O presidente francês, Emmanuel Macron, está a ser acusado de ter encoberto o agente do seu dispositivo de segurança, Alexandre Benalla, que agrediu violentamente uma manifestante na manifestação do 1º de maio, em Paris.
O Palácio do Eliseu, residência oficial do chefe de Estado francês e onde este se reune com os seus ministros, afastou Benalla na manhã desta sexta-feira, depois de o jornal "Le Monde" ter divulgado um vídeo onde se vê o segurança a agredir a manifestante. O segurança não está integrado na polícia francesa, mas não obstante é visto a usar um capacete com visor anti-motim.
Neste sentido, todos os seus atos não podem ser considerados como um agente de autoridade a tentar manter a ordem pública, mas como um cidadão a agredir outro. Além da agressão, o segurança está a cometer outros crimes ao usar material policial e uma braçadeira a identificar-se como polícia.
Os polícias da unidade anti-motim que aparecem na gravação não se mostram preocupados com o comportamento violento do segurança, continuando a tentar controlar a multidão de manifestantes.
O porta-voz do Eliseu justificou o afastamento do segurança por novos pormenores terem sido conhecidos na noite em que o "Le Monde" divulgou o vídeo, nomeadamente de que se terá concertado com altos oficiais da polícia para roubar as gravações da agressão. Em consequência, três polícias, incluindo dois quadros superiores, foram suspensos de funções, com o ministro do Interior, Gérard Collomb, a a condenar as suas ações.
No entanto, e apesar das declarações oficiais, soube-se mais tarde que o Eliseu soube das agressões a 2 de maio, nada tendo feito para as denunciar às autoridades competentes. Ao invés, o Eliseu suspendeu o segurança por 15 dias, ainda que este tenha sido transferido para tarefas administrativas, e, há dez dias, atrás deu-lhe um apartamento nos alojamentos especiais do palácio, num dos distritos mais caros da capital parisiense.
O governo de Macron enfrenta a sua maior crise desde que tomou posse, com os partidos à sua esquerda e direita a acusá-lo de encobrimento. Os socialistas estão inclusive a exigir a demissão do ministro do Interior. O movimento França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon já ameaçou apresentar uma moção de censura no parlamento, mas as suas hipóteses de sucesso são quase nulas por os partidários de Macron terem a maioria absoluta no órgão legislativo.