A partir de setembro, comboios, barcos e autocarros vão ser palco de campanhas de promoção de saúde pública do Ministério da Saúde. Os protocolos entre a Direção-Geral de Saúde (DGS) e nove empresas de transporte coletivo de passageiros são assinados hoje, numa cerimónia que terá lugar no Museu da Carris, em Lisboa, e que vai contar com a presença do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, e do subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz.
A medida foi avançada ao i por fonte oficial do Ministério da Saúde. Contactado ontem, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde esclareceu que “as empresas são Carris, Fertagus, Metropolitano de Lisboa, STCP, Transtejo, Vimeca, Metro do Porto, Rodoviária de Lisboa e TST”.
Segundo Fernando Araújo, em média, por dia, “o conjunto destas nove empresas públicas transporta 1,5 milhões de pessoas, que utilizam mais de 25 mil ligações em mais de 2200 veículos, entre autocarros, barcos, comboios, elétricos e metros, ou seja, quer por terra quer por mar”. O secretário de Estado Adjunto e da Saúde lembra que, o número de 1,5 milhões diz respeito às entradas nos transportes – muitas pessoas entram mais do que uma vez nos mesmos transportes, por exemplo, para ir para o trabalho e para regressar a casa. Além disso, simultaneamente, muitos usam mais do que um transporte. Para o governante, “esses dois cenários são muito favoráveis, porque as pessoas acabam por ver a mensagem de forma repetida”.
As campanhas vão ser comunicadas tanto em suporte online, nos sites das empresas de transporte, como em suporte físico, nos locais. De que forma? “Vai variar de empresa para empresa. Algumas têm suportes adjudicados a empresas privadas, e nesse caso não podemos interferir, mas a ideia base é ser dentro dos transportes e nas estações, utilizando todos os espaços possíveis. Assim, diferenciamos os suportes usados de empresa para empresa”, esclarece Araújo.
Como adianta ao i, a primeira campanha já tem data alinhavada: tudo aponta para que comece a circular em setembro. Esta campanha já está a ser preparada – é sobre a importância da atividade física – e vai estar “nos transportes coletivos, até porque se calhar é a que tem uma mensagem – ‘andar no transporte coletivo faz bem à saúde’ – mais associada ao objeto em si [aos transportes]”, mas também em quatro estações televisivas com as quais o ministério celebrou igualmente protocolos este ano – RTP, SIC, TVI e Porto Canal.
Os protocolos hoje assinados são anuais e renováveis. Quanto às campanhas, serão duas por ano, com uma duração mínima de uma semana cada. A ideia é que sejam “impactantes nas pessoas”.
Mais do que impactar os cidadãos que escolhem os transportes públicos para se deslocar, nos protocolos as empresas comprometem-se ainda a promover, junto dos funcionários, a adoção de hábitos alimentares saudáveis, bem como a importância da prática de atividade física e os efeitos nocivos do consumo de tabaco.
Estratégia integrada
Os protocolos hoje assinados entre a Direção-Geral da Saúde e as nove empresas de transportes públicos decorrem, como explica Fernando Araújo, da Estratégia Integrada Para a Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS).
“Temos tentado fazer um projeto para que a informação chegue às pessoas”, afirma o governante. Este não é, aliás, o primeiro protocolo firmado pela DGS. Além do acordo feito com as quatro estações televisivas – que consiste na emissão de spots, de forma gratuita, de duas ou três campanhas por ano –, cujo primeiro spot já foi emitido e debruçou-se sobre a escolha de alimentos, a tutela celebrou um protocolo com os cinemas NÓS, que se comprometeram a passar campanhas antes de os filmes começarem. “Com os cinemas fizemos a campanha do tabaco, muito falada por diferentes razões. Passou em 30 mil sessões e chegou a quase 600 mil espetadores de um público alvo muito específico”, acrescenta ao i.
Com as campanhas nos transportes, a tutela espera agora chegar a um público muito mais abrangente “e de segmentos diferentes”. A mensagem, reitera o secretário de Estado, é “ajudar as pessoas a pensarem, a terem comportamentos adequados e a fazerem boas escolhas”.
Segundo Fernando Araújo, nesta temática “não chega apenas o trabalho desenvolvido pelo Ministério da Educação para chegar às crianças”: “É preciso também que consigamos captar a atenção da população adulta, de uma forma que não seja nem cinzenta, nem sempre igual, nem limitada ou aborrecida”.