Paulo Ferreira. “Jogar em dois anos uma final do Euro e umas meias do Mundial foi fantástico!”

Paulo Ferreira. “Jogar em dois anos uma final do Euro e umas meias do Mundial foi fantástico!”


O antigo lateral direito da seleção nacional também estranhou a eliminação de Portugal na Rússia. Mas vê o futuro da equipa e dos seus jovens com muito bons olhos. “Talvez tenha acabado um ciclo…”


Instalado em Londres, onde assume papel junto da equipa técnica do Chelsea, Paulo Ferreira foi um daqueles que estiveram presentes na grande aventura do Mundial 2006, o último em que Portugal conseguiu atingir os quatro primeiros lugares da classificação. Também ele estranhou o facto de a seleção campeã da Europa ter regressado tão cedo a Lisboa. Para já, é embaixador do clube de Londres. Afinal, ele sozinho tem mais Taças dos Campeões ganhas do que o próprio Chelsea. Motivo mais do que suficiente para ter o lugar de destaque que merece.

Surpreendeu-te esta eliminação precoce de Portugal?

Sim, fiquei um pouco surpreendido. Acreditava que iríamos ganhar ao Uruguai e passar aos quartos. Mesmo sabendo que não iria ser fácil, pois pela frente estava também uma excelente seleção com dois dos melhores avançados do mundo (Cavani e Suárez), que a qualquer momento poderiam decidir o jogo. O que, infelizmente para nós, acabaria por acontecer. Mesmo assim, há que dar os parabéns à nossa seleção pela atitude e entrega nesse encontro. Lutaram até ao fim.

Foste internacional muitos anos. Qual a melhor seleção que conheceste?

É difícil! Com todo o respeito e carinho que tenho por todos aqueles com quem convivi nos anos que tive de seleção, penso que as de 2004 e 2006 foram aquelas mais marcaram, pois chegámos a uma final do campeonato da Europa e a uma meia-final do campeonato do mundo. Será difícil fazer melhor em dois anos.

Achas que esta eliminação marca o fim de um ciclo?

Poderá ser, sim, atendendo à idade de alguns jogadores, que vão ter mais dois anos no próximo campeonato da Europa e mais quatro anos no Campeonato do Mundo do Qatar. Pela lei da vida, terminarão as suas carreiras entretanto. É natural. Todos passámos por isso.

Falta talento à seleção?

Penso que não. Somos um país pequeno, mas continuamos a ter jogadores com muita qualidade e que vão surgindo regularmente. Estamos sempre a produzir jovens que chegarão à seleção nacional mais cedo ou mais tarde. E bons.

Qual foi o melhor momento que viveste na seleção?

O Euro 2004. Por todo o trajeto até à final, mesmo não tendo começado bem. O acreditar do país inteiro connosco. As bandeiras nas janelas foi algo muito, muito bonito que nos marcou fundo e ficará para sempre nas nossas memórias. Ainda que, infelizmente, tivéssemos perdido a final para a Grécia numa derrota muito, muito dolorosa.

O que fazia a diferença nesse grupo que eleges e que participou no Euro 2004 e no Mundial 2006?

A qualidade, a confiança e um grande espírito de grupo. Nesse aspeto, a nossa força era impressionante. E os adeptos perceberam o que se estava a passar, adotando a nossa confiança e o nosso espírito.

Que falta a esta equipa de Portugal, na tua opinião? Mesmo sendo campeã da Europa, claro está.

Sinceramente, sinto que faltou um pouco de sorte em alguns momentos. Especialmente no jogo contra o Uruguai, no qual também tivemos oportunidades para marcar e não conseguimos. Esse bocadinho de sorte que nos fugiu, se estivesse do nosso lado, seguiríamos em frente na competição.

Como vês o futuro desta seleção nacional?

Olha, vejo com bons olhos. Infelizmente, o Mundial não correu como queríamos, mas acredito que vamos continuar fortes. É preciso perceber que existe um projeto, que vem aí uma renovação do grupo inevitável, e temos de continuar a acreditar nas pessoas.

Como está a tua vida? Que projetos tens em mãos?

De momento estou bem! Continuo ligado ao Chelsea, faço o acompanhamento dos jogadores emprestados e também sou um dos embaixadores do clube. Estou ainda a tirar o curso de treinador na UEFA, algo que me interessa acabar para poder abrir novas perspetivas.

Tens saudades da seleção? Gostarias de ter estado aqui, na Rússia, fazendo parte da equipa?

Saudades, temos sempre. E gostaria muito de ter estado na Rússia, trabalhando para a seleção do meu país, algo que sempre me encheu de orgulho. Mas de momento estou bem. E vou ficando por Londres. E bem!