A banda russa Pussy Riot aproveitou a final do Mundial 2018, este domingo, no estádio Luzhniki em Moscovo, para protestar contra o sistema prisional e as políticas na Rússia. Quatro homens e mulheres invadiram o campo, vestidos de polícias, na segunda parte do jogo.
A assistir a esta partida, entre a França e a Croácia, estava, não só o principal visado do protesto, Vladimir Putin, mas também os líderes franceses e croatas, Emmanuel Macron e Kolinda Grabar-Kitarović. O grupo de ativistas aproveitou o momento para cumprimentar alguns jogadores, entre os quais Mbappé, antes de serem detidos pelas autoridades.
Pouco tempo depois desta invasão, as Pussy Riot assumiram a responsabilidade nas redes sociais, num comunicado onde exigiam que “todos os presos políticos” fossem “libertados” e que o governo russo parasse com as “detenções ilegais em manifestações” e não prendessem as pessoas “por causa de ‘gostos’”. O grupo pedia ainda que fosse permitida “competição política”, que não fossem “fabricadas acusações que mantivessem as pessoas na cadeia sem razão” e “transformem o polícia terrestre num polícia celestial”.
A banda viu em Dmitry Prigov uma inspiração: “hoje [domingo] faz 11 anos da morte do grande poeta russo Dmitry Prigov. Prigov criou a imagem de um agente da polícia, um portador celestial da condição da nação na cultura russa”. A comparação entre o polícia celestial que, “de acordo com Prigov, fala bidirecionalmente com o próprio Deus”, “gentilmente toca numa flor num campo e aproveita as vitórias da equipa de futebol russa” e “enaltece-se como um exemplo da condição da nação” e o polícia terrestre que “prepara-se para dispersar manifestações”, “sente-se indiferente à greve de fome de Oleg Sentsov” e “magoa toda a gente”, foi a forma que as Pussy Riot utilizaram para criticar as atitudes de Putin, a quem chamam polícia terrestre. Para além disso, “o polícia celestial protege o sono dos bebés, o polícia terrestre faz presos políticos e prende-os por fazerem gostos e partilhas [nas redes sociais] ”
Esta segunda-feira a banda fez um balanço sobre o estado dos membros detidos: “os quatro membros da Pussy Riot passaram a noite inteira detidos” – num ambiente que dizem “não ter condições” – e “vão ser hoje ouvidos em tribunal” por “delinquência”. No entanto, não há informação do local da audiência e a polícia não permite que os quatro ativistas possam falar com um advogado, o que “é ilegal”.
As Pussy Riot tem protestado contra Putin desde 2011, tendo sido presos vários membros. Em 2012, dois membros da banda atuaram em frente de Vladimir Putin, criticando-o, o que fez com que fossem presas durante dois anos. As criticas da banda não se ficam pela Rússia e chegam até a Donald Trump, por exemplo.
As Pussy Riot atuam no dia 17 de agosto, em Portugal, no Festival Vodafone Paredes de Coura.
NEWS FLASH! Just a few minutes ago four Pussy Riot members performed in the FIFA World Cup final match — ”Policeman enters the Game”https://t.co/3jUi5rC8hh pic.twitter.com/W8Up9TTKMA
— 𝖕𝖚𝖘𝖘𝖞 𝖗𝖎𝖔𝖙 (@pussyrrriot) 15 de julho de 2018
THIS. ALL THIS 🙌 pic.twitter.com/tOtCx39owk
— Men in Blazers (@MenInBlazers) 15 de julho de 2018
Updates on The Football Field Action and fates of our activists.
The most worrying one is a possibility of a criminal case that's been reported by the police. https://t.co/sWgGWIX6qj
— 𝖕𝖚𝖘𝖘𝖞 𝖗𝖎𝖔𝖙 (@pussyrrriot) 16 de julho de 2018