Durante esta semana caiu a máscara à extrema-esquerda portuguesa. O bloquista Ricardo Robles, ativista profissional contra a especulação imobiliária e a suposta gentrificação provocada pelo turismo, afinal é, na verdade, um capitalista com imóveis no valor de vários milhões, especulador e potenciador do tão atacado pela esquerda (e por ele próprio) alojamento local.
O BE respondeu com o seu habitual coro de esganiçadas a gritar que seriam fake news. Mas, afinal, era tudo verdade e o vereador do Bloco acabou mesmo por se demitir e pôr fim à sua curta carreira política. Perdeu-se um político populista, mas ganhou-se um bom capitalista – como sabem, prefiro os segundos aos primeiros, por isso, por mim, tudo bem.
Mas o mais curioso foi ficar a saber, nesta mesma semana, que a própria líder do Bloco de Esquerda é, afinal, uma investidora imobiliária no setor do turismo. Ao que consta nos jornais (e ninguém o desmentiu), a capitalista Catarina detém 4 empreendimentos turísticos e um alojamento local no Sabugal – investimento este para o qual a eurocética Catarina recebeu um subsídio de mais de cem mil euros, por parte da, pasmem-se, União Europeia.
Pela primeira vez, o escudo moralista do Bloco de Esquerda caiu por terra. Afinal, o BE é também um partido do sistema, constituído por políticos que tentam enriquecer de todas as formas possíveis, mesmo que para isso tenham de violar todos os princípios que tão habilmente defendem diariamente em frente das câmaras de televisão.
Mas o mais curioso no meio desta história toda foi ver a diferença de critérios dos comentadores, principalmente daqueles que se dizem de direita, no que diz respeito ao caso Robles e no que diz respeito ao caso Catarina Martins. No primeiro caso, encurralados pela opinião pública, não conseguiram defender o seu amigo e acabaram por apunhalá-lo. Já no caso de Catarina Martins apressaram-se a vir defendê-la e a dizer que até estava a contribuir para o desenvolvimento do Sabugal.
Pois é, caro leitor, pode não saber, mas a maioria dos comentadores de direita em Portugal são pessoas que convivem, privam, almoçam e jantam com os políticos e comentadores de esquerda. Numa sociedade onde a suposta elite é dominada pela esquerda, é muito pouco provável que um comentador ou jornalista (mesmo de direita) consiga afirmar-se sem partilhar com esta malta uns croquetes no Gambrinus, uns bifes de molho verde na Trattoria, um sushi na Bica do Sapato ou um copo no Lux.
Todos aqueles que privam com os dirigentes do Bloco de Esquerda estão fartos de saber que eles têm grandes carros de luxo, conduzem motos de alta cilindrada, jantam e almoçam nos melhores e mais caros restaurantes de Lisboa, vivem em zonas apenas acessíveis a uma pequena elite endinheirada, em muitos casos têm empresas e até põem os filhos a estudar em colégios privados. Acontece que até hoje, por medo, nenhum comentador tinha referido o assunto e nenhum jornalista tinha tido a coragem de pegar neste tema.
Espero sinceramente que os eleitores tenham aberto os olhos e que os jornalistas tenham finalmente ganho a coragem de denunciar aqueles que se dizem marxistas, mas vivem uma vida ostensiva e absolutamente capitalista. Venham mais reportagens como estas. A democracia agradece.
Publicitário