Em todas as edições do Vodafone Paredes de Coura, os nomes portugueses têm um lugar de destaque. Este ano não foi exceção – os Fugly deram as honras da casa no segundo dia do festival, no palco Vodafone.
De calções de banho, provavelmente acabadinhos de sair do rio, os jovens do Porto atuaram pela primeira vez no festival e disseram estar muito orgulhosos e felizes com este marco na sua carreira: “este é um sonho tornado realidade”. A banda apresentou o mais recente álbum, ‘Millennial Shit’, e passou por temas como ‘Rooftop’, ‘Hit a Wall’ e ‘Take You Home Tonight’, que puseram toda a gente a saltar e a dançar – dos fãs fiéis que sabem todas as músicas de trás para a frente, aos curiosos que por ali passavam e gostaram do que ouviram.
O dia continuou no palco principal com a banda londrina Shame, que mal pisou o a Arena Natural de Paredes de Coura fez justiça ao punk: “seguranças, deixem o público fazer moche e ‘crowdsurfing’; nós autorizamos, é o nosso concerto”. Sempre em estado de euforia e uma certa fúria, o vocalista Chalie Steen estava mais que radiante naquele palco, cantando melodias como ‘Dust on Trial’ e ‘Concrete’. Foi o arranque perfeito para este final de tarde.
Mas o sol pôs-se quando se servia o pequeno-almoço. Este segundo dia ficou marcado pela estreia da banda norte-americana Japanese Breakfast. Depois dos sons mais agressivos que por ali se tinham ouvido, com os Fugly, e se estavam ainda fazer ouvir, no outro palco, com os Shame, os Japanese Breakfast trouxeram o indie pop ao Paredes de Coura. Michelle Zauner podia só saber dizer três coisas em português – obrigado, boa tarde e batatas –, mas não impediu a vocalista de ser entendida pelo público, com as letras doces de ‘Everybody Wants to Love You’ e ‘Till Death’. A química entre os membros da banda era inigualável: mostraram-se sempre brincalhões uns com os outros e a vocalista saltitava sorridente, como uma criança na manhã de Natal a abrir os presentes, sempre elogiando o público português, que se rendeu aos encantos das doces e calmas melodias. O final perfeito veio com o cover dos The Cranberries, ‘Dreams’.
A partir daí, a festa continuou com a típica ode ao rock’n’roll de The Legendary Tigerman. Depois deste, vieram os Fleet Foxes, a banda indie folk de Seattle – nem as músicas mais conhecidas como ‘White Winter Hymnal’ e ‘Helplessness Blues’ conseguiram agarrar o público, com muitos festivaleiros a aproveitarem para descansar… Se calhar, foi o melhor que fizeram: mal sabiam da energia que iam precisar para os Jungle.
Para quem pensava que estava no meio da floresta, de repente viu-se envolto nos ritmos da ‘selva’. Jungle eram um dos nomes mais esperados da noite e ninguém saiu de lá desiludido. A banda britânica deu uma atuação brilhante e o Paredes de Coura tornou-se uma pista de dança. Foi o balanço perfeito entre o álbum homónimo de 2014 e aquele que ainda aí vem, com a revelação de alguns singles. ‘The Heat’ foi a música perfeita para aquecer a noite fria na Praia Fluvial do Taboão, ‘Busy Earnin’ conseguiu gerar uma onda de histerismo e o tema ‘Time’ terminou uma atuação em que não se viu ninguém parar de dançar. As perfeitas harmonias são de louvar e a dedicação ao público também: é preciso saber-se o que faz para agarrar toda a gente desde o primeiro minuto.
Depois deste concerto, mostrou-se respeito à rainha do Soul Aretha Franklin, com o clássico ‘Respect’, no Festival Vodafone Paredes de Coura. “Façam barulho e deixem as vossas vozes ouvirem-se” foi a forma dos Jungle homenagearem a figura emblemática que ontem todos nós perdemos.
Editado por Joana Marques Alves