontem ocupados a levar víveres às populações isoladas, ao mesmo tempo que dois comboios com 1,5 milhões de litros de água potável partiram dos estados vizinhos de Madhya Pradesh e Maharastra.
O primeiro-ministro, Narendra Modi, sobrevoou as zonas mais atingidas no sábado e prometeu uma ajuda de emergência num valor superior a 60 milhões de euros. Mesmo assim, as autoridades locais continuam a pedir um auxílio superior, tendo em conta que os primeiros cálculos apontam para danos no valor de mais de 2,6 mil milhões de euros.
Para haver registos de umas cheias desta dimensão no estado de Kerala é preciso recuar até 1924, altura em que mais de um milhar de pessoas morreu pelas inundações. Se a chuva caída esta época ainda não supera a registada nessa altura, a verdade é que as chuvas que caíram até agora superam em 30% a média anual. E estamos longe do fim da época de monções, no final de novembro.
Kerala é o estado mais atingido pelas chuvas desta época, mas não é o único. As inundações já cobraram a vida de mais mil pessoas em sete estados da Índia desde o princípio das monções.